UA-74912227-1 Livros de Romance: Curiosidades sobre a noite oficial dos OVNIs de 1986

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Curiosidades sobre a noite oficial dos OVNIs de 1986







"Brasília? Boa noite! Bem-vindo ao festival dos discos voadores." Foi exatamente com essa frase, que o controlador de voo da torre do aeroporto de São José dos Campos, localizado no Vale do Paraíba, interior do Estado de São Paulo, o então Segundo-Sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), Sergio Mota da Silva, atendeu a uma ligação do Centro de Controle de Área Brasília (ACC-BS), por volta das 20h do dia 19 de maio de 1986, uma segunda-feira. Esse dia entraria para a história da Ufologia brasileira e consequentemente mundial como a "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil".

Sem dúvida alguma, a noite do dia 19 de maio daquele ano foi uma das mais movimentadas no espaço aéreo brasileiro. Além das aeronaves comerciais, que passavam habitualmente pelos céus da região Sudeste do nosso país, outros supostos "objetos voadores não identificados", e supostamente inteligentes, também teriam marcado presença. Ao longo daquela histórica noite, cerca de "21 objetos luminosos", aparentemente esféricos e com tamanhos presumidos entre 50 e 100 metros de diâmetro foram avistados, captados por diversos radares, e perseguidos por caças da Força Aérea Brasileira, sendo testemunhado também por tripulantes e passageiros de aeronaves comerciais. Os fatos chegaram ao conhecimento da imprensa, que rapidamente promoveu uma ampla difusão da notícia. O próprio Ministro da Aeronáutica na época, o Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, realizou uma coletiva imprensa juntamente com os militares envolvidos no avistamento e perseguição desses misteriosos "objetos luminosos".

O caso não é exatamente novo para os ufólogos, visto que desde aquela época o assunto era amplamente divulgado pela imprensa, e ao longo do tempo foi objeto de diversas entrevistas, matérias e pesquisas. No dia 25 de maio de 1986, o programa "Fantástico" da Rede Globo exibiu uma reportagem abordando esse caso, e agora cerca de 30 anos depois, mais precisamente no dia 22 de maio, exibiu uma nova reportagem. Nessa nova reportagem foram inclusos trechos de áudio, e imagens de páginas de documento chamado "Relatório de Ocorrência" realizado pela Aeronáutica em 1986, porém só foi divulgado em 2009, como uma consequência direta da campanha "UFOs: Liberdade de Informação Já", da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), feita desde 2004 pela Revista UFO, uma das principais revista de Ufologia em nosso país. Foi essa mesma campanha, que levou o Governo Brasileiro a entregar 7 mil páginas de documentos ufológicos anteriormente "classificados", ou seja secretos. Esse "Relatório de Ocorrência", de junho de 1986, descreve os eventos ocorridos na "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil". Aliás, o "apelido" para essa noite foi cunhado naquele mesmo ano por Claudeir Covo, co-editor da Revista UFO.

De qualquer forma, foi devido a reportagem exibida no Fantástico, que fez com que recebêssemos centenas de emails, comentários em vídeos, assim como em nossa página no Facebook de nossos leitores e inscritos para que fizéssemos alguma matéria sobre o assunto, por mais que ela já tenha sido exaustivamente pesquisada e estudada ao longo dos anos por especialistas em Ufologia. Nessa postagem você encontrará um compilado de informações divulgadas sobre o caso, a sequência de eventos, notícias de jornais naquela época, fotos dos supostos "OVNIs", algumas reportagens exibidas na televisão brasileira, e possíveis explicações para o que ocorreu naquela noite. Vamos saber mais sobre esse assunto?


Como Tudo Começou


Os avistamentos começaram por volta das 18h30 da noite do dia 19 de maio de 1986, quando o controlador de voo da Torre de Controle do Aeroporto de São José dos Campos (TWR-SJ), em São Paulo, o então Segundo-Sargento Sergio Mota da Silva, avistou a olho nu, e através de binóculos (uma vez que tudo indica, que o aeroporto não tinha radar naquela época), objetos luminosos sobre a região de São José dos Campos, e que se concentravam sobre a cidade. Cumprindo com procedimentos habituais de sua função, o controlador contatou outros controladores de Brasília e São Paulo, que confirmaram a presença dos objetos em seus radares.

"As 21:30Z observei um foco de luz (18h30) sobre a cidade no setor NW do aeródromo e dois outros focos próximos ao marcador externo. Os focos aparentavam ser do tamanho da cabeça de um palito de fósforo, predominava a cor vermelha, mas houve mudanças para amarelo, verde e alaranjado. Estavam parados. A observação foi feita com binóculo e a olho nu. O céu apresentava-se claro com 2/8 de cirrus, a N/NE existia uma camada de névoa à baixa altura" - 2S QSS BCT Sergio Mota da Silva.

O Segundo-Sargento Sergio Mota da Silva, avistou a olho nu, e através de binóculos (uma vez que tudo indica, que o aeroporto não tinha radar naquela época), objetos luminosos sobre a região de São José dos Campos, e que se concentravam sobre a cidade
É importante mencionar algo nessa primeira informação, porque alguns sites apontam que o Segundo-Sargento Sergio Mota da Silva teria avistado "plotes" em seu radar, sendo que a grande questão é se o aeroporto tinha ou não radar naquela época (1986). Para tentar responder a essa questão, encontrei uma notícia publicada pelo jornal "Folha de São Paulo" em 14 de novembro de 1996, ou seja, 10 anos após o incidente, que possui a seguinte informação:

"Os aeroportos de São José dos Campos e Ribeirão Preto operam sem radar e sistemas de comunicação avançados nas torres de controle de voo. Em São José, as informações para pousos e decolagens são passadas aos pilotos por meio de rádio. Dados sobre a posição de aviões são fornecidos pelos equipamentos de voo das aeronaves."

Veja esse outro trecho: "Os dois aeroportos passam por estudos para reforma e modernização. A modernização do de São José foi aprovada durante o governo Collor, mas até agora os equipamentos -que incluem radares- não foram instalados."

Isso então explica o motivo do controlador de voo da Torre de Controle do Aeroporto de São José dos Campos ter avistado os objetos tão somente a olho nu ou através de binóculos, já que não havia radar, ao contrário do que você encontra publicado em outros sites.

Visão aérea do Aeroporto de São José dos Campos, no Estado de São Paulo
Por volta das 19h, o Centro de Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), e o Centro de Controle de Área (ACC-SP), também registraram, através de radar, três objetos voadores não identificados (OVNIs) sobre a região de São José dos Campos. Nesse mesmo horário, outro avistamento ocorria, na cidade do Rio de Janeiro. A estilista Sonia Grumbach, que na época morava em um apartamento no bairro da Barra da Tijuca, observou durante 15 minutos um objeto voador luminoso que deslocava-se em alta velocidade sobre a cidade do Rio de Janeiro. Foi exatamente por volta daquele mesmo horário, que houve uma intensa comunicação entre os Centros de Controle de Tráfego Aéreo e Unidades de Defesa Aérea dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.

As 20h15, o Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS) informa ao Centro de Operações Militares (COpM), que o operador da Torre de Controle de São José dos Campos havia avistado luzes se deslocando sobre a cidade. As luzes, embora com predominância de cor vermelha, apresentavam variações de cor, alternando para o amarelo, verde e alaranjado. O operador da Torre da Controle simultaneamente informa ao Centro de Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), que confirma a presença dos "plots" (pontos no radar.) informados na região de São José dos Campos. Em alguns momentos, cerca de oito objetos foram registrados simultaneamente.

O Avistamento Feito pelo Fundador e Ex-Presidente da Embraer Ozires Silva


Alguns minutos mais tarde, um avião Xingu da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), adaptado para o transporte executivo, prefixo PT-MBZ, estava sobrevoando Poços de Caldas, no Estado de Minas Gerais. A cidade é considerada na aviação como uma espécie de "trevo aéreo", na qual o piloto pode, por exemplo, "manobrar" para começar a descida, aproximando-se lentamente para pouso em São José dos Campos.

Vale ressaltar também que o Xingu é um bimotor, turboélice e possui cabine pressurizada. O modelo surgiu por volta de 1976, mas a fase de testes e certificações das primeiras versões (incluindo os testes de pressurização) só foram concluídas no início da década de 1980, sendo que sua produção foi encerrada em 1988. A velocidade de cruzeiro do Xingu é entre 350 e 450 km/h, algo bem respeitável.

O Xingu é um bimotor, turboélice e possui cabine pressurizada.
O modelo surgiu por volta de 1976.
Entretanto, aquele não era um voo exatamente comum. A bordo da aeronave estava o Coronel da Aeronáutica e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Ozires Silva, fundador da própria Embraer, que naquela ocasião estava deixando a presidência da empresa para assumir a presidência da Petrobrás. Ele havia sido chamado em Brasília, a pedido do próprio presidente na época, José Sarney, que o convidou para assumir o comando da Petrobrás. O voo vinha justamente de Brasília com destino a São José dos Campos, sendo que no dia seguinte (20 de maio, uma terça-feira), Ozires Silva iria para o Rio de Janeiro para assumir a estatal.

Imagem aérea da cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais


Quando estavam entre 21 e 22 mil pés de altitude (6.400 a 6.700 metros), Ozires e seu co-piloto Acir Pereira foram surpreendidos por um chamado do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I, em Brasilia) perguntando sobre possíveis contatos visuais com três alvos não identificados, que estavam aparecendo nas telas de radar. Naquele momento, nem ele e nem seu co-piloto, sendo que estavam sozinhos a bordo da aeronave, não avistaram nada de anormal nos céus de região, e por isso continuaram normalmente seu voo. Aliás, Ozires sempre declarou que estava uma noite perfeita para voar, um céu limpo, estrelado e sem nuvens. Existe uma certa discussão sobre quem estaria pilotando o avião, uma vez que tudo indica que seria mesmo o Ozires, visto que era o comandante da aeronave, e ele sempre narra o evento em primeira pessoa. Porém, Ademar José Gevaerd, ufólogo e editor da Revista UFO, diz que o entrevistou dois meses após os fatos, e que na verdade seria o Acir que pilotava, não Ozires. Enfim, esse detalhe é irrelevante diante do que viria a acontecer.

As 21h08, Ozires Silva e Acir Pereira observaram um objeto luminoso estacionário que aparentava inicialmente ser um astro normal, com uma luz forte e amarelada variando para o vermelho. Ele estava parado nas proximidades de São José dos Campos, porém olhando para a direção da cidade de São Paulo. Intrigados com o avistamento, os pilotos seguiram em direção ao objeto na tentativa de identificá-lo. Durante todo o tempo não houve uma aproximação efetiva visual do objeto, que com o tempo foi diminuindo de intensidade até desaparecer. Com o desaparecimento deste objeto, o Ozires fez um 180 (deu meia-volta) e voou para leste, cruzando o Aeródromo de São José, rumo a um segundo objeto aparentemente situado ao sul da cidade de Taubaté, que fica bem próxima da cidade de São José dos Campos.

Uma luz branca com a aparência de uma lâmpada fluorescente foi avistada pelo Comandante Ozires Silva
Abaixo de seu nível de voo, apenas cerca de 600 metros acima do solo, se depararam com uma nova luminosidade, com a aparência de uma lâmpada fluorescente embaixo de sua aeronave. Era difícil acreditar que o controlador tivesse esse objeto em seu radar, já que se encontrava voando baixo, e a 250 km da antena do radar de Sorocaba. Ozires e Acir estavam a cerca de 5.500 pés de altitude (aproximadamente 1.500 metros), uma vez que a carta de voo do local restringe essa altura mínima por uma questão de segurança, pois é uma região montanhosa. Ozires não podia baixar mais do que estava, então sobrevoou em círculos diversas vezes o "objeto". Porém, em determinado momento, perceberam que o combustível do Xingu estava terminando, e tiveram que finalmente pousar no Aeroporto de São José dos Campos.

Durante o tempo que Ozires e Acir tentaram encontrar os alvos, os registros nas telas dos radares de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Goiás continuaram, e consequentemente as comunicações entre operadores de radar e controladores de voo se intensificaram.

O Acionamento dos Caças da Força Aérea Brasileira (FAB)


Assim sendo, as 21h23, o Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA), localizado em Brasília, foi acionado. As 21h39, o Chefe do CODA, o Major Aviador Ney Antunes Cerqueira, determinou o acionamento da aeronave de alerta da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

Por volta das 22h10, o Centro de Controle de Aproximação de Anápolis (APP-AN), em Goiás, registrou os "objetos" nas telas de seu radar. Em contato com Centro de Operações Militares (COpM), o próprio COpM informou que tais objetos não estavam sendo registrados em seus aparelhos, localizados na região nordeste do Estado de Goiás.

