"Brasília? Boa noite! Bem-vindo ao festival dos discos voadores." Foi
exatamente com essa frase, que o controlador de voo da torre do
aeroporto de São José dos Campos, localizado no Vale do Paraíba,
interior do Estado de São Paulo, o então Segundo-Sargento da Força Aérea
Brasileira (FAB), Sergio Mota da Silva, atendeu a uma ligação do Centro
de Controle de Área Brasília (ACC-BS), por volta das 20h do dia 19 de
maio de 1986, uma segunda-feira. Esse dia entraria para a história da
Ufologia brasileira e consequentemente mundial como a "Noite Oficial dos
OVNIs no Brasil".
Sem dúvida alguma, a noite do dia 19 de maio daquele ano foi uma das
mais movimentadas no espaço aéreo brasileiro. Além das aeronaves
comerciais, que passavam habitualmente pelos céus da região Sudeste do
nosso país, outros supostos "objetos voadores não identificados", e
supostamente inteligentes, também teriam marcado presença. Ao longo
daquela histórica noite, cerca de
"21 objetos luminosos",
aparentemente esféricos e com tamanhos presumidos entre
50 e 100 metros de diâmetro
foram avistados, captados por diversos radares, e perseguidos por caças
da Força Aérea Brasileira, sendo testemunhado também por tripulantes e
passageiros de aeronaves comerciais. Os fatos chegaram ao conhecimento
da imprensa, que rapidamente promoveu uma ampla difusão da notícia. O
próprio Ministro da Aeronáutica na época, o Tenente-Brigadeiro Octávio
Júlio Moreira Lima, realizou uma coletiva imprensa juntamente com os
militares envolvidos no avistamento e perseguição desses misteriosos
"objetos luminosos".
O caso não é exatamente novo para os ufólogos, visto que desde aquela
época o assunto era amplamente divulgado pela imprensa, e ao longo do
tempo foi objeto de diversas entrevistas, matérias e pesquisas. No dia
25 de maio de 1986, o programa "Fantástico" da Rede Globo exibiu uma
reportagem abordando esse caso, e agora cerca de 30 anos depois, mais
precisamente no dia 22 de maio, exibiu uma nova reportagem. Nessa nova
reportagem foram inclusos trechos de áudio, e imagens de páginas de
documento chamado "Relatório de Ocorrência" realizado pela Aeronáutica
em 1986, porém só foi divulgado em 2009, como uma consequência direta da
campanha "UFOs: Liberdade de Informação Já", da Comissão Brasileira de
Ufólogos (CBU), feita desde 2004 pela Revista UFO, uma das principais
revista de Ufologia em nosso país. Foi essa mesma campanha, que levou o
Governo Brasileiro a entregar 7 mil páginas de documentos ufológicos
anteriormente "classificados", ou seja secretos. Esse "Relatório de
Ocorrência", de junho de 1986, descreve os eventos ocorridos na "Noite
Oficial dos OVNIs no Brasil". Aliás, o "apelido" para essa noite foi
cunhado naquele mesmo ano por Claudeir Covo, co-editor da Revista UFO
.
De qualquer forma, foi devido a reportagem exibida no Fantástico, que
fez com que recebêssemos centenas de emails, comentários em vídeos,
assim como em nossa página no Facebook de nossos leitores e inscritos
para que fizéssemos alguma matéria sobre o assunto, por mais que ela já
tenha sido exaustivamente pesquisada e estudada ao longo dos anos por
especialistas em Ufologia. Nessa postagem você encontrará um compilado
de informações divulgadas sobre o caso, a sequência de eventos, notícias
de jornais naquela época, fotos dos supostos "OVNIs", algumas
reportagens exibidas na televisão brasileira, e possíveis explicações
para o que ocorreu naquela noite. Vamos saber mais sobre esse assunto?
Como Tudo Começou
Os avistamentos começaram por volta das 18h30 da noite do dia 19 de maio
de 1986, quando o controlador de voo da Torre de Controle do Aeroporto
de São José dos Campos (TWR-SJ), em São Paulo, o então Segundo-Sargento
Sergio Mota da Silva, avistou a olho nu, e através de binóculos (uma vez
que tudo indica, que o aeroporto não tinha radar naquela época),
objetos luminosos sobre a região de São José dos Campos, e que se
concentravam sobre a cidade. Cumprindo com procedimentos habituais de
sua função, o controlador contatou outros controladores de Brasília e
São Paulo, que confirmaram a presença dos objetos em seus radares.
"
As 21:30Z observei um foco de luz (18h30) sobre a cidade no setor NW
do aeródromo e dois outros focos próximos ao marcador externo. Os focos
aparentavam ser do tamanho da cabeça de um palito de fósforo,
predominava a cor vermelha, mas houve mudanças para amarelo, verde e
alaranjado. Estavam parados. A observação foi feita com binóculo e a
olho nu. O céu apresentava-se claro com 2/8 de cirrus, a N/NE existia
uma camada de névoa à baixa altura" - 2S QSS BCT Sergio Mota da Silva.
|
O Segundo-Sargento Sergio Mota da Silva, avistou a olho nu, e através de
binóculos (uma vez que tudo indica, que o aeroporto não tinha radar
naquela época), objetos luminosos sobre a região de São José dos Campos,
e que se concentravam sobre a cidade |
É importante mencionar algo nessa primeira informação, porque alguns
sites apontam que o Segundo-Sargento Sergio Mota da Silva teria avistado
"plotes" em seu radar, sendo que a grande questão é se o aeroporto
tinha ou não radar naquela época (1986). Para tentar responder a essa
questão,
encontrei uma notícia publicada pelo jornal "Folha de São Paulo" em 14 de novembro de 1996, ou seja, 10 anos após o incidente, que possui a seguinte informação:
"
Os aeroportos de São José dos Campos e Ribeirão Preto operam
sem radar e sistemas de comunicação avançados nas torres de controle de
voo. Em São José, as informações para pousos e decolagens são passadas
aos pilotos por meio de rádio. Dados sobre a posição de aviões são
fornecidos pelos equipamentos de voo das aeronaves."
Veja esse outro trecho: "
Os dois aeroportos passam por estudos
para reforma e modernização. A modernização do de São José foi aprovada
durante o governo Collor, mas até agora os equipamentos -que incluem
radares- não foram instalados."
Isso então explica o motivo do controlador de voo da Torre de Controle
do Aeroporto de São José dos Campos ter avistado os objetos tão somente a
olho nu ou através de binóculos, já que não havia radar, ao contrário
do que você encontra publicado em outros sites.
|
Visão aérea do Aeroporto de São José dos Campos, no Estado de São Paulo |
Por volta das 19h, o Centro de Controle de Aproximação de São Paulo
(APP-SP), e o Centro de Controle de Área (ACC-SP), também registraram,
através de radar, três objetos voadores não identificados (OVNIs) sobre a
região de São José dos Campos. Nesse mesmo horário, outro avistamento
ocorria, na cidade do Rio de Janeiro. A estilista Sonia Grumbach, que na
época morava em um apartamento no bairro da Barra da Tijuca, observou
durante 15 minutos um objeto voador luminoso que deslocava-se em alta
velocidade sobre a cidade do Rio de Janeiro. Foi exatamente por volta
daquele mesmo horário, que houve uma intensa comunicação entre os
Centros de Controle de Tráfego Aéreo e Unidades de Defesa Aérea dos
Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
As 20h15, o Centro de Controle de Área de Brasília (ACC-BS) informa
ao Centro de Operações Militares (COpM), que o operador da Torre de
Controle de São José dos Campos havia avistado luzes se deslocando sobre
a cidade. As luzes, embora com predominância de cor vermelha,
apresentavam variações de cor, alternando para o amarelo, verde e
alaranjado. O operador da Torre da Controle simultaneamente informa ao
Centro de Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP), que confirma a
presença dos "
plots" (pontos no radar.) informados na região de
São José dos Campos. Em alguns momentos, cerca de oito objetos foram
registrados simultaneamente.
