Lars von Trier dirigiu "Anticristo", um filme que
começa com uma sequência em preto-e-branco de sexo explícito e culmina com duas
cenas vívidas de mutilação genital.
Intrinsecamente mau ou tragicamente mal interpretado? Se
isso lhe parece um tema fecundo de discussão, então você pode querer ver o
filme.
O Sr. von Trier disse que fazer o filme ajudou a superar uma
depressão incapacitante. Fico feliz que ele se sente melhor. Ele não perdeu
nada do sensacionalismo. O escândalo do "Anticristo" é tão pesado.
A história é bastante simples, e surge de uma calamidade: a
morte de uma criança. Durante o êxtase sexual de um casal sem nome interpretado
por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, uma criança que era o filho do casal s
levanta de seu berço e faz o seu caminho para uma janela aberta. Ele cai junto
com seu urso de pelúcia no momento do orgasmo da sua mãe. A criança morre na
queda. Isto em si é um ato neutro. Ela inspira o resto do filme, que se rotula
em três etapas: Mágoa, dor e desespero.
O resto do "Antichrist", dividido em capítulos,
explora as consequências deste incidente fatal e se expande sobre a sua
vinculação implícita da sexualidade feminina e da morte. A mãe fica louca de
dor e culpa.
Dafoe, interpretando seu marido, é menos demonstrativo. Um
psicólogo de algum tipo, ele decide assumir o tratamento de sua esposa,
submetendo-a a sua própria metodologia que inclui o desenho de um triângulo em
um pedaço de papel. O ápice representa a coisa que ela mais teme. É seu marido?
É a natureza? É a floresta isolada que eles chamam de Éden?
Sadomasoquista eles certamente são, mas a pornografia é
inteiramente na mente do espectador. Von Trier, que sempre foi um provocador, é
levado a enfrentar e sacudir a audiência mais do que qualquer outro cineasta.
Ele vai fazer isso com o sexo, dor, tédio, teologia e experiências estilísticas
bizarras. E porque não? Estamos convencidos de que estamos assistindo a um
filme exatamente como ele pretendia.
A personagem de Gainsbourg chama a natureza de "Igreja
de Satanás", um dos muitos acenos do filme na direção do gênero horror.
Já houve algum debate entre os críticos sobre se
"Anticristo" é grosseiramente misógino ou maliciosamente feminista,
um argumento tão infrutífero quanto a questão colocada pelo filme sobre a
natureza das mulheres.
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