Primeira Decolagem - 22h34 (Rio de Janeiro/RJ): 

Este primeiro caça, modelo F-5E, decolou as 22h34, sendo pilotado pelo Tenente Aviador Kleber Caldas Marinho, que no momento estava de alerta no 1º Grupo de Caça. O próprio Tenente Kleber foi instruído a desligar seus instrumentos, passando a ser guiado pelos controladores de voo diretamente até o alvo presente nas telas de radar do Centro de Operações Militares (COpM).

Enquanto o caça F-5E do Tenente Kleber, estava sendo guiado em direção ao alvo, os controladores de voo acompanhavam o deslocamento destes alvos presentes na tela do radar. Durante a missão, o piloto do caça avistou uma luz branca abaixo do seu nível de voo (aproximadamente 5.000 metros de altitude), e que posteriormente foi subindo cerca de 10º acima de sua aeronave, e mudando de cor. Em um certo momento, o radar de bordo da aeronave registrou a presença de um alvo a uma distância de 10 a 12 milhas (entre 16 e 19 km), que voava em direção ao mar . A perseguição foi abandonada somente quando o combustível da aeronave entrou em nível crítico, obrigando o piloto à voltar para a Base Aérea de Santa Cruz.

Foto da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro
Vale ressaltar que o F-5E é um caça tático supersônico de defesa aérea e ataque ao solo, que alcança a incrível marca de 1.700 km/h, portanto o piloto estava praticamente o tempo todo em uma velocidade muito alta, superior a do som, cujo consumo de combustível é bem intenso.

Segunda Decolagem - 22h48 (Anápolis/GO): 

Por volta das 22h15h, o chefe do Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA) determinou o acionamento das aeronaves de alerta da Base Aérea de Anápolis. O primeiro caça, modelo Mirage F-103 decolou as 22h48, sendo pilotado pelo Capitão Aviador Armindo Sousa Viriato de Freitas. O caça foi conduzido até o alvo, e não demorou para o piloto captar um alvo desconhecido logo a sua frente. O objeto deslocava-se em movimentos de zig-zag, à frente do caça, e a distância era mantida de forma mais ou menos constante, apenas com pequenas variações.

Foto da Base Aérea de Anápolis, em Goiás
O piloto estava a uma velocidade de Mach 1.05, ou seja, acima da velocidade do som, e algo impressionante nesta abordagem é a aceleração obtida pelo suposto objeto, que acelerou bruscamente, distanciando-se do caça, até que houvesse uma perda do sinal no radar. Segundo entrevista do piloto, em 1993, tal aceleração seria estimada em Mach 15, ou seja 15 vezes a velocidade do som (cerca de 18.000 km/h). Isso era algo teoricamente impossível para a época, e ainda hoje não oficialmente atingida, mesmo em protótipos de aeronaves mais avançadas. Após essa incrível aceleração e a perda de registro no radar, ainda tiveram alguns registros, porém todos de curta duração.

Terceira Decolagem - 22h50 (Rio de Janeiro/RJ):

Outro caça F-5E decolou da Base Aérea de Santa Cruz, tendo a bordo o Capitão Marcio Brisola Jordão. Durante a missão, o piloto observou uma luz vermelha, sobre o mar, na posição indicada pelo radar e tentou inutilmente uma aproximação. Em um certo momento durante sua tentativa de interceptação, teria acontecido uma "clara demonstração de inteligência por trás da manifestação do fenômeno."

Exemplo de caça F-5E, um dos modelos utilizados na noite de 19 de maio de 1986

Diversos OVNIs se aproximaram do caça e se posicionaram, seis de um lado e sete de outro, voando na mesma velocidade do caça, em voo de formação. O piloto não viu os "objetos", que foram registrados apenas por radar. Resumindo, um caça da Força Aérea Brasileira passou a ser caçado em pleno ar por supostos objetos que só eram detectados por radar.

Quarta Decolagem - 23h17 (Anápolis/GO):

Mais um caça Mirage F-103 é acionado para tentar interceptar os estranhos "objetos". O piloto, Capitão Aviador Rodolfo da Silva Sousa, foi vetorado até o alvo, mantendo uma constante comunicação com os controladores do Centro de Operações Militares (COpM). Ele permaneceu no ar por aproximadamente 45 minutos, não tendo qualquer registro no radar ou visual.

Exemplo de caça Mirage F-103, que também foi utilizado na noite de 19 de maio de 1986


Quinta Decolagem - 23h36 (Anápolis/GO):


Um ultimo caça Mirage F-103 decolou as 23h36 hs, da Base Aérea de Anápolis. O piloto, Julio Cesar Rosemberg, também não avistou ou registrou qualquer objeto anômalo.

As 23h37, o primeiro caça F-5E a decolar, pousou na Base Aérea de Santa Cruz, sendo que o último caça pousou por volta de 0h30 da madrugada de 20 de maio.

Os Relatos de Avistamentos por Parte de Aviões Comerciais e do Solo


Apesar do retorno dos caças, os "OVNIs" continuaram sobrevoando diversos estados brasileiros, sendo captados por radares e avistados por muitas pessoas em diversas regiões.

Boeing 707 Cargueiro: Uma das testemunhas foi o piloto Geraldo de Sousa Pinto, que pilotava um Boeing 707, da Varig, e que havia decolado do Aeroporto de Guarulhos, em direção ao Aeroporto do Galeão (conhecido atualmente como Aeroporto Internacional Tom Jobim), no Rio de Janeiro. Por volta das 3h da madrugada, o piloto recebeu uma solicitação do CINDACTA I, questionando se eles tinham contato visual com algum objeto anômalo sobre a região. Espantados com o pedido, o comandante do Boeing 707 cargueiro, Geraldo Souza Pinto, o co-piloto Nivaldo Barbosa passaram a olhar para o céu atentamente, e logo avistaram um "objeto luminoso", que acompanhou seu avião durante algum tempo. Ainda estavam a bordo o Engenheiro de Bordo Guntzel, e o então Capitão Aviador Oscar Machado Júnior, que também não faziam ideia do que estava acontecendo.

Voo 241, da VOTEC:  O mesmo aconteceu com os tripulantes e 27 passageiros do voo 241, da VOTEC, que decolou de Belo Horizonte para Uberlândia, em Minas Gerais, que também observaram um "objeto voador intensamente luminoso" (cor vermelha, verde e branca), de forma arredondada, que acompanhava o avião, nas proximidades de Araxá, Minas Gerais.

José Dantas: De qualquer forma, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, e no Distrito Federal, surgiram testemunhas visuais da presença de OVNIs na noite de 19 de maio. Uma das testemunhas foi o compositor José Dantas, que na ocasião voltava de seu escritório em Taguatinga, no Distrito Federal. Ele dirigia sua Kombi, quando avistou um objeto luminoso, de cor amarela, em formato de cogumelo, sobrevoando montanhas da região. O objeto não fazia barulho, apenas emitia uma luz, e parecia que iria pousar em solo.

O Comunicado e o Relatório Oficial do Caso


Cerca de dois dias depois, mais precisamente no dia 21 de maio de 1986, o Ministro da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, comunicou ao país que havia acontecido na noite de 19 de maio. Foi dito que as autoridades militares imediatamente iniciaram uma investigação sobre o caso, e prometeram um relatório oficial dos fatos, a ser divulgado dias depois.

Cerca de dois dias depois, mais precisamente no dia 20 de maio de 1986, o Ministro da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, comunicou ao país que havia acontecido na noite de 19 de maio

Até aquela noite, nenhuma Força Aérea e nenhum governo havia admitido operar em busca de OVNIs. Assim, de maneira profissional e sem alarde, o Brigadeiro entrou para a história da Ufologia Mundial devido a sua abordagem sincera, despojada e sem sensacionalismo.

Aquele relatório prometido pelos oficiais em seu comunicado, demorou "um pouquinho" para ser liberado. Na verdade esse esse relatório só foi disponibilizado 23 anos depois, somente em 2009! Isso graças a campanha "UFOs: Liberdade de Informação Já", da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), feita desde 2004 pela Revista UFO, uma das principais revista de Ufologia em nosso país. Se não fosse isso, estaria até agora oculto talvez. O documento é assinado pelo Brigadeiro do Ar José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, Comandante Interino do COMDA/NuCOMDABRA. O COMDA seria o Comando Aéreo de Defesa Aérea e o NuCOMDABRA seria o Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro.

Entretanto, antes de começar a leitura do "Relatório de Ocorrência", vale ressaltar que na aviação, as cartas de navegação, autorizações de voo e autorizações de trafego aéreo utilizam o horário UTC para evitar confusões decorrentes dos diferentes fusos e horários de verão. Assim sendo, é possível assegurar que todos os pilotos, independentemente da localização, estejam usando a mesma referência horária. Especialmente na comunicação por rádio, o horário UTC é conhecido como horário Zulu, desde aproximadamente a década de 50. Isto porque, no alfabeto fonético da OTAN, a palavra usada para Z (de zero, que corresponde ao fuso horário de referência) é zulu.

Como o Brasil não estava em horário de verão naquela época, você deve "diminuir 3 horas" dos horários que estão no relatório, ou seja, 2315Z quer dizer 20h15 pelo horário oficial de Brasília, e 0330Z, último horário que aparece no relatório quer dizer 0h30. Entenderam? Alguns sites postam os horários de forma equivocada justamente por não se atentarem a esse detalhe, e não fazem a respectiva conversão.

Abaixo você encontra as oito páginas referentes ao  "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" (você também pode baixar esse documento, diretamente do Acervo Nacional clicando aqui):

Primeira página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Segunda página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Terceira página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Quarta página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Quinta página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Sexta página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Sétima página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"

Oitava página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil"




Os pontos mais interessantes desse relatório estão justamente nas "Considerações Finais" (páginas 7 e 8):
  • Foi dito que os considerados "fenômenos" apresentavam ecos no radar não apenas do Sistema de Defesa Aérea, como também das aeronaves interceptadoras simultaneamente, com comparação visual pelos pilotos;
  • Variavam suas velocidades da gama subsônica até supersônica, com capacidade de acelerar e desacelerar de modo brusco;
  • Se mantinham em voo pairado;
  • Suas altitudes variavam abaixo do FL-050 (5.000 pés ou 1.500 metros) até altitudes superiores a FL-400 (40.000 pés ou 12.000 metros).
O documento ainda faz uma peculiar conclusão: "Como conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é de parecer, que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores como também voar em formação, não forçosamente tripulados."

Algumas outras informações descobertas com a liberação do "Relatório Oficial" são:
  • Os OVNIs se movimentavam em altas velocidades, passando de 250 a 1.500 km/h em fração de segundos, mudavam constantemente de cor e de trajetória - faziam curvas em ângulos retos, de 90°, em altíssimas velocidades - subiam, desciam, sumiam instantaneamente do radar e apareciam em outro lugar;
  • O caça F-5E, que era seguido por 13 OVNIs, fez um "looping", objetivando ficar de frente com dos "objetos", mas eles também fizeram um "looping" para ficar atrás do avião, frustrando a intenção do piloto com a manobra. Houve também comentários entre os oficiais que diziam que um "objeto" veio em alta velocidade e, repentinamente, parou, de forma que ficou em rota de colisão eminente com um dos aviões e deixando o piloto completamente apavorado. Mas, logo em seguida, o "objeto" se movimentou em alta velocidade, saindo então da rota de colisão iminente.
Interessante, não é mesmo AssombradOs? Porém, essa postagem não acaba aqui, ainda teremos pela frente os relatos de alguns envolvidos nessa história, e as fotos tiradas por um fotógrafo do jornal ValeParaibano, cujos negativos teriam desaparecido, misteriosamente levados por uma pessoa que se dizia pertencer a NASA, e muito mais!

Os Relatos de Pessoas que Tiveram Envolvimento com Este Caso


Nessa parte da postagem você irá poder conferir alguns relatos de pilotos e comandantes sobre a noite do dia 19 de maio de 1986, considerada como a "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil".