O Avistamento Feito pelo Fundador e Ex-Presidente da Embraer Ozires Silva
Alguns minutos mais tarde, um avião Xingu da Embraer (Empresa Brasileira
de Aeronáutica), adaptado para o transporte executivo, prefixo PT-MBZ,
estava sobrevoando Poços de Caldas, no Estado de Minas Gerais. A cidade é
considerada na aviação como uma espécie de "trevo aéreo", na qual o
piloto pode, por exemplo, "manobrar" para começar a descida,
aproximando-se lentamente para pouso em São José dos Campos.
Vale ressaltar também que o Xingu é um bimotor, turboélice e possui
cabine pressurizada. O modelo surgiu por volta de 1976, mas a fase de
testes e certificações das primeiras versões (incluindo os testes de
pressurização) só foram concluídas no início da década de 1980, sendo
que sua produção foi encerrada em 1988. A velocidade de cruzeiro do
Xingu é entre 350 e 450 km/h, algo bem respeitável.
|
O Xingu é um bimotor, turboélice e possui cabine pressurizada.
O modelo surgiu por volta de 1976. |
Entretanto, aquele não era um voo exatamente comum. A bordo da
aeronave estava o Coronel da Aeronáutica e engenheiro formado pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Ozires Silva, fundador da
própria Embraer, que naquela ocasião estava deixando a presidência da
empresa para assumir a presidência da Petrobrás. Ele havia sido chamado
em Brasília, a pedido do próprio presidente na época, José Sarney, que o
convidou para assumir o comando da Petrobrás. O voo vinha justamente de
Brasília com destino a São José dos Campos, sendo que no dia seguinte
(20 de maio, uma terça-feira), Ozires Silva iria para o Rio de Janeiro
para assumir a estatal.
|
Imagem aérea da cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais
|
Quando estavam entre 21 e 22 mil pés de altitude (6.400 a 6.700 metros),
Ozires e seu co-piloto Acir Pereira foram surpreendidos por um chamado
do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
(CINDACTA I, em Brasilia) perguntando sobre possíveis contatos visuais
com três alvos não identificados, que estavam aparecendo nas telas de
radar. Naquele momento, nem ele e nem seu co-piloto, sendo que estavam
sozinhos a bordo da aeronave, não avistaram nada de anormal nos céus de
região, e por isso continuaram normalmente seu voo. Aliás, Ozires sempre
declarou que estava uma noite perfeita para voar, um céu limpo,
estrelado e sem nuvens. Existe uma certa discussão sobre quem estaria
pilotando o avião, uma vez que tudo indica que seria mesmo o Ozires,
visto que era o comandante da aeronave, e ele sempre narra o evento em
primeira pessoa. Porém, Ademar José Gevaerd, ufólogo e editor da Revista
UFO, diz que o entrevistou dois meses após os fatos, e que na verdade
seria o Acir que pilotava, não Ozires. Enfim, esse detalhe é irrelevante
diante do que viria a acontecer.
As 21h08, Ozires Silva e Acir Pereira observaram um objeto luminoso
estacionário que aparentava inicialmente ser um astro normal, com uma
luz forte e amarelada variando para o vermelho. Ele estava parado nas
proximidades de São José dos Campos, porém olhando para a direção da
cidade de São Paulo. Intrigados com o avistamento, os pilotos seguiram
em direção ao objeto na tentativa de identificá-lo. Durante todo o tempo
não houve uma aproximação efetiva visual do objeto, que com o tempo foi
diminuindo de intensidade até desaparecer. Com o desaparecimento deste
objeto, o Ozires fez um 180 (deu meia-volta) e voou para leste, cruzando
o Aeródromo de São José, rumo a um segundo objeto aparentemente situado
ao sul da cidade de Taubaté, que fica bem próxima da cidade de São José
dos Campos.
|
Uma luz branca com a aparência de uma lâmpada fluorescente foi avistada pelo Comandante Ozires Silva
|
Abaixo de seu nível de voo, apenas cerca de 600 metros acima do solo, se
depararam com uma nova luminosidade, com a aparência de uma lâmpada
fluorescente embaixo de sua aeronave. Era difícil acreditar que o
controlador tivesse esse objeto em seu radar, já que se encontrava
voando baixo, e a 250 km da antena do radar de Sorocaba. Ozires e Acir
estavam a cerca de 5.500 pés de altitude (aproximadamente 1.500
metros), uma vez que a carta de voo do local restringe essa altura
mínima por uma questão de segurança, pois é uma região montanhosa.
Ozires não podia baixar mais do que estava, então sobrevoou em círculos
diversas vezes o "objeto". Porém, em determinado momento, perceberam que
o combustível do Xingu estava terminando, e tiveram que finalmente
pousar no Aeroporto de São José dos Campos.
Durante o tempo que Ozires e Acir tentaram encontrar os alvos, os
registros nas telas dos radares de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e
Goiás continuaram, e consequentemente as comunicações entre operadores
de radar e controladores de voo se intensificaram.
O Acionamento dos Caças da Força Aérea Brasileira (FAB)
Assim sendo, as 21h23, o Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA),
localizado em Brasília, foi acionado. As 21h39, o Chefe do CODA, o Major
Aviador Ney Antunes Cerqueira, determinou o acionamento da aeronave de
alerta da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Por volta das 22h10, o Centro de Controle de Aproximação de Anápolis
(APP-AN), em Goiás, registrou os "objetos" nas telas de seu radar. Em
contato com Centro de Operações Militares (COpM), o próprio COpM
informou que tais objetos não estavam sendo registrados em seus
aparelhos, localizados na região nordeste do Estado de Goiás.
Primeira Decolagem - 22h34 (Rio de Janeiro/RJ):
Este primeiro caça, modelo F-5E, decolou as 22h34, sendo pilotado pelo
Tenente Aviador Kleber Caldas Marinho, que no momento estava de alerta
no 1º Grupo de Caça. O próprio Tenente Kleber foi instruído a desligar
seus instrumentos, passando a ser guiado pelos controladores de voo
diretamente até o alvo presente nas telas de radar do Centro de
Operações Militares (COpM).
Enquanto o caça F-5E do Tenente Kleber, estava sendo guiado em direção
ao alvo, os controladores de voo acompanhavam o deslocamento destes
alvos presentes na tela do radar. Durante a missão, o piloto do caça
avistou uma luz branca abaixo do seu nível de voo (aproximadamente 5.000
metros de altitude), e que posteriormente foi subindo cerca de 10º
acima de sua aeronave, e mudando de cor. Em um certo momento, o radar de
bordo da aeronave registrou a presença de um alvo a uma distância de 10
a 12 milhas (entre 16 e 19 km), que voava em direção ao mar . A
perseguição foi abandonada somente quando o combustível da aeronave
entrou em nível crítico, obrigando o piloto à voltar para a Base Aérea
de Santa Cruz.
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Foto da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro |
Vale ressaltar que o F-5E é um caça tático supersônico de defesa aérea e
ataque ao solo, que alcança a incrível marca de 1.700 km/h, portanto o
piloto estava praticamente o tempo todo em uma velocidade muito alta,
superior a do som, cujo consumo de combustível é bem intenso.