Coronel Aviador Ozires Silva - Comandante da Aeronave Xingu, Prefixo PT-MBZ, que Vinha de Brasília, com Destino a São José dos Campos


Antes de mais nada, é interessante destacar que Ozires Silva estava pilotando um avião comercial, e não um avião militar, muito embora a velocidade e a autonomia do Xingu fosse respeitável. De qualquer forma, ele não era obrigado a perseguir ou investigar em espaço aéreo a ocorrência de tais fenômenos. Se fosse uma situação de ameaça real ou que acontecesse um eventual combate, com certeza Ozires e seu co-piloto Acir Pereira não teriam a menor condição de sobreviverem. Foi uma decisão pessoal, arriscada, mas sobretudo corajosa.

Confira abaixo a declaração dada pelo Ozires Silva, em uma entrevista realizada por telefone pelo radialista Gilberto Pereira, do Programa "Balanço Geral", da Rádio Bandeirantes, na qual participavam o ufólogo Claudeir Covo, e o jornalista Eduardo Marine, da Revista "Isto É", em 3 de agosto de 1995:

"Olha, foi em maio de 1986, eu estava voando com um dos nossos aviões da Embraer, vindo de Brasília para São José, era noite, a minha hora de chegada era em torno de 21h, 9 horas da noite. Quando eu estava sobre Poços de Caldas, eu entrei em contato com o Centro de Controle de Brasília, solicitando autorização para iniciar a descida já para o aeródromo de São José dos Campos. 

O Controle autorizou, mas perguntou se eu estava vendo alguma coisa de estranho no ar. Eu disse que não, que não estava vendo nada, e eles me relataram que estavam tendo algo no radar, quer dizer, estavam tendo indicações no radar que existiam três objetos não identificados em torno de São José dos Campos há uma certa distância, um mais próximo de São Paulo, outro um pouco mais ao sul de São José e o outro na direção do Rio de Janeiro. Eu disse que não, mas que ficaria olhando na medida que descia.

"Quando eu estava sobre Poços de Caldas, eu entrei em contato com o Centro de Controle de Brasília, solicitando autorização para iniciar a descida já para o aeródromo de São José dos Campos. O Controle autorizou, mas perguntou se eu estava vendo alguma coisa de estranho no ar. Eu disse que não, que não estava vendo nada", declarou Ozires Silva
Quando estava bastante próximo de São José, há um momento no vôo que se transfere do Controle de Brasília para o Controle de Aproximação de São Paulo. Um pouquinho antes de transferir eu perguntei se eles ainda tinham a imagem no radar e o que estava acontecendo, e aí, eles me deram a direção aonde eu deveria olhar, no azimute, e de fato eu olhei e vi, o corpo celeste bastante luminoso, em tudo parecia um lastro comum exceto pelo tamanho talvez um pouquinho mais alongado. 

Neste momento eu pedi autorização para o Controle para me dirigir, para voar na direção desse objeto, estava eu e o meu co-piloto sós a bordo, só nós dois, e nesse momento nós viramos para São Paulo, com a proa na direção de São Paulo, na direção do objeto, e voamos nessa direção, na direção desse objeto e cada vez se aproximando mais, mas ele se mantendo mais ou menos como estava, tinha uma certa cor alaranjada que talvez pudesse ser explicada até pela poluição de São Paulo que torna os astros celestes alaranjados de um modo geral. Mas o fato é que o radar de Brasília tinha plotado esse objeto e astros celestes não aparecem no radar. Eu fiquei mantendo contato com o Controle, aí nessa altura já com Controle de São Paulo, eu fui na direção do objeto, mas na medida em que me aproximava ele foi desaparecendo, até que desapareceu por completo e eu retornei para São José. 

Imagem aérea da cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais


Quando estava no início novamente do tráfego para pousar em São José, o chefe do Controle me alertou que um segundo objeto estava agora na direção do Rio de Janeiro, bastante visível no radar. Novamente eu pedi orientação do radar de como eu me aproximar do objeto e seguir na direção dele, e na medida que eu chegava notei que ele estava em uma altitude bem mais baixa do que a minha. E aí nesse momento era um corpo bastante mais alongado talvez da cor de uma lâmpada fluorescente, uma lâmpada dessas comuns que vê aí, e ocorreu que ele estava abaixo de mim e eu circulei, circulei várias vezes o avião em torno dele, olhando pra baixo e sinceramente não sei dizer o que era. Era um objeto alongado como disse, do tipo de uma lâmpada fluorescente bastante claro e o problema é que eu não podia baixar mais. 

Era noite, a altitude que eu estava voando já era a altitude mínima para a área porque a área ali é bastante montanhosa, quer dizer, eu não podia baixar mais do que tinha abaixado, e ele continuou permanentemente ali abaixo. Eu com sinceridade não sei o que era, a única coisa que eu posso dizer é que na minha visão de aviador, eu tenho mais de quarenta anos de aviação, eu tenho visto objetos semelhantes, mas sempre de rastro que tem uma explicação, outra explicação e nesse caso em particular, isso era visto pelo radar em Brasília. No dia seguinte eu tentei falar com o Centro de Controle de Brasília, o
CINDACTA I, e tentar falar com o operador para ver o que o operador tinha visto em termos de radar, a essa altura o Ministério da Aeronáutica já estava fazendo uma investigação e infelizmente a qualidade dessa investigação não foi muito boa e não se pode chegar a nenhuma conclusão, mas essa efetivamente foi a minha experiência."

Confira também o trecho de quase 30 minutos de uma entrevista realizada pela TV INFA (Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais), no dia 30 de maio de 2006, na qual Ozires Silva relata os acontecimentos daquela noite (a entrevista completa você pode assistir aqui):



Sinceramente, pelo material que tive acesso para fazer essa matéria, essa é uma das melhores entrevistas de Ozires Silva. Ele declara que a visibilidade naquela noite era ótima, e que o céu estava estrelado. Ao se aproximar de São José dos Campos ele perguntou ao Centro de Controle onde estavam os alvos, sendo que um deles estava na direção da cidade de São Paulo. Foi nesse momento que ele olhou na direção indicada por rádio, e viu o que considerou ser um "astro". Segundo Ozires Silva, havia um "objeto" entre as estrelas, um pouco alongado, como se fosse no formato de um "ovo", e avermelhado. Durante a entrevista ele menciona que a tonalidade vermelha poderia ser explicada devido a poluição da cidade, visto que uma espécie de "fumaça" costumava avermelhar os astros. Porém, ainda de acordo com ele, não poderia ser um "astro", porque "astro não aparece no radar".

Ozires ainda contou o medo do Acir durante o voo. Ele estava muito preocupado com a situação, porque segundo o próprio Acir: "pessoas que vão atrás dessas coisas acabam desaparecendo". De qualquer forma, Ozires foi mesmo em direção ao "objeto", ou seja, em direção a São Paulo, porém ao se aproximar do "objeto", o mesmo foi desaparecendo gradualmente.

Quando Ozires questionou o Centro de Controle sobre a localização do outro objeto, obteve a resposta que estaria ao sul da cidade de Taubaté. Assim sendo, ele fez um 180, ou seja, deu meia-volta, retornando em direção a São José dos Campos/Taubaté. Chegando ao local ele não viu absolutamente nada. Era uma região montanhosa, e não podia passar dos 1.500 metros de altitude por uma questão de segurança. Então, de repente, ele viu uma luz branca, uma espécie de "grande lâmpada fluorescente comprida" embaixo da aeronave. Segundo Ozires, aquilo não podia ser o que o Centro de Controle estava vendo. Em seguida ele teve que interromper o sobrevoo por falta de combustível.

Ao ser entrevistado no dia seguinte, no Rio de Janeiro e com o intuito de assumir o Comando da Petrobrás, a imprensa falava apenas sobre OVNIs, ninguém queria saber sobre Petrobrás. Ele ainda revela que pediu ao Acir para marcar o local para que fosse averiguado no dia seguinte, porém o Acir não foi. Segundo Ozires, o Acir Pereira estava "impactado" pelo ocorrido.

Enfim, em uma reportagem publicada na Revista Força Aérea Nº 43, em março de 2007, sobre a Noite Oficial dos OVNis no Brasil, pudemos conhecer também os relatos de diversas pessoas envolvidas nesse caso, inclusive dos pilotos que participaram da tentativa de interceptar os supostos objetos. A matéria se chamava "A Noite! Objetos Voadores Não-identificados nos Céus do Brasil". Vamos conhecer um pouco mais sobre esses relatos?

Tenente Kleber Caldas Marinho - O Piloto do Primeiro Caça F-5E que Decolou da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro


"Como piloto de alerta naquele dia, fui contatado pelo oficial de permanência, na Vila dos Oficiais, local onde morava. A informação passada era a de que o piloto de alerta havia sido acionado, e então, por doutrina e treinamento, eu me dirigi diretamente para o avião, e só depois da decolagem é que recebi as específicas instruções necessárias à missão. O piloto de alerta não precisa passar pela burocracia de um voo normal. O avião já estava preparado para a decolagem.

O Tenente da Aeronáutica, Kleber Caldas Marinho, na época
sendo que hoje em dia ele é Primeiro-Tenente da Reserva,
com 250 horas de voo em caças Northrop F-5, de um total
de 900 horas na Força Aérea Brasileira
A decolagem foi normal, fiquei em torno de 20 mil pés (cerca de 6.000 metros) na direção de São José dos Campos. Por orientação da Defesa Aérea, desliguei todos os equipamentos de bordo: radar, luzes de navegação... fiquei apenas com o rádio de comunicação ligado. Como os alvos não possuíam equipamento algum que transmitisse qualquer onda eletromagnética, não era possível saber altura que voavam. Toda a orientação que me foi dada era para que eu fizesse procuras visuais. De acordo com os radares de Brasília, eu deveria olhar para as minhas 2 horas e 11 horas, alto e baixo. Mas eu não via nada.

Eu estava em em cima da fábrica da Embraer e nada havia avistado até então. Em função destes alvos aglomerados na minha esquerda, o controlador pediu que eu fizesse uma curva pela direita e olhasse em direção a Santa Cruz, com 180 graus defasados. Eu efetuei a curva, estabilizei a aeronave na proa que ele havia recomendado e, como pedido, comecei a fazer uma varredura visual.

Foi neste momento que eu avistei uma luz muito forte que se realçava em relação a todas as luzes no litoral. Estava um pouco mais baixa do que eu. A impressão nítida que eu tive, naquele momento, era de ela se deslocava da direita para a esquerda.

Olhei para aquela luz. O seu movimento era muito evidente para mim. Perguntei à Defesa Aérea se existia algum tráfego naquele setor no momento, devido à proximidade com a rota da ponte aérea, na época. Fui informado que não. Não existia aeronave alguma no local naquela hora. Informei então ao controlador que eu realmente estava vendo a luz se deslocando na minha rota de interceptação, às 2 horas (à minha direita), um pouco mais baixo do que a posição da minha aeronave. Foi naquele momento que eu pude ter um noção da altura do contato, algo em torno de 17 mil pés (cerca de 5.000 metros). Imediatamente recebi a instrução de aproar aquele alvo e prosseguir com a aproximação e sua possível identificação.

Não havia muito tempo para pensar, nem para sentir medo. É a adrenalina que funciona na hora. Você tem o avião para voar, está em voo noturno, supersonico, sujeito à desorientação espacial... Eu confesso que não tenho recordações exatas dos meus sentimentos naquele momento. A única coisa que eu sabia é que tinha que ir para cima do alvo e, a medida que as coisas vão acontecendo, e devido ao nosso treinamento, as reações passam a ser um pouco automáticas.

Comecei a descer, indo diretamente para o alvo, mas tomando todo o cuidado com uma possível ilusão de ótica, proporcionada pela visão noturna. Eu podia estar vendo uma luz dentro d'água, um grande navio com holofote... Por este motivo eu não quis ficar apenas com a orientação visual e liguei meu radar, mesmo sem instrução de fazê-lo. E, realmente, a cerca de 8 a 12 milhas (entre 12 e 19 km de distância), um alvo apareceu na tela, confirmando a presença de algo sólido na minha frente. Isto coincidia com a direção da luz que eu havia avistado. Nos radares que equipavam os caças da época, o tamanho do plote varia de acordo com o tamanho do contato. O radar indicava um objeto de cerca de 1 cm, o que significava algo na envergadura de um Jumbo (Boeing 747). Cheguei perto do alvo, posicionando-me a cerca de seis milhas de distância dele (cerca de 9 km), o que ainda é longe para que possa haver uma verificação precisa, ainda mais à noite. O alvo parou de se deslocar na minha direção e começou a subir. Eu não perdi o contato radar inicial e passei a subir junto com ele. Continuei seguindo o contato até cerca de 30 mil pés (cerca de 9.000 metros), quando perdi o contato radar e fiquei apenas com o visual. Mas, naquele momento, aquela luz forte já se confundia muito com as luzes das estrelas.

Os meus rádios de navegação selecionados em Santa Cruz já estavam fora de alcance. Em determinado momento, as agulhas do meu ADF deixaram de ficar sem rumo e indicaram a proa. A minha janela do DME, que estava com a flag, indicou 30 milhas fixas, sem qualquer razão para isso. O combustível já estava chegando no limite, devido ao grande consumo das velocidades supersônicas e eu tive que voltar. Menos de um minuto depois que aproei em Santa Cruz novamente, meu ADF voltou a ficar sem qualquer informação e a janela do meu instrumento DME fechou de novo, deixando de aparecer.

Eu tive contato visual e contato eletrônico. Era algo sólido. Dizem que naquele lugar há muita anomalia magnética, mas eu não acredito que seja isso. As anomalias têm movimentos irregulares, aleatórios. No meu relatório, eu pedi que fosse averiguado se havia algum porta-aviões próximo à costa, ou alguma aeronave que poderia estar sobre o nosso espaço aéreo, efetuando contramedidas eletrônicas, o que permitira colocar um plote nos radares. Nada do que eu presumi foi confirmado. A partir daí, afirmar que acredito em OVNIs, ou que aquilo era, de fato, um OVNI, já é outra coisa. Cada um vai tecer a sua opinião. Acho que esse Universo é muito grande para que só nós existamos nele. Seria muito egoísmo da nossa parte acreditar nisso, mas a verdade é que ficamos sobre uma linha muito tênue. Era a posição que eu tinha na época, o avião que eu estava voando, e todas as minhas crenças. Então, eu prefiro me referir apenas à parte técnica."

"Eu estava em em cima da fábrica da Embraer e nada havia avistado até então. Em função destes alvos aglomerados na minha esquerda, o controlador pediu que eu fizesse uma curva pela direita e olhasse em direção a Santa Cruz, com 180 graus defasados. Eu efetuei a curva, estabilizei a aeronave na proa que ele havia recomendado e, como pedido, comecei a fazer uma varredura visual. Foi neste momento que eu avistei uma luz muito forte que se realçava em relação a todas as luzes no litoral", disse Kleber


"Nos radares que equipavam os caças da época, o tamanho do plote varia de acordo com o tamanho do contato. O radar indicava um objeto de cerca de 1 cm, o que significava algo na envergadura de um Jumbo (Boeing 747)", disse Kleber

Capitão Márcio Brisola Jordão - O Piloto do Segundo Caça F-5E que Decolou da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro


"Foi uma tremenda coincidência. Eu não estava escalado de alerta. Tinha ficado em Santa Cruz para estudar para uma prova de ensaio de voo. Quando o alerta foi acionado, pensei que era treinamento e continuei estudando, até que o soldado de serviço veio com a informação de que estavam precisando de um outro piloto para voar. Ele só disse que havia alguma situação de detecção de contatos desconhecidos e que até o avião reabastecedor deveria ser acionado.

Sempre tem um avião de reserva preparado. No caso, quem não estava preparado era eu, o piloto! Mas eu é que estava no Esquadrão e então fui. O Kleber foi o primeiro. Para a gente, era um treinamento normal, mas com a evolução da situação, outro F-5 foi acionado.


Capitão Márcio Brisola Jordão, foi acionado para decolar um segundo F-5E da Base Aérea de Santa Cruz.
Seu vôo resultou na visualização de uma luz, porém, sem conclusões definitivas
Uma coisa que chamou a minha atenção naquela noite foi a claridade do céu. Eu nunca havia visto uma noite tão clara. Sabe aquela noite que você anda de carro com a luz apagada e consegue ver tudo? Dava para ver o Vale do Paraíba, até São Paulo. Não havia nebulosidade. Era possível ver o contorno das montanhas no chão. Uma visibilidade sob a qual poucas vezes eu voei. Indo em direção a São José dos Campos, fui instruído por Brasília a fazer o cheque de armamento. Foi aí que me informaram que havia cerca de cinco contatos na minha frente, e a umas 15 milhas de distância (cerca de 24 km). Eu não via nada no radar do avião e nem do lado de fora, mas a informação era de que eles estavam se aproximando cada vez mais. Dez milhas, cinco milhas, três milhas, e eu pensando que não era possível, em uma noite daquelas, eu não estar enxergando o tal contato.

Tive autorização para fazer um 180, e continuei sem ver coisa alguma. Fui pra São José dos Campos, voando a cerca de 15 mil pés (4.500 metros de altitude), e comecei a fazer órbitas. Chamei o Kléber na freqüência tática para saber se ele tinha avistado alguma coisa. Ele disse que sim, mas que, quando tentou ir atrás, o contato sumiu.


Quando eu estava em cima de São José dos Campos, olhei em direção à Ilha Bela e, pela primeira vez, vi uma luz vermelha, parada. Para mim, estava no nível do horizonte, mas eu estava olhando para o oceano, o que me fez acreditar que podia ser um barco muito longe, ou algum outro tipo de iluminação. Era como luz de alto de edifício. Ficou parada, não mudou de cor, não piscou e nem se mexeu. Eu avisei ao controle que estava vendo uma luz na proa, 90 graus em direção ao oceano. Como confirmava com o contato no radar de terra, fui instruído a ir em sua direção. Entrei supersônico para acelerar, e a luz nem se mexia. Fui informado de que ela estaria andando na mesma velocidade que eu. Fui mantendo esta navegação até dar o meu combustível mínimo, e tive que voltar. 

Para mim, que decolei com uma expectativa dada por Brasília, foi a maior frustração da minha vida. A luz que vi podia ser um barco no horizonte ou, quem sabe, ser mesmo alguma outra coisa. Mas é leviano chegar a qualquer conclusão."

Capitão Aviador Armindo Sousa Viriato de Freitas - O Piloto do Primeiro Caça Mirage F-103 que Decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás


"No radar eu cheguei a fazer quatro interceptações e todas com contato radar, mas não consegui ver em nenhum momento nada, apenas no radar. E o que me impressionou foi a aceleração tomada pelo alvo a partir de um certo instante.

O Capitão Armindo de Sousa Viriato, em entrevista ao repórter Domingos Meireles
Ele acelerou rapidamente até que o radar desacoplasse e eu acredito em torno de Mach 15, mais ou menos, porque foi muito rápida a aceleração. Eu já estava a 1.2, 1.3 vezes a velocidade do som e o objeto atingiu uma velocidade bem mais alta do que eu estava."

Capitão Julio Cesar Rozemberg - O Piloto do Segundo Caça Mirage F-103 que Decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás


"Era um dia normal no Primeiro Grupo de Defesa Aérea, até a hora em que o meu bip tocou de madrugada. O alerta havia sido acionado. Eu estava dormindo e levantei sem nem saber que horas eram. Faz parte da rotina. Eu me vesti e no caminho da Base fiquei me questionando se aquilo seria apenas mais um teste. Eu esperava voar, afinal, não há nada mais chato do que ir para o hangar do alerta, abastecer e ser dispensado. Toda missão da Defesa Aérea é real até ser cancelada, então vesti o traje anti-g, o colete e o mecânico confirmou a aeronave pronta. O armamento também estava certo e municiado. Havia se passado 22 minutos desde que o alerta tinha sido dado. Preparei-me para decolar imaginando o que estaria acontecendo. Pela proximidade com Brasília, imaginei que estivesse atrás de algum vôo comercial, mas, se fosse, eu teria avistado as luzes anticolisão. Fui seguindo todos os comandos do controlador. A noite estava linda, com a visibilidade ilimitada. Era possível ver tudo lá embaixo, desde as cidades até os faróis dos carros.

O Capitão Julio Cesar Rozemberg, hoje Coronel Aviador da Reserva, servia no 1º GDA na noite de 19 de maio de 1986. Antes de deixar o serviço ativo foi Comandante do l°/4º GAV (Esquadrão Pacau)
Fui instruído a elevar a minha altura. Verifiquei mais uma vez o radar de bordo e desci um pouco a varredura da antena. Continuei acompanhando o radar de bordo e buscando algo no visual. A nossa distância, informada pelo controlador, era de apenas três milhas e eu continuava sem enxergar nada. Imaginei que eram os F-5 do Grupo de Caça, vindo atacar a Base em missão de treinamento. Pedi para o controlador me aproximar ainda mais até 'confundir' os plotes, com minha chegada vindo por trás. Achei que o contato iria, finalmente, acender as luzes, afinal, eles deveriam estar ouvindo a interceptação pelos canais da Defesa Aérea. O controle anunciou uma milha na proa (cerca de 1,6 km), mas eu não tinha nada no radar, e nem no visual. O meu vôo durou cerca de 30 minutos e, depois das tentativas de busca, regressei à Base, sem fazer qualquer tipo de contato.

No dia seguinte, vi as manchetes nas televisões e nas rádios anunciando várias interceptações de OVNIs ocorridas na noite anterior. E justo eu, um apaixonado pelo assunto, não vi nada! Mas cheguei perto. Acho que em um Universo infinito destes, com diversas possibilidades, não tem por que estarmos sozinhos.
"

Capitão Rodolfo da Silva e Sousa - O Piloto do Terceiro Caça Mirage F-103 que Decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás


"Ao chegar, eu me dirigi, juntamente com os demais membros da equipe de alerta, imediatamente para os hangares, onde estavam posicionadas duas aeronaves F-103E. A equipe de manutenção já havia completado o seu trabalho e nos esperava, ao pé da escada, com as aeronaves prontas e armadas para a decolagem. Completei os cheques previstos para antes da partida e entrei em contato com o Oficial de Permanência Operacional (OPO) para informar que estava pronto. De imediato, recebi ordem para acionar o motor e decolar isolado. Meu ala permaneceu no solo.

Em seguida, fiz contato com Anápolis, que me passou, de imediato, para a freqüência do COpM que controlaria a interceptação. A primeira informação que recebi foi de que meu alvo se encontrava a uma distância de 100 milhas (cerca de 160 km) da posição em que eu estava. Pude perceber que o tempo estava bom, não havia nuvens e nem a lua aparecia. O céu, completamente estrelado, fazia um belo contraponto com a escuridão da noite. 

À medida que a distância diminuía, como não conseguia contato em meu radar de bordo, passei simultaneamente a realizar uma busca visual no espaço aéreo em torno da posição informada pelo COpM. Só que, mais uma vez, nada apareceu.
O Capitão Rodolfo da Silva e Sousa. Durante seu vôo,
os contatos detectados pelos radares do CINDACTA I
pareciam se deslocar evitando o seu Mirage. Experiente,
Rodolfo ainda viria a comandar o 3º/10° GAV,  Esquadrão
Centauro, com sede na Base Aérea de Santa Maria,
no Rio Grande do Sul. Atualmente, mora em Brasília.

Ainda estava nesse procedimento, sem sucesso, quando recebi a informação do controlador de que meu alvo havia mudado deposição e agora estava em outra direção, a 50 milhas (cerca de 80 km) de distância. Fui então orientado para essa nova interceptação.

Sem sucesso nesse procedimento, fui novamente informado de outra alteração no posicionamento do alvo e recebi novas orientações para uma terceira interceptação. Mais uma vez, não houve qualquer contato radar ou visual. Fui orientado a baixar ainda mais o nível de vôo, permanecendo em órbita sobre o ponto determinado, e continuando a procura. Depois de algum tempo nessa busca, e tendo em vista que minha autonomia de vôo já havia atingido o nível suficiente apenas para permitir o meu retorno seguro para o aeródromo, recebi instruções para o regresso.

Após o pouso, fiz um contato telefônico com o meu controlador, para o debriefing rotineiro da missão. Só assim tomei conhecimento dos outros F-103 que haviam sido acionados para a averiguação de diversos contatos-radar, plotados nas telas do CINDACTA I, em pontos diferentes da Região Centro-Oeste. Ao terminar os procedimentos pós-vôo de praxe, fui liberado e autorizado a retornar para minha residência, onde cheguei por volta de 1h30m. Uma hora mais tarde, fui acordado por um novo acionamento do bip. Era outro alerta. Ao chegar à Base e entrar novamente em contato com o OPO, a orientação, desta vez, era para que o alerta fosse mantido a postos, e as aeronaves prontas para a decolagem. O meu ala e eu ficamos assim por cerca de 45 minutos. Quase às 4h, recebemos a informação de que o alerta estava suspenso, e nós, liberados."