Segunda Decolagem - 22h48 (Anápolis/GO):
Por volta das 22h15h, o chefe do Centro de Operações de Defesa Aérea
(CODA) determinou o acionamento das aeronaves de alerta da Base Aérea de
Anápolis. O primeiro caça, modelo Mirage F-103 decolou as 22h48, sendo
pilotado pelo Capitão Aviador Armindo Sousa Viriato de Freitas. O caça
foi conduzido até o alvo, e não demorou para o piloto captar um alvo
desconhecido logo a sua frente. O objeto deslocava-se em movimentos de
zig-zag, à frente do caça, e a distância era mantida de forma mais ou menos constante, apenas com pequenas variações.
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Foto da Base Aérea de Anápolis, em Goiás |
O piloto estava a uma velocidade de Mach 1.05, ou seja, acima da
velocidade do som, e algo impressionante nesta abordagem é a aceleração
obtida pelo suposto objeto, que acelerou bruscamente, distanciando-se do
caça, até que houvesse uma perda do sinal no radar. Segundo entrevista
do piloto, em 1993, tal aceleração seria estimada em Mach 15, ou seja 15
vezes a velocidade do som (cerca de 18.000 km/h). Isso era algo
teoricamente impossível para a época, e ainda hoje não oficialmente
atingida,
mesmo em protótipos de aeronaves mais avançadas. Após essa incrível aceleração e a perda de registro no radar, ainda tiveram alguns registros, porém todos de curta duração.
Terceira Decolagem - 22h50 (Rio de Janeiro/RJ):
Outro caça F-5E decolou da Base Aérea de Santa Cruz, tendo a bordo o
Capitão Marcio Brisola Jordão. Durante a missão, o piloto observou uma
luz vermelha, sobre o mar, na posição indicada pelo radar e tentou
inutilmente uma aproximação. Em um certo momento durante sua tentativa
de interceptação, teria acontecido uma "clara demonstração de
inteligência por trás da manifestação do fenômeno."
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Exemplo de caça F-5E, um dos modelos utilizados na noite de 19 de maio de 1986 |
Diversos OVNIs se aproximaram do caça e se posicionaram, seis de um lado
e sete de outro, voando na mesma velocidade do caça, em voo de
formação. O piloto não viu os "objetos", que foram registrados apenas
por radar. Resumindo, um caça da Força Aérea Brasileira passou a ser
caçado em pleno ar por supostos objetos que só eram detectados por
radar.
Quarta Decolagem - 23h17 (Anápolis/GO):
Mais um caça Mirage F-103 é acionado para tentar interceptar os
estranhos "objetos". O piloto, Capitão Aviador Rodolfo da Silva Sousa,
foi vetorado até o alvo, mantendo uma constante comunicação com os
controladores do Centro de Operações Militares (COpM). Ele permaneceu no
ar por aproximadamente 45 minutos, não tendo qualquer registro no radar
ou visual.
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Exemplo de caça Mirage F-103, que também foi utilizado na noite de 19 de maio de 1986 |
Quinta Decolagem - 23h36 (Anápolis/GO):
Um ultimo caça Mirage F-103 decolou as 23h36 hs, da Base Aérea de
Anápolis. O piloto, Julio Cesar Rosemberg, também não avistou ou
registrou qualquer objeto anômalo.
As 23h37, o primeiro caça F-5E a decolar, pousou na Base Aérea de Santa
Cruz, sendo que o último caça pousou por volta de 0h30 da madrugada de
20 de maio.
Os Relatos de Avistamentos por Parte de Aviões Comerciais e do Solo
Apesar do retorno dos caças, os "OVNIs" continuaram sobrevoando diversos
estados brasileiros, sendo captados por radares e avistados por muitas
pessoas em diversas regiões.
Boeing 707 Cargueiro: Uma
das testemunhas foi o piloto Geraldo de Sousa Pinto, que pilotava um
Boeing 707, da Varig, e que havia decolado do Aeroporto de Guarulhos, em
direção ao Aeroporto do Galeão (conhecido atualmente como Aeroporto
Internacional Tom Jobim), no Rio de Janeiro. Por volta das 3h da
madrugada, o piloto recebeu uma solicitação do CINDACTA I, questionando
se eles tinham contato visual com algum objeto anômalo sobre a região.
Espantados com o pedido, o comandante do Boeing 707 cargueiro, Geraldo
Souza Pinto, o co-piloto Nivaldo Barbosa passaram a olhar para o céu
atentamente, e logo avistaram um "objeto luminoso", que acompanhou seu
avião durante algum tempo. Ainda estavam a bordo o Engenheiro de Bordo
Guntzel, e o então Capitão Aviador Oscar Machado Júnior, que também não
faziam ideia do que estava acontecendo.
Voo 241, da VOTEC:
O mesmo aconteceu com os tripulantes e 27 passageiros do voo 241, da
VOTEC, que decolou de Belo Horizonte para Uberlândia, em Minas Gerais,
que também observaram um "objeto voador intensamente luminoso"
(cor vermelha, verde e branca), de forma arredondada, que acompanhava o
avião, nas proximidades de Araxá, Minas Gerais.
José Dantas: De
qualquer forma, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, e no
Distrito Federal, surgiram testemunhas visuais da presença de OVNIs na
noite de 19 de maio. Uma das testemunhas foi o compositor José Dantas,
que na ocasião voltava de seu escritório em Taguatinga, no Distrito
Federal. Ele dirigia sua Kombi, quando avistou um objeto luminoso, de
cor amarela, em formato de cogumelo, sobrevoando montanhas da região. O
objeto não fazia barulho, apenas emitia uma luz, e parecia que iria
pousar em solo.
O Comunicado e o Relatório Oficial do Caso
Cerca de dois dias depois, mais precisamente no dia 21 de maio de 1986, o
Ministro da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima,
comunicou ao país que havia acontecido na noite de 19 de maio. Foi dito
que as autoridades militares imediatamente iniciaram uma investigação
sobre o caso, e prometeram um relatório oficial dos fatos, a ser
divulgado dias depois.
|
Cerca de dois dias depois, mais precisamente no dia 20 de maio de 1986, o
Ministro da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima,
comunicou ao país que havia acontecido na noite de 19 de maio |
Até aquela noite, nenhuma Força Aérea e nenhum governo havia admitido
operar em busca de OVNIs. Assim, de maneira profissional e sem alarde, o
Brigadeiro entrou para a história da Ufologia Mundial devido a sua
abordagem sincera, despojada e sem sensacionalismo.
Aquele relatório prometido pelos oficiais em seu comunicado, demorou "um
pouquinho" para ser liberado. Na verdade esse esse relatório só foi
disponibilizado 23 anos depois, somente em 2009! Isso graças a campanha
"UFOs: Liberdade de Informação
Já", da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), feita desde 2004 pela
Revista UFO, uma das principais revista de Ufologia em nosso país. Se
não fosse isso, estaria até agora oculto talvez. O documento é assinado
pelo Brigadeiro do Ar José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, Comandante
Interino do COMDA/NuCOMDABRA. O COMDA seria o Comando Aéreo de Defesa
Aérea e o NuCOMDABRA seria o Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial
Brasileiro.