Comandante Geraldo Souza Pinto - Piloto do Boeing 707 da Varig, que havia decolado do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em direção ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro


"Quando cruzávamos a cerca de 12 mil pés (3.600 metros), o CINDACTA I nos chamou no rádio e pediu para que confirmássemos se víamos algum tráfego na posição de 11 horas. É normal que isto ocorra, mas estranho foi quando, após respondermos negativamente, ele ter dito: 'Para sua informação trata-se de um OVNI (Objeto Voador Não Identificado)'.

Olhamos um para o outro, imaginando que não havíamos entendido direito o que viera pelo rádio e pedimos para que a informação fosse repetida. O controle confirmou a informação e ainda disse que, desde aproximadamente às 22h daquela noite, estavam aparecendo objetos não identificados, como plotes no radar. Foi aí que soubemos que, mais cedo, a Força Aérea já havia sido ativada. Nessa hora confesso que senti uma emoção indescritível.


Por volta das 3h, quando, aparentemente, os céus brasileiros não eram mais
freqüentados por nada fora do normal, um voo cargueiro da Varig, decolado
de Guarulhos para o Galeão, no Rio de Janeiro, também teve participação nos
acontecimentos. Anos depois, Geraldo se tornaria piloto-chefe da Varig.
Perguntamos se o contato estava no radar deles, e a resposta foi positiva. O controlador nos disse que a sua posição naquele momento era de 11 horas em relação a nossa aeronave e pediu para que tentássemos avistá-lo. Foi nesta hora que eu o vi. Uma luz muito forte brilhou, como um farol branco. A emoção que eu tenho até hoje se confunde com a certeza de que ele estava acompanhando a nossa fonia. No mesmo momento em que nos perguntaram se estávamos avistando o tráfego e eu respondi que não, ele piscou, como quem díz: 'Estou aqui!'
'Nós não tínhamos noção da altura do tráfego, pois os radares dos aviões comerciais são meteorológicos e, diferente dos caças, têm muita dificuldade de captar outra aeronave. Eles não são feitos para isso. O controlador também não podia saber a altura do objeto já que, sem transponder, tudo o que ele vê é a dimensão única do radar, sem diferença de altitude. O objeto estava próximo de Santa Cruz e a nossa distância era em torno de 90 milhas (cerca de 140 km). O que eu posso dizer é que ele estava, visualmente, a uns 20 graus mais alto do que nós. Atingimos nossa altitude de cruzeiro de 23 mil pés (cerca de 7.000 metros de altitude), e durante todo o voo o controlador foi nos informando sobre a aproximação. Passou para 60 milhas (cerca de 95 km), depois 50 (cerca de 80 km), o tempo todo na nossa proa.'

Éramos quatro tripulantes no cockpit escuro de um avião cargueiro, buscando os céus ávidos de encontrar uma explicação sobre aquilo que tanto se aproximava do nosso 707. De repente, eu olhei para o Nivaldo e reparei na expressão dele, como se ele quisesse me mostrar alguma coisa. Ele disse que algo tinha se deslocado deixando um rastro luminoso, mas poderia ser um meteorito, o que seria muito comum. O controlador nos avisou, então, que o alvo havia se deslocado em alta velocidade para a nossa direita, atingindo, em fração de segundos, uma velocidade incrível, algo acima de Mach 5. Um ser humano não agüentaria uma aceleração dessas. Ele morreria com tal deslocamento! Nós estávamos a umas 30 milhas (cerca de 48 km) dele. A impressão que dava era de que o contato estava se deslocando em baixa velocidade, e nós é que estávamos nos aproximando dele. A aproximação continuou. O radar ia nos avisando as distâncias: quinze milhas, dez, cinco... Na melhor das hipóteses entraríamos para a História!

Mas eu olhava, olhava e não via mais nada. Aí o controlador falou: 'Três milhas, duas, uma... Varig, o tráfego está se fundindo com o plote do seu avião. 'Nós olhávamos para cima, para baixo e não víamos nada! O Controle nos informou, então, que o alvo estava passando para trás da aeronave, mas começou a ter muita interferência no solo e o radar o perdeu de vista'.
"

"Éramos quatro tripulantes no cockpit escuro de um avião cargueiro, buscando os céus ávidos de encontrar uma explicação sobre aquilo que tanto se aproximava do nosso 707. De repente, eu olhei para o Nivaldo e reparei na expressão dele, como se ele quisesse me mostrar alguma coisa. Ele disse que algo tinha se deslocado deixando um rastro luminoso, mas poderia ser um meteorito, o que seria muito comum", disse o Comandante Geraldo Souza Pinto
A maioria das pessoas nem sabe que às 3h ainda tinha um objeto lá em cima. Na verdade, muita gente nem gosta de falar sobre isso, mas foi uma coisa que eu vi. Sinceramente, acho um privilégio! Eu mesmo já cansei de ver Vênus aparecendo de forma estranha, e muita gente acha que é um OVNI. O avião vai passando por densidades diferentes do ar, o que causa efeitos de refração, e as coisas parecem estar se mexendo ou mudando de forma. Dessa vez, porém, houve a confirmação no sistema de radar, o que nos prova que não era uma ilusão. Podia ser um avião? No início achei que sim. Poderia ser um contrabandista, um avião de espionagem, eu não sei.
 

Na época, houve várias entrevistas com pessoas de vários segmentos, cada um tentando explicar de acordo com seu campo de conhecimento, geralmente atribuindo a fenômenos físicos, químicos ou de âmbito espiritual. Mesmo assim, eu não me convenço. E aquela aceleração? A localização precisa na proa? O contato radar? A 'coincidência' de tornar-se visível ao contato de rádio inicial? Não encaixa. Era alguma coisa realmente fora do nosso entendimento. Podia ser de outro planeta, daqui da Terra mesmo, enfim, me resta apenas concluir que era um Objeto Voador Não Identificado, um OVNI".

Major Aviador Ney Antunes Cerqueira - Ex-Chefe do Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA), que Acompanhou e Participou dos Bastidores da História Diante das Telas dos Radares


"Só não podemos afirmar o que era. Mas, mediante a coincidência de detecções de radares distintos e, simultaneamente, a detecção do radar das aeronaves, não podemos negar a existência de algo. Acontece que nós não tínhamos meios técnicos para verificar visualmente como eram esses alvos, apesar do contato visual que os pilotos fizeram. Como explicar, por exemplo, os instrumentos de bordo dos F-5, que ficaram prejudicados durante o ocorrido? O rádio, porém, não sofreu nada, e a comunicação pode ser mantida o tempo todo. Havia, inclusive, as fitas com as conversas entre controladores e pilotos. Elas foram exaustivamente analisadas. Foi feito também um relato, na época, mas não posso afirmar onde as fitas se encontram agora. Provavelmente nem existam mais. 

Foto do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA)
Quando eu deixei o cargo de Chefe do CODA, as investigações já tinham sido encerradas. Analisando como técnico da Defesa Aérea, pois esta era a função que eu desempenhava, posso dizer que nós só lidamos com a realidade. Desde que tudo aconteceu, eu sempre confirmei a presença dos alvos. Se tirarmos a conclusão de análise técnica, mesmo depois de avaliar a fita do radar de Brasília, Santa Cruz e Pico do Couto, em Petrópolis, é possível verificar que realmente ocorreu uma coisa estranha. Durante um tempo, o objeto ficava parado no espaço, depois, desenvolvia velocidades acima de Mach 3. As variações eram algumas vezes instantâneas, outras gradativas.

Os alvos circundavam as aeronaves e mudavam de direção em relação a elas. Estes movimentos não permitiram maior aproximação. Tudo o que foi avistado eram luzes com variações intensas. Eu poderia até dizer, que, de alguma forma, eles queriam, sim, ser vistos. Então, ainda fica a incógnita. Que existiu, existiu. O quê? Eu não posso afirmar. Mas são acontecimentos que marcam a mente das pessoas, porque são fatos muito incomuns. Eu, com certeza, não vou me esquecer nunca daquele 19 de maio."

As Principais Notícias de Jornal e as Reportagens que Foram Exibidas por Diversas Emissoras de TV Sobre o Caso na Época


Acho interessante destacar algumas notícias que foram publicadas nos mais diversos jornais na época em que esse incidente ocorreu, assim como as reportagens exibidas em emissoras de TV. Confira primeiro algumas noticíais de jornais:

Notícia do jornal "O Estado de São Paulo" de 22 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la)
Notícia do jornal "O Globo" de 22 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la)
Notícia do jornal "Correio Braziliense" de 22 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la)
Notícias dos jornais "O Estado de São Paulo" e "Correio Braziliense" de 24 de maio de 1986
(clique aqui e aqui para ampliá-las)
Notícia publicada em um jornal não identificado, que relata algumas situações que ocorreram
na noite do dia 19 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la)
Notícia publicada no jornal "Folha de São de Paulo" do dia 24 de maio de 1986
Notícia do jornal "O Globo" do dia 24 de maio de 1986
Notícia do jornal "Folha da Tarde" do dia 22 de maio de 1986
Confira agora alguns reportagens que foram exibidas na TV, que ainda podem ser assistidas em canais de terceiros no Youtube:

Jornal Informação da RTC (Rádio e Televisão Cultura, atualmente TV Cultura) e o Jornal da Bandeirantes em 1986 (e sim, aparece o William Bonner ainda apresentando o Jornal da Bandeirantes, uma relíquia):




Jornal da Manchete - Noite Oficial dos OVNIs em 1986:




Programa Fantástico da Rede Globo exibido no dia 25 de maio de 1986 - "Ovnis sobre o Brasil":




Como dissemos anteriormente, o então Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, disse em entrevista coletiva com os pilotos, que o fato seria apurado pelo órgão. Porém o resultado, mesmo que inconclusivo das investigações, se manteve em sigilo, sendo considerado classificado (confidencial) até 25 de setembro de 2009, encontrando-se atualmente disponibilizada fisicamente no Arquivo Nacional (AN), e também em digitalizado e disponível pelo Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN).

De qualquer forma em 1986, esse incidente forçou o Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima a vir a público e reconhecer oficialmente o fenômeno, pois tal ocorrência fugiu ao controle, saturando as telas de radar que cobriam o tráfego aéreo dos principais aeroportos e aerovias do nosso país. Veja algumas declarações dele durante a coletiva de imprensa realizada no dia 21 de maio de 1986 (uma quarta-feira):

"Os radares detectaram vários objetos não identificados na área de São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro."

"Não se trata de acreditar ou não. Só podemos dar informações técnicas, as suposições são várias, tecnicamente eu diria aos senhores que não temos explicações."

O Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima faleceu no dia 23 de maio de 2011, aos 84 anos
"O radar realmente detecta objetos metálicos, ou superfícies sólidas, ou massas como nuvens pesadas. Ele reflete. São as três hipóteses. Na circunstância que ocorreu o fenômeno não havia, o céu estava totalmente limpo." (considerada a principal declaração do (Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima).

Entretanto, uma situação pouco comentada e mencionada seriam as supostas fotos de "OVNIs" que supostamente foram feitas na noite do incidente, e que teriam sido tiradas por Adenir Britto, fotojornalista do jornal ValeParaibano, da cidade São José dos Campos. Ele disse que tirou um total de 36 fotos, porém o material, assim como os negativos "teriam sido confiscados pela NASA", isso mesmo que você leu, e nunca mais foi recuperado. Calma que já vamos explicar essa história.

Vale ressaltar apenas para fins de informação, que em 2010 a publicação do ValeParaibano no formato jornal foi descontinuada, passando a ser uma revista mensal, porém continuou usando a marca "ValeParaibano", e um novo jornal foi fundado com o nome de "O Vale".

As Fotos Tiradas pelo Fotojornalista Adenir Britto dos Supostos "OVNIs" em São José dos Campos


Enquanto os grandes jornais publicavam praticamente o mesmo assunto, acrescentando apenas algumas poucas informações novas, um jornal do interior do Estado de São Paulo chamado "ValeParaibano" entraria para essa história por um motivo muito inusitado. Nesse jornal trabalhavam o fotojornalista Adenir Britto e a jornalista Iara de Carvalho, que teriam testemunhado esses pontos luminosos sobre a cidade de São José dos Campos, sendo que Adenir os fotografou!

Adenir Britto é repórter fotográfico profissional desde 1985, com grande experiência em fotojornalismo. Trabalhou em jornais, como o "ValeParaibano" e "Folha de S. Paulo", e na revista Ato. Também foi editor de fotografia durante 12 anos no ValeParaibano (1997 a 2009) e chefe de Divisão de Fotografia e Vídeo da Prefeitura de São José dos Campos (2009 a 2012). Ao longo dos anos, teve fotos publicadas em grandes jornais, revistas e sites de notícias do país. Atualmente é proprietário da empresa PhotoUP Brasil.

Enfim, teriam sido publicadas ao menos duas noticias sobre o caso, no jornal "ValeParaibano", no mês de maio daquele ano, nos dias 20 e 22, porém encontrei apenas a notícia do dia 22 de maio, e que não mostra as tais fotos. Só consegui encontrar as fotos publicadas no jornal "ValeParaibano" em notícias do mês seguinte. Porém, antes de mostrá-las a vocês, vamos comentar sobre uma matéria publicada em um antigo jornal da região do Vale do Paraíba, chamado "Vale a Pena", de julho de 2004, que retrata um pouco como foi aquela noite de Adenir Britto e Iara de Carvalho. Confira a matéria:

Matéria do jornal "Vale a Pena", de julho de 2004





Ao ler a matéria você repara que Basílio Baranoff cita como se as imagens tivessem sido tiradas no dia 29 de maio de 1986, ou seja, 10 dias após o incidente envolvendo a perseguição de caças da Força Aérea Brasileira a "OVNIs" no espaço aéreo brasileiro. Porém, em diversas notícias e até mesmo em declarações do próprio Adenir Britto para outros jornais e revistas, ele afirma que tudo teria acontecido no dia 19 de maio. Portanto, passei a acreditar, que tenha havia uma mera "troca de números" nessa matéria.

Ao entrar em contato com Wagner Ribeiro, proprietário da página "São José dos Campos Antigamente" no Facebook, que foi justamente de onde eu retirei essa matéria, ele me informou que foi meramente um erro de digitação, e que tudo teria ocorrido mesmo no dia 19 de maio. Portanto, irei transcrevê-la parcialmente abaixo, adaptando-a para o dia 19, combinado? Fica apenas essa ressalva caso posteriormente seja dito o contrário em algum momento no futuro. Confira:

"Há 12 anos no ValeParaibano, hoje editor de fotografia, o mineiro de Conceição do Rio Verde, Adenir Britto, 41, descreveu, em 23 de abril último, os acontecimentos que envolveram as fotos espaciais que fez: "Em primeiro lugar, sinto uma grande satisfação em trabalhar e vestir a camisa do jornal. Me considero da casa, foi meu primeiro emprego, em 1985, contratado pelo editor João Albano para trabalhar no laboratório e fotografar. Me lembro como se fosse hoje, desde o início do mês de maio de 1986 foram muitas as notícias sobre aparecimentos de OVNIs em São José dos Campos. No dia 19 a surpresa foi enorme: dentre as muitas ligações recebidas, uma, no começo da noite, fez a jornalista Iara de Carvalho, hoje diretora do Diário de Taubaté, levantar da redação, se dirigir à varanda e enxergar algumas luzes. Imediatamente acionou o fotógrafo, eu por sorte. Peguei a máquina e comecei a fotografar um objeto que se movimentava mudando as cores, jamais havia visto algo parecido, fiz umas 10 fotos do OVNI que foram publicadas. Alguns dias depois, na parte da manhã, apareceu no jornal, um americano chamado JJ Hurtak, que se identificou como cientista da NASA, segundo me informaram acompanhado de alguém do CTA, queriam dar uma olhada no material produzido. Quando cheguei na parte da tarde verifiquei que haviam levado os negativos. Até hoje não recebi nenhuma explicação a respeito do assunto. Sinceramente, gostaria de conhecer o destino do material.

O Depoimento da Jornalista Iara de Carvalho:

"Aconteceu no dia 19 de maio de 1986, mais ou menos 21 horas. O telefone da redação do Jornal ValeParaibano, onde trabalhava, tocou e atendi na minha mesa. Uma voz masculina afirmou: "tem um disco voador pairando sobre o jornal e vocês não estão vendo." Sai correndo para o pátio do jornal, olhei pro céu e vi uma luz branca, forte, parada, sobre o hoje Center Vale Shopping, um pouco mais à esquerda. Gritei para o fotógrafo Adenir Britto vir depressa com medo de que não desse mais tempo. Ele veio rápido, focou a luz e bateu a foto. Não houve tempo para me emocionar ou ficar deslumbrada.


"Sai corrento para o pátio do jornal, olhei pro céu e vi uma luz branca, forte, parada, sobre o hoje Center Vale Shopping, um pouco mais à esquerda. Gritei para o fotógrafo Adenir Britto vir depressa com medo de que não desse mais tempo", disse Iara de Carvalho
Na verdade, não tive a certeza de que se tratava de um OVNI. Mandei fazer a foto, se fosse, a chance não seria perdida. Alguns poucos dias depois, quando cheguei na redação, mais ou menos às 10 horas, soube que uma pessoa da NASA, acompanhada de alguém do CTA, havia chegado mais cedo, solicitado as fotos e os negativos, e até comentado que, se não fosse uma montagem certamente teríamos avistado e fotografado um OVNI. Ora, a foto era autêntica. O negativo foi levado, segundo soube, emprestado e não voltou, pelo menos durante o tempo que continuei trabalhando lá..."

Na matéria ainda foi citado que a câmera utilizada era uma Nikon com lente teleobjetiva de 500 mm e filme de 6.400 asas, tempo de exposição de 5 segundos. Confira as imagens:




Agora confira trechos de matérias contendo declarações de Adenir Britto que foram publicadas posteriormente:

Trecho da matéria publicada na Revista "ValeParaibano" de 1 de maio de 2011 (Páginas 36 e 37):


Páginas 36 e 37 da Revista ValeParaibano de 1 de maio de 2011

Trecho da notícia publicada no site do jornal "O Vale" em 19 de maio de 2016:

"Britto trabalhava no jornal ValeParaibano naquela noite, em 19 de maio de 1986, quando o veículo recebeu mais de 60 telefonemas de pessoas relatando ter visto luzes estranhas no céu da cidade.

Ele foi o único fotógrafo a documentar as luzes coloridas, que sumiram tão repentinamente como haviam aparecido depois de oito horas de manobras inexplicáveis.
"

Trecho da notícia publicada no site do jornal "Estado de São Paulo" em 19 de maio de 2016:

"O repórter-fotográfico Adenir Britto, 51, que trabalhava para o hoje extinto jornal 'ValeParaibano', testemunhou o fato e foi o único profissional a registrá-lo. 'Estávamos no fechamento de edição, quando repórteres atendiam ligações de pessoas que diziam estar avistando 'discos-voadores' nos céus de São José dos Campos. De início, não demos muita importância, pensando se tratar de trotes. Mas o número de ligações na redação aumentavam , vindo de diferentes regiões da cidade', disse

'Incrédulos, eu e a jornalista Iara de Carvalho decidimos ir até o pátio do jornal para conferir. Começamos a olhar para o céu, quando avistamos luzes multicoloridas que se movimentavam rapidamente em todas as direções, onde as cores vermelha, amarela e alaranjada predominavam. O que mais impressionava eram as retomadas de velocidade, seguidas de uma desaceleração brusca. Vimos que não se tratava de objetos com interferência humana como balões, aviões e outros. Era impossível existir invenções humanas capaz de impor tamanha velocidade e de repente ficar imóvel', relembra Britto.

Segundo ele, representantes da Nasa, acompanhados por militares do Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos, levaram os negativos fotográficos para 'estudos'. O material nunca foi devolvido. O que restaram foram recortes de jornais da época, com as fotos publicadas.
"

Trecho da reportagem publicada no "Portal G1" em 19 de maio de 2016:

"O único registro fotográfico do evento, de um fotojornalista de São José dos Campos, foi confiscado pela NASA - esse material nunca foi recuperado. 'À época um cientista que se dizia da NASA foi ao jornal recolher o negativo desse material para análise. Era o único registro que tínhamos do que aconteceu naquela noite. Eles nunca devolveram esse material ou apresentaram um parecer sobre o que a análise das imagens', contou o fotógrafo Adenir Britto.

Apesar de não ter os filmes originais das fotos, ele guarda o registro do que foi publicado em preto e branco na edição do jornal do dia 20 de maio de 1986
."

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Enfim, superando essa questão da data em que as fotos foram tiradas, ainda temos a situação de alguém se dizendo pertencer a NASA, a agência aeroespacial norte-americana, que foi até a cidade de São José dos Campos para recolher os negativos de fotos supostamente tiradas no dia do incidente, e disse que seriam analisadas nos Estados Unidos, porém esse material nunca mais foi recuperado. Veja as notícias publicadas pelo ValeParaibano naquela época:

Notícias publicadas pelo jornal "ValeParaibano" nos dia 22 de maio e 20 de agosto de 1986



Notícia publicada pelo jornal "ValeParaibano" em agosto de 1986
O destaque fica por conta da notícia publicada no dia 20 de agosto de 1986 (cerca de 3 meses após o incidente), que tinha o seguinte texto: "Os negativos das fotografias feitas pelo jornal Vale Paraibano, de discos voadores que teriam sido avistados sob os céus de São José dos Campos nas últimas semanas de maio, vão ser analisados pela NASA. Para pedir uma cópia delas, o diretor da Technology Marketing Analysis Corporation, de São Francisco, Califórnia, J.J. Hurtak, passou ontem por São José dos Campos, rumo aos Estados Unidos. Ele fez revelações à reportagem e associou a presença de OVNIs à existência de vidas em fases mais adiantadas, em outros pontos do universo."

A resposta para saber quem era J.J. Hurtak que foi mencionado naquela época, está em uma postagem do site DefesaNet de 17 de agosto de 2014, onde conta que o norte americano J.J. Hurtak (James Joachim Hurtak), é um "cientista social", "especialista em sensoriamento remoto" e "futurista". O Dr. Hurtak teria sido o primeiro a "prever os acidentes geográficos piramidais em Marte e liberar os documentos de filmes reais das pirâmides na região de Elysium de Marte, em 1973" Ele é mais conhecido por este livro intitulado "O Livro do Conhecimento: As Chaves de Enoch", no qual no início de 1970, ele publicou a "relação incomum dos eixos de estrelas na Grande Pirâmide com o Cinturão de Órion".

J.J Hurtak escreveu e traduziu diversos livros, incluindo comentários sobre textos místicos e gnósticos antigos. Alguns dos trabalhos de Hurtak podem ser compreendidos como "metafísica, particularmente com enfoque a mística na natureza". Ele também desenvolve pesquisas comparativas sobre o tema da vida extraterrestre. Confira um vídeo que ele comenta sobre a noite do dia 19 de maio e mostra uma reportagem do ValeParaibano (em inglês):



Além disso, J.J. Hurtak é fundador da Academy for Future Science (AFFS). Uma entidade norte americana e ramificada em diversos países, que não diz quem são seus financiadores. Porém, destaca que "trabalha para ajudar a melhorar a criatividade futura da humanidade por meio de explorar as muitas técnicas de manifestações educativas e filosóficas em um contexto de aprendizagem de programas educacionais para os jovens nos países em desenvolvimento. Usando ferramentas de multimídia para a transposição rápida de novas ideias da ciência em várias línguas, o objetivo da Academia é para fazer melhorias que irão beneficiar a comunidade mundial através da partilha de conhecimento superior".

No Brasil, a "Academy for Future Science" trabalharia supostamente para "proporcionar educação em ciência da computação, engenharia de laser para produtos médicos e industriais, estudo de sensoriamento remoto ambiental na Amazônia, e auxiliando na proteção das tribos indígenas, como no Estado do Acre e do Mato Grosso". De qualquer forma, isso é muito estranho.

A Noite Oficial dos OVNIs Foi Um Evento Isolado?


Há quem diga ainda que a "Noite Oficial dos OVNIs", não foi um evento isolado. O caso teria feito parte de uma grande "onda ufológica", de "curta duração", iniciada na segunda metade de maio e que teria se estendido até meados de junho daquele ano. Os primeiros avistamentos daquela onda teriam ocorrerido dois dias antes, na noite de 17 de maio na cidade do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, uma testemunha presente na região do bairro de Jacarepaguá, teria avistado um grande objeto luminoso, de cor alaranjada, que evoluiu entre 15 e 20 minutos sobre a região. No dia seguinte, 18 de maio, ocorreu um novo avistamento, também no Rio de Janeiro. A testemunha, Dra. Ângela Strohscneider, teria observado, por volta das 3h30 da madrugada, objetos esféricos, de cor amarela ou dourada, evoluindo em formação, sobre a região do Jardim Botânico. Algumas horas mais tarde, as 9h12, outra testemunha, Marcelo Viana, teria observado dois objetos voadores, um em forma de pião, deslocando-se da região da Tijuca para o Sumaré.