Entretanto, antes de começar a leitura do "Relatório de Ocorrência",
vale ressaltar que na aviação, as cartas de navegação, autorizações de
voo e autorizações de trafego aéreo utilizam o horário UTC para evitar
confusões decorrentes dos diferentes fusos e horários de verão. Assim
sendo, é possível assegurar que todos os pilotos, independentemente da
localização, estejam usando a mesma referência horária. Especialmente na
comunicação por rádio, o horário UTC é conhecido como
horário Zulu, desde aproximadamente a década de 50. Isto porque, no alfabeto fonético da OTAN, a palavra usada para
Z (de zero, que corresponde ao fuso horário de referência) é zulu.
Como o Brasil não estava em horário de verão naquela época, você deve
"diminuir 3 horas" dos horários que estão no relatório, ou seja, 2315Z
quer dizer 20h15 pelo horário oficial de Brasília, e 0330Z, último
horário que aparece no relatório quer dizer 0h30. Entenderam? Alguns
sites postam os horários de forma equivocada justamente por não se
atentarem a esse detalhe, e não fazem a respectiva conversão.
Abaixo você encontra as oito páginas referentes ao "Relatório de
Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" (você também pode
baixar esse documento,
diretamente do Acervo Nacional clicando
aqui):
|
Primeira página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Segunda página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Terceira página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Quarta página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Quinta página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Sexta página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Sétima página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
|
Oitava página do "Relatório de Ocorrência" da "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil" |
Os pontos mais interessantes desse relatório estão justamente nas "
Considerações Finais" (páginas 7 e 8):
- Foi dito que os considerados "fenômenos" apresentavam ecos no radar não
apenas do Sistema de Defesa Aérea, como também das aeronaves
interceptadoras simultaneamente, com comparação visual pelos pilotos;
- Variavam suas velocidades da gama subsônica até supersônica, com capacidade de acelerar e desacelerar de modo brusco;
- Se mantinham em voo pairado;
- Suas altitudes variavam abaixo do FL-050 (5.000 pés ou 1.500 metros)
até altitudes superiores a FL-400 (40.000 pés ou 12.000 metros).
O documento ainda faz uma peculiar
conclusão: "
Como
conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as
apresentações, este Comando é de parecer, que os fenômenos são sólidos e
refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e
manter distância dos observadores como também voar em formação, não
forçosamente tripulados."
Algumas outras informações descobertas com a liberação do "Relatório Oficial" são:
- Os OVNIs se movimentavam em altas velocidades, passando de 250 a
1.500 km/h em fração de segundos, mudavam constantemente de cor e de
trajetória - faziam curvas em ângulos retos, de 90°, em altíssimas
velocidades - subiam, desciam, sumiam instantaneamente do radar e
apareciam em outro lugar;
- O caça F-5E, que era seguido por 13 OVNIs, fez um "looping",
objetivando ficar de frente com dos "objetos", mas eles também fizeram
um "looping" para ficar atrás do avião, frustrando a intenção do piloto
com a manobra. Houve também comentários entre os oficiais que diziam que
um "objeto" veio em alta velocidade e, repentinamente, parou, de forma
que ficou em rota de colisão eminente com um dos aviões e deixando o
piloto completamente apavorado. Mas, logo em seguida, o "objeto" se
movimentou em alta velocidade, saindo então da rota de colisão iminente.
Interessante, não é mesmo AssombradOs? Porém, essa postagem não acaba
aqui, ainda teremos pela frente os relatos de alguns envolvidos nessa
história, e as fotos tiradas por um fotógrafo do jornal ValeParaibano,
cujos negativos teriam desaparecido, misteriosamente levados por uma
pessoa que se dizia pertencer a NASA, e muito mais!
Os Relatos de Pessoas que Tiveram Envolvimento com Este Caso
Nessa parte da postagem você irá poder conferir alguns relatos de
pilotos e comandantes sobre a noite do dia 19 de maio de 1986,
considerada como a "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil".
Coronel
Aviador Ozires Silva - Comandante da Aeronave Xingu, Prefixo PT-MBZ, que
Vinha de Brasília, com Destino a São José dos Campos
Antes de mais nada, é interessante destacar que Ozires Silva estava
pilotando um avião comercial, e não um avião militar, muito embora a
velocidade e a autonomia do Xingu fosse respeitável. De qualquer forma,
ele não era obrigado a perseguir ou investigar em espaço aéreo a
ocorrência de tais fenômenos. Se fosse uma situação de ameaça real ou
que acontecesse um eventual combate, com certeza Ozires e seu co-piloto
Acir Pereira não teriam a menor condição de sobreviverem. Foi uma
decisão pessoal, arriscada, mas sobretudo corajosa.
Confira abaixo a declaração dada pelo Ozires Silva, em uma entrevista
realizada por telefone pelo radialista Gilberto Pereira, do Programa
"Balanço Geral", da Rádio Bandeirantes, na qual participavam o ufólogo
Claudeir Covo, e o jornalista Eduardo Marine, da Revista "Isto É", em 3
de agosto de 1995:
"
Olha, foi em maio de 1986, eu estava voando com um dos nossos aviões
da Embraer, vindo de Brasília para São José, era noite, a minha hora de
chegada era em torno de 21h, 9 horas da noite. Quando eu estava sobre
Poços de Caldas, eu entrei em contato com o Centro de Controle de
Brasília, solicitando autorização para iniciar a descida já para o
aeródromo de São José dos Campos.
O Controle autorizou, mas perguntou se eu estava vendo alguma coisa
de estranho no ar. Eu disse que não, que não estava vendo nada, e eles
me relataram que estavam tendo algo no radar, quer dizer, estavam tendo
indicações no radar que existiam três objetos não identificados em torno
de São José dos Campos há uma certa distância, um mais próximo de São
Paulo, outro um pouco mais ao sul de São José e o outro na direção do
Rio de Janeiro. Eu disse que não, mas que ficaria olhando na medida que
descia.
|
"Quando eu estava sobre Poços de Caldas, eu entrei em contato com o
Centro de Controle de Brasília, solicitando autorização para iniciar a
descida já para o aeródromo de São José dos Campos. O Controle
autorizou, mas perguntou se eu estava vendo alguma coisa de estranho no
ar. Eu disse que não, que não estava vendo nada", declarou Ozires Silva |
Quando estava bastante próximo de São José, há um momento no vôo que
se transfere do Controle de Brasília para o Controle de Aproximação de
São Paulo. Um pouquinho antes de transferir eu perguntei se eles ainda
tinham a imagem no radar e o que estava acontecendo, e aí, eles me deram
a direção aonde eu deveria olhar, no azimute, e de fato eu olhei e vi, o
corpo celeste bastante luminoso, em tudo parecia um lastro comum exceto
pelo tamanho talvez um pouquinho mais alongado.
Neste momento eu pedi autorização para o Controle para me dirigir,
para voar na direção desse objeto, estava eu e o meu co-piloto sós a
bordo, só nós dois, e nesse momento nós viramos para São Paulo, com a
proa na direção de São Paulo, na direção do objeto, e voamos nessa
direção, na direção desse objeto e cada vez se aproximando mais, mas ele
se mantendo mais ou menos como estava, tinha uma certa cor alaranjada
que talvez pudesse ser explicada até pela poluição de São Paulo que
torna os astros celestes alaranjados de um modo geral. Mas o fato é que o
radar de Brasília tinha plotado esse objeto e astros celestes não
aparecem no radar. Eu fiquei mantendo contato com o Controle, aí nessa
altura já com Controle de São Paulo, eu fui na direção do objeto, mas na
medida em que me aproximava ele foi desaparecendo, até que desapareceu
por completo e eu retornei para São José.
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Imagem aérea da cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais
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Quando estava no início novamente do tráfego para pousar em São José,
o chefe do Controle me alertou que um segundo objeto estava agora na
direção do Rio de Janeiro, bastante visível no radar. Novamente eu pedi
orientação do radar de como eu me aproximar do objeto e seguir na
direção dele, e na medida que eu chegava notei que ele estava em uma
altitude bem mais baixa do que a minha. E aí nesse momento era um corpo
bastante mais alongado talvez da cor de uma lâmpada fluorescente, uma
lâmpada dessas comuns que vê aí, e ocorreu que ele estava abaixo de mim e
eu circulei, circulei várias vezes o avião em torno dele, olhando pra
baixo e sinceramente não sei dizer o que era. Era um objeto alongado
como disse, do tipo de uma lâmpada fluorescente bastante claro e o
problema é que eu não podia baixar mais.
Era noite, a altitude que eu estava voando já era a altitude
mínima para a área porque a área ali é bastante montanhosa, quer dizer,
eu não podia baixar mais do que tinha abaixado, e ele continuou
permanentemente ali abaixo. Eu com sinceridade não sei o que era, a
única coisa que eu posso dizer é que na minha visão de aviador, eu tenho
mais de quarenta anos de aviação, eu tenho visto objetos semelhantes,
mas sempre de rastro que tem uma explicação, outra explicação e nesse
caso em particular, isso era visto pelo radar em Brasília. No dia
seguinte eu tentei falar com o Centro de Controle de Brasília, o CINDACTA
I, e tentar falar com o operador para ver o que o operador tinha visto
em termos de radar, a essa altura o Ministério da Aeronáutica já estava
fazendo uma investigação e infelizmente a qualidade dessa investigação
não foi muito boa e não se pode chegar a nenhuma conclusão, mas essa
efetivamente foi a minha experiência."
Confira também o trecho de quase 30 minutos de uma
entrevista realizada pela TV INFA
(Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais), no dia
30 de maio de 2006, na qual Ozires Silva relata os acontecimentos
daquela noite (a entrevista completa você pode assistir
aqui):
Sinceramente, pelo material que tive acesso para fazer essa matéria,
essa é uma das melhores entrevistas de Ozires Silva. Ele declara que a
visibilidade naquela noite era ótima, e que o céu estava estrelado. Ao
se aproximar de São José dos Campos ele perguntou ao Centro de Controle
onde estavam os alvos, sendo que um deles estava na direção da cidade de
São Paulo. Foi nesse momento que ele olhou na direção indicada por
rádio, e viu o que considerou ser um "astro". Segundo Ozires Silva,
havia um "objeto" entre as estrelas, um pouco alongado, como se fosse no
formato de um "ovo", e avermelhado. Durante a entrevista ele menciona
que a tonalidade vermelha poderia ser explicada devido a poluição da
cidade, visto que uma espécie de "fumaça" costumava avermelhar os
astros. Porém, ainda de acordo com ele, não poderia ser um "astro",
porque "
astro não aparece no radar".
Ozires ainda contou o medo do Acir durante o voo. Ele estava muito preocupado com a situação, porque segundo o próprio Acir: "
pessoas que vão atrás dessas coisas acabam desaparecendo".
De qualquer forma, Ozires foi mesmo em direção ao "objeto", ou seja, em
direção a São Paulo, porém ao se aproximar do "objeto", o mesmo foi
desaparecendo gradualmente.
Quando Ozires questionou o Centro de Controle sobre a localização do
outro objeto, obteve a resposta que estaria ao sul da cidade de Taubaté.
Assim sendo, ele fez um 180, ou seja, deu meia-volta, retornando em
direção a São José dos Campos/Taubaté. Chegando ao local ele não viu
absolutamente nada. Era uma região montanhosa, e não podia passar dos
1.500 metros de altitude por uma questão de segurança. Então, de
repente, ele viu uma luz branca, uma espécie de "
grande lâmpada fluorescente comprida"
embaixo da aeronave. Segundo Ozires, aquilo não podia ser o que o
Centro de Controle estava vendo. Em seguida ele teve que interromper o
sobrevoo por falta de combustível.
Ao ser entrevistado no dia seguinte, no Rio de Janeiro e com o intuito
de assumir o Comando da Petrobrás, a imprensa falava apenas sobre OVNIs,
ninguém queria saber sobre Petrobrás. Ele ainda revela que pediu ao
Acir para marcar o local para que fosse averiguado no dia seguinte,
porém o Acir não foi. Segundo Ozires, o Acir Pereira estava "impactado"
pelo ocorrido.
Enfim, em uma reportagem publicada na Revista Força Aérea Nº 43, em
março de 2007, sobre a Noite Oficial dos OVNis no Brasil, pudemos
conhecer também os relatos de diversas pessoas envolvidas nesse caso,
inclusive dos pilotos que participaram da tentativa de interceptar os
supostos objetos. A matéria se chamava "A Noite! Objetos Voadores
Não-identificados nos Céus do Brasil". Vamos conhecer um pouco mais
sobre esses relatos?
Tenente Kleber Caldas Marinho - O Piloto do Primeiro Caça F-5E que Decolou da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro
"Como piloto de alerta naquele dia, fui contatado pelo oficial de
permanência, na Vila dos Oficiais, local onde morava. A informação
passada era a de que o piloto de alerta havia sido acionado, e então,
por doutrina e treinamento, eu me dirigi diretamente para o avião, e
só depois da decolagem é que recebi as específicas instruções
necessárias à missão. O piloto de alerta não precisa passar pela
burocracia de um voo normal. O avião já estava preparado para a
decolagem.
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O Tenente da Aeronáutica, Kleber Caldas Marinho, na época
sendo que hoje em dia ele é Primeiro-Tenente da Reserva,
com 250 horas de voo em caças Northrop F-5, de um total
de 900 horas na Força Aérea Brasileira |
A decolagem foi normal, fiquei em torno de 20 mil pés (cerca de 6.000 metros) na direção de São José dos Campos. Por
orientação da Defesa Aérea, desliguei todos os equipamentos de bordo:
radar, luzes de navegação... fiquei apenas com o rádio de comunicação
ligado. Como os alvos não possuíam equipamento algum que
transmitisse qualquer onda eletromagnética, não era possível saber
altura que voavam. Toda a orientação que me foi dada era para que eu fizesse procuras visuais. De acordo com os radares de Brasília, eu deveria olhar para as minhas 2 horas e 11 horas, alto e baixo. Mas eu não via nada.
Eu estava em em cima da fábrica da Embraer e nada havia avistado até
então. Em função destes alvos aglomerados na minha esquerda, o
controlador pediu que eu fizesse uma curva pela direita e olhasse em
direção a Santa Cruz, com 180 graus defasados. Eu efetuei a curva,
estabilizei a aeronave na proa que ele havia recomendado e, como pedido,
comecei a fazer uma varredura visual.
Foi neste momento que eu avistei uma luz muito forte que se realçava em relação a todas as luzes no litoral. Estava um pouco mais baixa do que eu. A impressão nítida que eu tive, naquele momento, era de ela se deslocava da direita para a esquerda.
Olhei para aquela luz. O seu movimento era muito evidente para mim. Perguntei
à Defesa Aérea se existia algum tráfego naquele setor no momento,
devido à proximidade com a rota da ponte aérea, na época. Fui informado
que não. Não existia aeronave alguma no local naquela hora. Informei
então ao controlador que eu realmente estava vendo a luz se deslocando
na minha rota de interceptação, às 2 horas (à minha direita), um pouco
mais baixo do que a posição da minha aeronave. Foi naquele momento que
eu pude ter um noção da altura do contato, algo em torno de 17 mil pés
(cerca de 5.000 metros). Imediatamente recebi a instrução de aproar
aquele alvo e prosseguir com a aproximação e sua possível identificação.