No dia seguinte, 19 de maio, seria a fatídica noite em questão, testemunhada por militares da Força Aérea Brasileira, pilotos civis e por diversas testemunhas em terra. No dia seguinte, 20 de maio, diversos moradores do bairro de Santa Luzia, na cidade de Riberão Pires (ABC Paulista), observaram objetos desconhecidos no céu. Entre as testemunhas destas aparições está Carlos Airton da Silva, na ocasião morando na rua Colorado, que observou, por volta das 20h, uma grande bola luminosa que mudava de cor, do vermelho para o amarelo, e que se movimentava continuamente, para a esquerda e para a direita. Outros inúmeros eventos também teriam sido registrados até meados de junho em diversas cidades do país.

Tivemos também outros avistamentos de OVNIs cujas ocorrências também foram registradas pela Força Aérea Brasileira naquele mesmo ano, para acessá-las, basta qualquer pessoa procurar, por exemplo, pela sigla "ovni" (sem as aspas) no SIAN. Uma vez que são inúmeros casos, não publicaremos o conteúdo deles nessa postagem, porém fica o convite para quem estiver interessado em tais casos, para que acessem os links mencionados acima.

A Reportagem da TV Vanguarda, do Programa Fantástico e a Polêmica História Sobre as Fitas Contendo o Áudio da Noite de 19 de maio de 1986


Finalmente chegamos na parte que a maioria de vocês teve acesso pela televisão, que basicamente girou em torno de um eventual festival dos discos voadores ou então de que ao menos um caça da Força Aérea Brasileira estava preparado para disparar um missel contra um alvo em seu radar. Aprecio muito fornecer a vocês uma espécie de "mapa da notícia", e mostrar o caminho trilhado até culminar em um determinado ponto, que nesse caso foi essa reportagem exibida no Fantástico, em 22 de maio desse ano.

Antes dela foi publicada uma notícia no Portal G1 no dia 19 de maio desse ano, uma quinta-feira, e assinada pela jornalista Poliana Casemiro, que pertence a TV Vanguarda. A Vanguarda é uma rede de televisão regional sediada em São José dos Campos, fundada em 2003 por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o "Boni", sendo que é afiliada da Rede Globo. Ela transmite sua programação para todo o Vale do Paraíba e Litoral Norte do Estado de São Paulo, possuindo duas geradoras, uma em São José dos Campos, onde fica a sua sede, e outra em Taubaté, além de mais de 50 retransmissoras.

A matéria citava o consultor da revista UFO, Renato Mota, dizendo que o aparecimento foi o maior contato de vida inteligente fora da Terra com humanos. "São 130 bilhões de estrelas. Achar que só a Terra é habitada é egoísmo. Hoje a questão não é mais se existe vida fora da Terra, já sabemos. A questão agora é quando eles vão se apresentar", disse Renato.

Oli Luiz Dors Júnior, astrofísico da Universidade do Vale do Paraíba (Univap)
Já para o astrofísico da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Oli Luiz Dors Júnior, não há comprovação científica, que afirme que há vida fora da Terra, e que a explicação para a noite de 19 de maio foi a passagem de um cometa (ainda vamos chegar nessa parte sobre a passagem do Cometa Halley).

"Quando entra na atmosfera, o cometa esquenta e emite luz. Isso explica os pontos brilhantes e a detecção pelo radar, já que tem massa. O número pode ser explicado pelos meteoros que acabam acompanhando o cometa", explicou.

Além disso, foi exibida uma reportagem durante um jornal da própria emissora. Confira o que foi exibido e divulgado em um canal de terceiros no Youtube:



Logo em seguida, no dia 22 de maio, foi ao ar a reportagem realizada pelo Fantástico, mesclando reportagens e entrevistas da época, com animações produzidas recentemente. A matéria deu grande ênfase ao então Segundo-Sargento Sérgio Mota da Silva, controlador da torre do Aeroporto de São José dos Campos, e o primeiro a informar a respeito dos supostos OVNIs que estariam sobrevoando a cidade. No entanto, ele preferiu não mostrar o seu rosto.

Foi justamente de Mota a mais surpreendente revelação da matéria, a de que tentou fazer contato com os objetos, aumentando e diminuindo a intensidade das luzes de balizamento da pista de pouso do Aeroporto de São José dos Campos. O controlador disse que aumentando as luzes, o OVNI se afastava, e quando as diminuía, o objeto tornava a se aproximar. "Parecia responder de modo inteligente aos sinais que eu fazia com as luzes da pista", disse Sérgio Mota. Outro destaque entre os trechos de gravações exibidas foi a orientação de Brasília a Sergio Mota, dizendo: "Se alguém perguntar se viu, você não informada nada, viu? Você não viu nada e não sabe de nada". Outro trecho mostra o diálogo entre o piloto do primeiro caça Mirage F-103, que decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás e o controle aéreo, confirmando o contato visual com um dos OVNIs.

Os diálogos em código deixam claro que o caça chegou a se aproximar do intruso a ponto de tê-lo dentro do alcance de seus mísseis, porém o OVNI se afastou em alta velocidade. Ele usa dois termos técnicos para isso: o primeiro é "caçador passando a rojão" e o segundo é "eu tenho judite agora".

O termo "caçador passando a rojão" significa tão somente o procedimento de armar o missel. Depois, eventualmente você deve "travar" o alvo, seria como o "led verde" quando você tenta focar com a lente da câmera, que neste caso seria o "eu tenho judite agora". A grande pergunta que fica nesse trecho é se o avião aceitaria travar o alvo apenas sendo luz, ou seja, em condições normais ele travaria se o "objeto" tivesse massa.

Confira a reportagem do Fantástico de 22 de maio desse ano, em um canal de terceiros no Youtube:



No dia seguinte, 23 de maio, segunda-feira passada, o assunto ganhou uma repercussão muito grande, no qual recebemos centenas de pedidos para que fizessemos essa postagem. É claro que o assunto também iria repercutir na comunidade ufológica, sendo que não foi bem recebida por Ademar José Gevaerd, ufólogo e editor da Revista UFO.

Ele fez duras críticas, e inclusive uma espécie de denúncia contra os ufólogos Josef David S. Prado, presidente da BURN (sigla para "Brazilian UFO Research Network" ou Rede Brasileira de Pesquisas Ufológicas, em português) e Edison Boaventura Júnior, presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) e Diretor de Pesquisa de Campo da BURN, que participaram ativamente para a liberação gratuita dos áudios gravados entre pilotos, controladores de voo e operadores de rádio naquela noite.

Veja o que Ademar Gevaerd postou em sua conta no Facebook, no 23 de maio:

Postagens de Ademar José Gevaerd, ufólogo e editor da Revista UFO, em sua conta no Facebook

Evidentemente não entraremos no mérito dessa questão, cada um tem seus motivos para realizar seus desabafos, e consequentemente arcar com as reações mais ou menos inflamadas das demais pessoas nos comentários. De qualquer forma, é importante ressaltar um detalhe. O áudio de 8 fitas cassetes, de um total de 16 foram disponibilizados em arquivo digital, pelo próprio SIAN, ou seja, pela internet para que qualquer pessoa pudesse acessar, em outubro de 2015.

Como Fazer Para Escutar os Áudios Dessas Fitas Cassetes?


Se você quiser conferir nesse momento, basta seguir esse procedimento:

1. Acesse o site: http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp
2. Clique em Multinível - Fundos e coleções do Arquivo Nacional;
3. No item "Nível de Descrição" selecione "Todos os Níveis";
4. No item "Termos", no campo abaixo da caixa de seleção "contém" escreva "Fita cassete" (sem as aspas);
5. No item "Período" coloque de 1986 até 1986 (desse jeito mesmo);
6. Clique no botão "Pesquisar".

A pesquisa traz o registro de 8 fitas cassetes de um total de 16. Para acessar o arquivo desejado, clique no ícone do CD (no canto direito). Uma nova janela será aberta. Em seguida clique no ícone da "Lupa". Será aberta a janela com o áudio da gravação escolhida. Simples assim. Pelo que se sabe essas 8 fitas tratam exclusivamente do caso de 19 de maio de 1986. As demais apresentam diálogos em outras ocasiões, além de pesquisas e entrevistas com testemunhas feitas diretamente pela Força Aérea Brasileira em diferentes episódios.

Segundo o site da Revista Vigília, a "Lei de Acesso à Informação", editada em 2011, já estabelecia que o material fosse disponibilizado ao público. Porém, se tratando de conteúdo multimídia, o acesso estaria longe de ser fácil. Seria preciso saber o que procurar, especificamente, ir até Brasília para fazer a busca pessoalmente, e pagar caro para conseguir as cópias. O custo? Cerca de R$ 30,00 por minuto. Com pouco menos de 13 horas de gravação no total, incluindo as conversas entre controladores e pilotos em diversas ocasiões, os documentos custariam cerca de 23 mil reais para cada pessoa interessada.

Ao acessar a "Tabela de Prazos e Valores dos Serviços de Reprodução Realizados Pelo Arquivo Nacional" verifiquei que cópia de um documento sonoro em disco ótico (CD ou DVD) tem um valor de R$ 10,00 por minuto se o material for utilizado de forma acadêmica ou de natureza não comercial. O valor de R$ 30,00 é referente ao valor da cópia para a utilização comercial. Mesmo o valor caindo R$ 10,00 ainda seria inviável para qualquer pessoa, pois custaria por volta de 8 mil reais.

Os ufólogos ufólogos Josef David S. Prado (à direita), presidente da BURN (sigla para "Brazilian UFO Research Network" ou Rede Brasileira de Pesquisas Ufológicas, em português) e Edison Boaventura Júnior (à esquerda), presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) e Diretor de Pesquisa de Campo da BURN
Edison Boaventura Júnior estava negociando a liberação do material com a Ouvidoria do Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, desde abril de 2015. Ainda segundo esse site, antes mesmo da revisão da "Lei de Acesso à Informação", ele tinha em seu poder milhares de páginas de documentos secretos originais vazados da Força Aérea Brasileira ao longo dos anos a respeito de OVNIs, e já tinha barganhado esses documentos com a Ouvidoria do Arquivo Nacional.

"Em 2009 o Edison fez um acordo com a Arquivo Nacional: ele dava todos os documentos originais pra eles, em troca eles mandariam ao pesquisador tudo que receberam e viessem a receber sobre OVNIs", disse Josef Prado, que estava cuidando do processo de conversão das gravações para disponibilizar integralmente no canal do Portal BURN no Youtube.

Trecho do ofício que atesta a permuta entre o Arquivo Nacional e o pesquisador Edison Boaventura Jr.
Sabendo da existência de muitos registros audiovisuais em poder da FAB, Edison Boaventura Júnior resolveu acionar o acordo pela liberação pública e gratuita. O comunicado oficial da Coordenação-Regional do Arquivo Nacional do Distrito Federal (COREG) chegou por e-mail, no dia 22 de outubro de 2015.

"Informamos que todos os arquivos digitais dos documentos sonoros do fundo OVNIS estão disponíveis ao público para consulta no Sistema de Informações do Arquivo Nacional – SIAN. Assim sendo, o compromisso assumido pelo Arquivo Nacional com o senhor e demais interessados no tema está concluído. No que tange aos documentos audiovisuais, daremos uma nova analisada e voltaremos a entrar em contato", informou uma ouvidora chamada Wanda Ribeiro no documento.

Email enviado pela ouvidoria do COREG para o pesquisador Edison Boaventura Jr.
De qualquer forma é difícil dizer quem tem razão, quem tirou vantagem de quem nessa história ou quem quis criar fama em cima de quem. Sinceramente, sem desmerecer ninguém, o mais importante que esses áudios vieram a público, estão disponíveis para qualquer um escutá-los a qualquer hora do dia, sem precisar se deslocar a Brasília para ouví-los, e pagar o preço de um carro popular por isso. Penso que no âmbito da Ufologia o mais importante é realmente a colaboração e a união de esforços. Não estou na pele de ninguém, e sequer tenho propriedade para falar sobre, porém vamos pensar apenas no interesse público, e comemorarmos esse avanço em prol de um interesse comum, que muitos de nós compartilhamos ainda que não façamos nada por ele.