Não havia muito tempo para pensar, nem para sentir medo. É a
adrenalina que funciona na hora. Você tem o avião para voar, está em voo
noturno, supersonico, sujeito à desorientação espacial... Eu confesso
que não tenho recordações exatas dos meus sentimentos naquele momento.
A única coisa que eu sabia é que tinha que ir para cima do alvo e, a
medida que as coisas vão acontecendo, e devido ao nosso treinamento, as
reações passam a ser um pouco automáticas.
Comecei a descer, indo diretamente para o alvo, mas tomando todo o
cuidado com uma possível ilusão de ótica, proporcionada pela visão
noturna. Eu podia estar vendo uma luz dentro d'água, um grande navio com holofote... Por este motivo eu não quis ficar apenas com a orientação visual e liguei meu radar, mesmo sem instrução de fazê-lo. E, realmente, a cerca de 8 a 12 milhas (entre 12 e 19 km de distância), um alvo apareceu na tela, confirmando a presença de algo sólido
na minha frente. Isto coincidia com a direção da luz que eu havia
avistado. Nos radares que equipavam os caças da época, o tamanho do
plote varia de acordo com o tamanho do contato. O radar indicava um objeto de cerca de 1 cm, o que significava algo na envergadura de um Jumbo (Boeing 747). Cheguei
perto do alvo, posicionando-me a cerca de seis milhas de distância dele
(cerca de 9 km), o que ainda é longe para que possa haver uma
verificação precisa, ainda mais à noite. O alvo parou de se deslocar na
minha direção e começou a subir. Eu não perdi o contato radar inicial e passei a subir junto com ele. Continuei
seguindo o contato até cerca de 30 mil pés (cerca de 9.000 metros),
quando perdi o contato radar e fiquei apenas com o visual. Mas, naquele
momento, aquela luz forte já se confundia muito com as luzes das
estrelas.
Os meus rádios de navegação selecionados em Santa Cruz já estavam
fora de alcance. Em determinado momento, as agulhas do meu ADF deixaram
de ficar sem rumo e indicaram a proa. A minha janela do DME, que estava
com a flag, indicou 30 milhas fixas, sem qualquer razão para isso. O
combustível já estava chegando no limite, devido ao grande consumo das
velocidades supersônicas e eu tive que voltar. Menos de um minuto depois
que aproei em Santa Cruz novamente, meu ADF voltou a ficar sem qualquer
informação e a janela do meu instrumento DME fechou de novo, deixando
de aparecer.
Eu tive contato visual e contato eletrônico. Era algo sólido. Dizem que naquele lugar há muita anomalia magnética, mas eu não acredito que seja isso.
As anomalias têm movimentos irregulares, aleatórios. No meu relatório,
eu pedi que fosse averiguado se havia algum porta-aviões próximo à
costa, ou alguma aeronave que poderia estar sobre o nosso espaço aéreo,
efetuando contramedidas eletrônicas, o que permitira colocar um plote
nos radares. Nada do que eu presumi foi confirmado. A partir daí,
afirmar que acredito em OVNIs, ou que aquilo era, de fato, um OVNI, já é
outra coisa. Cada um vai tecer a sua opinião. Acho que esse Universo é
muito grande para que só nós existamos nele. Seria muito egoísmo da
nossa parte acreditar nisso, mas a verdade é que ficamos sobre uma linha
muito tênue. Era a posição que eu tinha na época, o avião que eu estava
voando, e todas as minhas crenças. Então, eu prefiro me referir apenas à
parte técnica."
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"Eu
estava em em cima da fábrica da Embraer e nada havia avistado até
então. Em função destes alvos aglomerados na minha esquerda, o
controlador pediu que eu fizesse uma curva pela direita e olhasse em
direção a Santa Cruz, com 180 graus defasados. Eu efetuei a curva,
estabilizei a aeronave na proa que ele havia recomendado e, como pedido,
comecei a fazer uma varredura visual. Foi neste momento que eu avistei
uma luz muito forte que se realçava em relação a todas as luzes no
litoral", disse Kleber
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"Nos
radares que equipavam os caças da época, o tamanho do plote varia de
acordo com o tamanho do contato. O radar indicava um objeto de cerca de 1
cm, o que significava algo na envergadura de um Jumbo (Boeing 747)", disse Kleber
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Capitão Márcio Brisola Jordão - O Piloto do Segundo Caça F-5E que Decolou da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro
"
Foi uma tremenda coincidência. Eu não estava escalado de alerta.
Tinha ficado em Santa Cruz para estudar para uma prova de ensaio de voo.
Quando o alerta foi acionado, pensei que era treinamento e continuei
estudando, até que o soldado de serviço veio com a informação de que
estavam precisando de um outro piloto para voar. Ele só disse que
havia alguma situação de detecção de contatos desconhecidos e que até o
avião reabastecedor deveria ser acionado.
Sempre tem um avião de reserva preparado. No caso, quem não estava preparado era eu, o piloto! Mas eu é que estava no Esquadrão e então fui. O Kleber foi o primeiro. Para a gente, era um treinamento normal, mas com a evolução da situação, outro F-5 foi acionado.
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Capitão Márcio Brisola Jordão, foi acionado para decolar um segundo F-5E da Base Aérea de Santa Cruz.
Seu vôo resultou na visualização de uma luz, porém, sem conclusões definitivas |
Uma coisa que chamou a minha atenção naquela noite foi a claridade
do céu. Eu nunca havia visto uma noite tão clara. Sabe aquela noite que
você anda de carro com a luz apagada e consegue ver tudo? Dava para ver
o Vale do Paraíba, até São Paulo. Não havia nebulosidade. Era possível
ver o contorno das montanhas no chão. Uma visibilidade sob a qual
poucas vezes eu voei. Indo em direção a São José dos Campos, fui
instruído por Brasília a fazer o cheque de armamento. Foi aí que me
informaram que havia cerca de cinco contatos na minha frente, e a umas
15 milhas de distância (cerca de 24 km). Eu não via nada no radar do
avião e nem do lado de fora, mas a informação era de que eles estavam se
aproximando cada vez mais. Dez milhas, cinco milhas, três milhas, e eu
pensando que não era possível, em uma noite daquelas, eu não estar
enxergando o tal contato.
Tive autorização para fazer um 180,
e continuei sem ver coisa alguma. Fui pra São José dos Campos, voando a
cerca de 15 mil pés (4.500 metros de altitude), e comecei a fazer
órbitas. Chamei o Kléber na freqüência tática para saber se ele tinha
avistado alguma coisa. Ele disse que sim, mas que, quando tentou ir
atrás, o contato sumiu.
Quando eu estava em cima de São José dos Campos, olhei em direção à
Ilha Bela e, pela primeira vez, vi uma luz vermelha, parada. Para mim,
estava no nível do horizonte, mas eu estava olhando para o oceano, o que
me fez acreditar que podia ser um barco muito longe, ou algum outro
tipo de iluminação. Era como luz de alto de edifício. Ficou
parada, não mudou de cor, não piscou e nem se mexeu. Eu avisei ao
controle que estava vendo uma luz na proa, 90 graus em direção ao
oceano. Como confirmava com o contato no radar de terra, fui instruído a
ir em sua direção. Entrei supersônico para acelerar, e a luz nem se
mexia. Fui informado de que ela estaria andando na mesma velocidade que
eu. Fui mantendo esta navegação até dar o meu combustível mínimo, e tive
que voltar.
Para mim, que decolei com uma expectativa dada por Brasília, foi a maior frustração da minha vida. A
luz que vi podia ser um barco no horizonte ou, quem sabe, ser mesmo
alguma outra coisa. Mas é leviano chegar a qualquer conclusão."
Capitão
Aviador Armindo Sousa Viriato de Freitas - O Piloto do Primeiro Caça
Mirage F-103 que Decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás
"
No radar eu cheguei a fazer quatro interceptações e todas com
contato radar, mas não consegui ver em nenhum momento nada, apenas no
radar. E o que me impressionou foi a aceleração tomada pelo alvo a
partir de um certo instante.
|
O Capitão Armindo de Sousa Viriato, em entrevista ao repórter Domingos Meireles |
Ele acelerou rapidamente até que o radar desacoplasse e eu
acredito em torno de Mach 15, mais ou menos, porque foi muito rápida a
aceleração. Eu já estava a 1.2, 1.3 vezes a velocidade do som e o objeto
atingiu uma velocidade bem mais alta do que eu estava."
Capitão Julio Cesar Rozemberg - O Piloto do Segundo Caça Mirage F-103 que Decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás
"
Era um dia normal no Primeiro Grupo de Defesa Aérea, até a hora em
que o meu bip tocou de madrugada. O alerta havia sido acionado. Eu
estava dormindo e levantei sem nem saber que horas eram. Faz parte da
rotina. Eu me vesti e no caminho da Base fiquei me questionando se
aquilo seria apenas mais um teste. Eu esperava voar, afinal, não há nada
mais chato do que ir para o hangar do alerta, abastecer e ser
dispensado. Toda missão da Defesa Aérea é real até ser cancelada, então
vesti o traje anti-g, o colete e o mecânico confirmou a aeronave pronta.
O armamento também estava certo e municiado. Havia se passado 22
minutos desde que o alerta tinha sido dado. Preparei-me para decolar
imaginando o que estaria acontecendo. Pela proximidade com Brasília,
imaginei que estivesse atrás de algum vôo comercial, mas, se fosse, eu
teria avistado as luzes anticolisão. Fui seguindo todos os comandos do
controlador. A noite estava linda, com a visibilidade ilimitada. Era
possível ver tudo lá embaixo, desde as cidades até os faróis dos carros.
|
O Capitão Julio Cesar Rozemberg, hoje
Coronel Aviador da Reserva, servia no 1º GDA na noite de 19 de maio de
1986. Antes de deixar o serviço ativo foi Comandante do l°/4º GAV
(Esquadrão Pacau)
|
Fui instruído a elevar a minha altura. Verifiquei mais uma vez o
radar de bordo e desci um pouco a varredura da antena. Continuei
acompanhando o radar de bordo e buscando algo no visual. A nossa
distância, informada pelo controlador, era de apenas três milhas e eu
continuava sem enxergar nada. Imaginei que eram os F-5 do Grupo de Caça,
vindo atacar a Base em missão de treinamento. Pedi para o controlador
me aproximar ainda mais até 'confundir' os plotes, com minha chegada
vindo por trás. Achei que o contato iria, finalmente, acender as luzes,
afinal, eles deveriam estar ouvindo a interceptação pelos canais da
Defesa Aérea. O controle anunciou uma milha na proa (cerca de 1,6 km),
mas eu não tinha nada no radar, e nem no visual. O meu vôo durou cerca
de 30 minutos e, depois das tentativas de busca, regressei à Base, sem
fazer qualquer tipo de contato.
No dia seguinte, vi as manchetes
nas televisões e nas rádios anunciando várias interceptações de OVNIs
ocorridas na noite anterior. E justo eu, um apaixonado pelo assunto, não
vi nada! Mas cheguei perto. Acho que em um Universo infinito destes,
com diversas possibilidades, não tem por que estarmos sozinhos."
Capitão Rodolfo da Silva e Sousa - O Piloto do Terceiro Caça Mirage F-103 que Decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás
"
Ao chegar, eu me dirigi, juntamente com os demais membros da equipe
de alerta, imediatamente para os hangares, onde estavam posicionadas
duas aeronaves F-103E. A equipe de manutenção já havia completado o seu
trabalho e nos esperava, ao pé da escada, com as aeronaves prontas e
armadas para a decolagem. Completei os cheques previstos para antes da
partida e entrei em contato com o Oficial de Permanência Operacional
(OPO) para informar que estava pronto. De imediato, recebi ordem para
acionar o motor e decolar isolado. Meu ala permaneceu no solo.
Em seguida, fiz contato com Anápolis, que me passou, de imediato,
para a freqüência do COpM que controlaria a interceptação. A primeira
informação que recebi foi de que meu alvo se encontrava a uma distância
de 100 milhas (cerca de 160 km) da posição em que eu estava. Pude
perceber que o tempo estava bom, não havia nuvens e nem a lua aparecia. O
céu, completamente estrelado, fazia um belo contraponto com a escuridão
da noite.
À medida que a distância diminuía, como não conseguia contato em meu
radar de bordo, passei simultaneamente a realizar uma busca visual no
espaço aéreo em torno da posição informada pelo COpM. Só que, mais uma
vez, nada apareceu.
|
O Capitão Rodolfo da Silva e Sousa. Durante seu vôo,
os contatos detectados pelos radares do CINDACTA I
pareciam se deslocar evitando o seu Mirage. Experiente,
Rodolfo ainda viria a comandar o 3º/10° GAV, Esquadrão
Centauro, com sede na Base Aérea de Santa Maria,
no Rio Grande do Sul. Atualmente, mora em Brasília. |
Ainda estava nesse procedimento, sem sucesso, quando recebi a
informação do controlador de que meu alvo havia mudado deposição e agora
estava em outra direção, a 50 milhas (cerca de 80 km) de distância. Fui
então orientado para essa nova interceptação.
Sem sucesso nesse procedimento, fui novamente informado de outra
alteração no posicionamento do alvo e recebi novas orientações para uma
terceira interceptação. Mais uma vez, não houve qualquer contato radar
ou visual. Fui orientado a baixar ainda mais o nível de vôo,
permanecendo em órbita sobre o ponto determinado, e continuando a
procura. Depois de algum tempo nessa busca, e tendo em vista que minha
autonomia de vôo já havia atingido o nível suficiente apenas para
permitir o meu retorno seguro para o aeródromo, recebi instruções para o
regresso.
Após o pouso, fiz um contato telefônico com o meu controlador, para o
debriefing rotineiro da missão. Só assim tomei conhecimento dos outros
F-103 que haviam sido acionados para a averiguação de diversos
contatos-radar, plotados nas telas do CINDACTA I, em pontos diferentes
da Região Centro-Oeste. Ao terminar os procedimentos pós-vôo de praxe,
fui liberado e autorizado a retornar para minha residência, onde cheguei
por volta de 1h30m. Uma hora mais tarde, fui acordado por um novo
acionamento do bip. Era outro alerta. Ao chegar à Base e entrar
novamente em contato com o OPO, a orientação, desta vez, era para que o
alerta fosse mantido a postos, e as aeronaves prontas para a decolagem. O
meu ala e eu ficamos assim por cerca de 45 minutos. Quase às 4h,
recebemos a informação de que o alerta estava suspenso, e nós,
liberados."