Enfim, o conteúdo de ao menos 3 fitas, que "aparentemente" seriam as mais revelantes para o caso, você pode escutar no Youtube, através dos vídeos postados pelo próprio Canal BURN. Confira!

Parte 1/3 - Código de Referência BR DFANBSB ARX.0.0.691



Parte 2/3 - Código de Referência BR DFANBSB ARX.0.0.692



Parte 3/3 - Código de Referência BR DFANBSB ARX.0.0.693



Enfim, AssombradOs, após tanto conteúdo estamos nos praticamente nos encaminhando para a parte final dessa postagem. Afinal de contas, após tanta euforia e alarde por parte da Força Aérea Brasileira, quais
seriam as possíveis explicações para o aconteceu na noite de 19 de maio de 1986? É justamente isso que vocês vão descobrir a partir de agora!

As Possíveis Explicações que Surgiram Para os "Fenômenos Luminosos" ou "OVNIs" que Apareceram nos Radares da Força Aérea Brasileira na Noite de 19 de Maio de 1986


Sem dúvida alguma, o episódio de "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil", teve grande repercussão e ampla cobertura da midia. Graças à isso, o caso ganhou espaço em jornais do mundo inteiro. Naturalmente, diante de fatos "assombrosos" e de natureza "desconhecida", especialistas de diversas áreas foram consultados pelos órgãos de imprensa. Com isso, surgiu uma verdadeira polêmica para tentar explicar o que havia acontecido no céu do Brasil naquela noite. Vamos a algumas delas:

Eventos Astronômicos e Anomalias Magnéticas


Entre as explicações mais comuns, oriundas do meio científico, estão as que envolvem eventos astronômicos, notadamente meteoros, e erros de interpretação de corpos celestes no céu noturno.

"São chuvas de meteoros. A Terra passou pela órbita do Halley, onde deixou partículas que agora estão caindo no nosso planeta", disse na época o astrônomo Jacques Danon, então diretor do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

"O caso de São Paulo é nitidamente uma estrela, provavelmente a Arcturus, da Constelação do Boeiro; o do Rio de Janeiro seria o planeta Vênus, ambos revelados nos próprios filmes exibidos na televisão. Podem estar associados a meteoroides oriundos da passagem do Halley", disse na época o astrônomo José Manoel Luis da Silva.

De fato, em 1986, a população esperava ansiosa pela passagem do cometa Halley. De acordo com a mídia,  fenômeno seria um espetáculo singular. Nem toda a informação existente sobre cometas já naquela época foi suficiente: as especulações sobre o perigo que o planeta corria estava presente no imaginário das pessoas. Dizia-se, por exemplo, que os gases que compunham a cauda do cometa seriam venenosos e poderiam intoxicar a população.

Apesar do alarde, aquela passagem do Halley frustrou a população. No lugar de um astro brilhante com uma grande cauda, o que se viu foi uma pequena mancha no céu quase imperceptível. Na aparição anterior, em 1910, havia um misto de curiosidade e medo.

De fato, em 1986, a população esperava ansiosa pela passagem do cometa Halley. O fenômeno seria um espetáculo singular, de acordo com a mídia. Apesar do alarde, o Halley frustrou a população. No lugar de um astro brilhante com uma grande cauda, o que se viu foi uma pequena mancha no céu quase imperceptível
Como dissemos, o resultado da exposição na imprensa do Halley gerou uma grande expectativa na população. O Planetário do Rio de Janeiro ficou aberto para a observação e recebeu cerca de 10 mil visitantes na semana da passagem do cometa (entre o final de março e início de abril daquele ano). Porém, como dissemos, ficou abaixo da expectativa visual para muitas pessoas.

O grande problema do dia 19 de maio é que os tais "OVNIs" ora permaneciam estáticos, ora em deslocamento irregular ou em velocidades que variavam de poucos quilômetros por hora até "15 vezes a velocidade do som" (Mach 15). Algumas vezes, a variação de velocidade era instantânea. Também havia alteração abrupta da trajetória, e sem perda de velocidade. Um dos pilotos declarou ter avistado e captado por radar, OVNIs que deslocavam-se em movimentos de zig-zag, em alta velocidade.

Uma outra interessante tentativa de explicar o caso foi uma matéria publicada no jornal "O Estado de São Paulo" de 19 de junho de 1986, que apontou a responsabilidade para "massas ionizadas". Confira a notícia:

Matéria publicada pelo jornal "O Estado de São Paulo" em 19 de junho de 1986
Confira alguns trechos dessa notícia:

"Com a repercussão dos objetos voadores não identificados que apareceram nos céus paulistas na noite de 19 de maio, surgiu a necesssidade óbvia de esclarecimentos(...)
 

(...)Na ausência de pronunciamento da Goddard Space Flight Center, os radioamadores avançados em São Paulo, agregados na BRAMSAT, seção brasileira da The Radio Amateur Satellite Corporation AM-SAT, compilaram os fatos que podiam resultar em uma explicação plausível não relacionada com artefatos espaciais lançados pelo homem(...)
 

Durante o mês de maio de 1986 a média de fluxo solar em 2,8 Gigahertz, medido diariamente às 17 horas em Ottawa-Canadá, era apenas de 72,4, corrrespondente a um número Zurich (conhecido também como número de Wolf em homenagem ao suíço que o originou) de manchas solares de 12.

Embora este número seja baixo, devido ao fato de nos encontrarmos atualmente entre o Ciclo 21 e Ciclo 22 de manchas solares (com periodicidade entre 9 e 13 anos, com média de 11), o que importa, não é aparentemente o valor médio, mas a sua variação a curto prazo que provoca pertubações magnéticas, da mesma forma que a variação do fluxo de elétrons em seu redor, e induz tensões elétricas em outros condutores.


Já aconteceu no auge do Ciclo solar 21, em novembro de 1979, que a contagem de manchas solares caiu num período de 18 dias de 383 para 154. As pertubações magnéticas e ionizações resultaram, também daquela vez, em boatos sobre discos voadores e outros objetos não identificados.

Neste ano de 1986, o primeiro sinal de irregularidades de fluxo solar foi observado no dia 8 de fevereiro, quando pertubações na camada ionosférica 'E' causaram efeitos aurora em quase todos os Estados Unidos, dando, simultaneamente, condições anormais de propagação em frequências de VHF e UHF aos radioamadores experimentadores.

As diversas camadas da Ionosfera
As pertubações continuaram ao menos até o dia 12 de fevereiro quando chegaram a interromper a recepção, pela NASA, dos sinais da sonda interplanetária Voyager-2 e, pela Amsat, do satélite amador OSCAR-10.

Agora, em maio, a pertubação foi mais intensa, com consequências mais visíveis e até danos físicos em ao menos um satélite. O que houve foi um aumento de três vezes no número de manchas solares num período de cinco dias... O número Zurich de manchas solares aumentou entre os dias 15 e 20 de maio proporcionalmente de 7 para 21 (este número não é contagem direta, mas é proporcional à soma do número de manchas com dez vezes o número de grupos de manchas)...
 

(...)Na segunda-feira 19/05, rompeu-se a camada ionizada, que encontre a Terra em forma de esfera(...)

(...)O que é ionização? Por definição, a ionização é o desdobramento de moléculas em dois ou mais átomos eletricamente carregados, por exemplo, na ionosfera, pela colisão provocada por bombardeamento por altas energias. Quando os elétrons estão misturados com os íons positivos em números aproximadamente iguais entre si, eles formam um plasma altamente condutivo capaz de refletir até ondas decimétricas como se fosse objetos metálicos. Estes volumes de plasma podem ser detectados nas telas dos radares(...)

(...)Simultaneamente com a reflexão de ondas radioeléticas, as massas ionizadas podem emitir luz pelo efeito conhecido como efeito autora, podendo ter dado aos pilotos, na noite clara de segunda-feira, 19/05, a impressão de objetos verdadeiros(...)"

Interessante, não é mesmo? Não sei atestar se realmente essa explicação condiz com o nível de conhecimento científico que temos hoje em dia ou até mesmo daquela época. Entretanto, o texto foi publicado por um radioamador chamado Iwan Thomas Halasz, conhecido por escrever um livro chamado "Handbook do Radioamador", único editado em Português, merecedor do prêmio Jabuti em 1994.

Aliás houve uma explicação "parecida" por parte da FAB, quando pressionada pelo ufólogo Rafael Cury em setembro de 1991:

Carta do Centro de Comunicação Social do Ministério da Aeronáutica de 11 de setembro de 1991
 A FAB alegou na época que anomalias magnéticas tinham gerados "plots" nos radares. Porém, chegaram a mencionar que "todo o aparato militar de defesa do espaço aéreo foi mobilizado sem que, efetivamente, fosse feito qualquer contato visual que justificasse a presença daquele(s) "plot(s)". Algo que aparentemente não condiz com os áudios divulgados desde o ano passado.

Espionagem ou Guerra Eletrônica


Entre as explicações para os eventos da noite de 19 de maio está a de uma possível espionagem ou guerra eletrônica, levada a cabo pelos Estados Unidos ou União Soviética.

"Um país superdesenvolvido resolveu fazer um teste com os radares brasileiros. Uma manobra onde se coloca diante das telas dos radares muitos pontos não importantes de chamarizes, ofuscando o sistema de radares, que deixam os instrumentos militares, a aeronave e o foguete encobertos. Um conjunto de pequenas aeronaves teleguiadas, as quais usam pequenos foguetes com uma geometria mais bidimensional, mas plana, alguma coisa mais fina e leve, com uma propulsão própria e telecomandada", disse Luis Carlos Menezes, então físico da Universidade de São Paulo (USP).

Já Roberto Godoy, especialista em armamento, foi mais além:

"O Brasil foi espionado por algum país, alguma potência interessada em fotografar, especialmente o Vale do Paraíba, litoral sul do Rio de Janeiro e litoral norte de São Paulo. É a região estratégica mais importante do país: indústria bélica brasileira (primeira em armas do terceiro mundo), indústria aerospacial, Centro Tecnico Aerospacial, usina atômica de Angra dos Reis, principal terminal de recebimento de petróleo (terminal Almirante Barroso em São Sebastião), que faz ligação direta com a Refinaria da Petrobrás, no Planalto Paulista", disse Roberto Godoy.

"Uma da aeronaves, repletas de computadores e sensores, soltam cargas externas para criar confusão eletrônica, saturação e ilusão de ótica no radar. As cargas são esféricas, cilíndricas e metálicas, que emitem luz colorida, calor e tem propulsão própria por alguns minutos. Tecnologia muito avançada, dominada pela União Soviética e pelos Estados Unidos, e com uma geração de atraso pela Inglaterra e pela França", completou.

"Não tenho dúvida de que se trata de algo compreensível a luz da ciência. Não tem nada a ver com objetos extraterrestres. Aviões não identificados produzem os efeitos semelhantes àqueles que foram observados. Objetos balísticos atravessaram o céu brasileiro a uma altitude baixa", disse o então físico da UFRJ, Luis Pinguelli Rosa.

Muitos consideram que os Estados Unidos e a União Soviética tinham tecnologia, já naquela época, suficiente para fotografar qualquer objeto de interesse em solo brasileiro, sem correr quaisquer riscos. De qualquer forma expor desnecessariamente aeronaves de alta tecnologia, em território desconhecido, geraria custo e em caso de abate de alguma aeronave, pode resultar sério incidente diplomático. Será que valeria a pena correr mesmo esse risco?

Outras Sugestões Feitas Naquela Época


Outros cientistas, assim como o físico José Zats, atribuíram o fenômeno a meros reflexos. "Pelas informações divulgadas, não se pode afirmar que era OVNI. Poderia ser um reflexo", disse José Zats.

Alguns cientistas, mais ponderados, embora não admitissem a existência dos OVNIs, não os negaram precipitadamente. É o caso dos físicos Mario Schemberg e Aydano Barreto Carleial, que prestaram declarações neutras a respeito dos casos.

"Já ouvi muitos relatos de pessoas que tiveram experiências com OVNIs. O fato de a Aeronáutica admitir oficialmente OVNIs no céu brasileiro vai fazer com que se aceite cada vez mais a hipótese dessa existência", disse Mário Schemberg.

"Pode ser um OVNI. Como refletiu nas telas do radar deve ser material, mas não sei de que tipo.", disse Aydano Barreto Carleial, então diretor de programas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entretanto, havia um consenso maior por parte das pessoas de que o fenômeno havia sido causado por um evento atmosférico ou simplesmente falha nos instrumentos.


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