Comandante
Geraldo Souza Pinto - Piloto do Boeing 707 da Varig, que havia decolado
do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em direção ao Aeroporto do
Galeão, no Rio de Janeiro
"
Quando cruzávamos a cerca de 12 mil pés (3.600 metros), o CINDACTA I
nos chamou no rádio e pediu para que confirmássemos se víamos algum
tráfego na posição de 11 horas. É normal que isto ocorra, mas
estranho foi quando, após respondermos negativamente, ele ter dito:
'Para sua informação trata-se de um OVNI (Objeto Voador Não
Identificado)'.
Olhamos um para o outro, imaginando que não
havíamos entendido direito o que viera pelo rádio e pedimos para que a
informação fosse repetida. O controle confirmou a informação e ainda
disse que, desde aproximadamente às 22h daquela noite, estavam
aparecendo objetos não identificados, como plotes no radar. Foi aí que
soubemos que, mais cedo, a Força Aérea já havia sido ativada. Nessa hora
confesso que senti uma emoção indescritível.
|
Por volta das 3h, quando, aparentemente, os céus brasileiros não eram mais
freqüentados por nada fora do normal, um voo cargueiro da Varig, decolado
de Guarulhos para o Galeão, no Rio de Janeiro, também teve participação nos
acontecimentos. Anos depois, Geraldo se tornaria piloto-chefe da Varig. |
Perguntamos se o contato estava no radar deles, e a resposta foi
positiva. O controlador nos disse que a sua posição naquele momento era
de 11 horas em relação a nossa aeronave e pediu para que tentássemos
avistá-lo. Foi nesta hora que eu o vi. Uma luz muito forte brilhou, como
um farol branco. A emoção que eu tenho até hoje se confunde com a
certeza de que ele estava acompanhando a nossa fonia. No mesmo
momento em que nos perguntaram se estávamos avistando o tráfego e eu
respondi que não, ele piscou, como quem díz: 'Estou aqui!'
'Nós
não tínhamos noção da altura do tráfego, pois os radares dos aviões
comerciais são meteorológicos e, diferente dos caças, têm muita
dificuldade de captar outra aeronave. Eles não são feitos para isso. O
controlador também não podia saber a altura do objeto já que, sem
transponder, tudo o que ele vê é a dimensão única do radar, sem
diferença de altitude. O objeto estava próximo de Santa Cruz e a nossa
distância era em torno de 90 milhas (cerca de 140 km). O que eu posso
dizer é que ele estava, visualmente, a uns 20 graus mais alto do que
nós. Atingimos nossa altitude de cruzeiro de 23 mil pés (cerca de 7.000
metros de altitude), e durante todo o voo o controlador foi nos
informando sobre a aproximação. Passou para 60 milhas (cerca de 95 km),
depois 50 (cerca de 80 km), o tempo todo na nossa proa.'
Éramos
quatro tripulantes no cockpit escuro de um avião cargueiro, buscando os
céus ávidos de encontrar uma explicação sobre aquilo que tanto se
aproximava do nosso 707. De repente, eu olhei para o Nivaldo e reparei
na expressão dele, como se ele quisesse me mostrar alguma coisa. Ele disse que algo tinha se deslocado deixando um rastro luminoso, mas poderia ser um meteorito, o que seria muito comum. O
controlador nos avisou, então, que o alvo havia se deslocado em alta
velocidade para a nossa direita, atingindo, em fração de segundos, uma
velocidade incrível, algo acima de Mach 5. Um ser humano não
agüentaria uma aceleração dessas. Ele morreria com tal deslocamento! Nós
estávamos a umas 30 milhas (cerca de 48 km) dele. A impressão que
dava era de que o contato estava se deslocando em baixa velocidade, e
nós é que estávamos nos aproximando dele. A aproximação continuou. O
radar ia nos avisando as distâncias: quinze milhas, dez, cinco... Na
melhor das hipóteses entraríamos para a História!
Mas eu
olhava, olhava e não via mais nada. Aí o controlador falou: 'Três
milhas, duas, uma... Varig, o tráfego está se fundindo com o plote do
seu avião. 'Nós olhávamos para cima, para baixo e não víamos nada! O
Controle nos informou, então, que o alvo estava passando para trás da
aeronave, mas começou a ter muita interferência no solo e o radar o
perdeu de vista'."
|
"Éramos quatro tripulantes no cockpit escuro de um avião cargueiro,
buscando os céus ávidos de encontrar uma explicação sobre aquilo que
tanto se aproximava do nosso 707. De repente, eu olhei para o Nivaldo e
reparei na expressão dele, como se ele quisesse me mostrar alguma coisa.
Ele disse que algo tinha se deslocado deixando um rastro luminoso, mas
poderia ser um meteorito, o que seria muito comum", disse o Comandante Geraldo Souza Pinto
|
A maioria das pessoas nem sabe que às 3h ainda tinha um objeto lá em
cima. Na verdade, muita gente nem gosta de falar sobre isso, mas foi uma
coisa que eu vi. Sinceramente, acho um privilégio! Eu mesmo já
cansei de ver Vênus aparecendo de forma estranha, e muita gente acha que
é um OVNI. O avião vai passando por densidades diferentes do ar, o que
causa efeitos de refração, e as coisas parecem estar se mexendo ou
mudando de forma. Dessa vez, porém, houve a confirmação no sistema de
radar, o que nos prova que não era uma ilusão. Podia ser um avião? No início achei que sim. Poderia ser um contrabandista, um avião de espionagem, eu não sei.
Na época, houve várias entrevistas com pessoas de vários segmentos,
cada um tentando explicar de acordo com seu campo de conhecimento,
geralmente atribuindo a fenômenos físicos, químicos ou de âmbito
espiritual. Mesmo assim, eu não me convenço. E aquela aceleração? A
localização precisa na proa? O contato radar? A 'coincidência' de
tornar-se visível ao contato de rádio inicial? Não encaixa. Era alguma
coisa realmente fora do nosso entendimento. Podia ser de outro
planeta, daqui da Terra mesmo, enfim, me resta apenas concluir que era
um Objeto Voador Não Identificado, um OVNI".
Major
Aviador Ney Antunes Cerqueira - Ex-Chefe do Centro de Operações de
Defesa Aérea (CODA), que Acompanhou e Participou dos Bastidores da
História Diante das Telas dos Radares
"
Só não podemos afirmar o que era. Mas, mediante a coincidência de
detecções de radares distintos e, simultaneamente, a detecção do radar
das aeronaves, não podemos negar a existência de algo. Acontece que nós
não tínhamos meios técnicos para verificar visualmente como eram esses
alvos, apesar do contato visual que os pilotos fizeram. Como explicar,
por exemplo, os instrumentos de bordo dos F-5, que ficaram prejudicados
durante o ocorrido? O rádio, porém, não sofreu nada, e a comunicação
pode ser mantida o tempo todo. Havia, inclusive, as fitas com as
conversas entre controladores e pilotos. Elas foram exaustivamente
analisadas. Foi feito também um relato, na época, mas não posso afirmar
onde as fitas se encontram agora. Provavelmente nem existam mais.
|
Foto do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) |
Quando eu deixei o cargo de Chefe do CODA, as investigações já tinham
sido encerradas. Analisando como técnico da Defesa Aérea, pois esta era
a função que eu desempenhava, posso dizer que nós só lidamos com a
realidade. Desde que tudo aconteceu, eu sempre confirmei a presença dos
alvos. Se tirarmos a conclusão de análise técnica, mesmo depois de
avaliar a fita do radar de Brasília, Santa Cruz e Pico do Couto, em
Petrópolis, é possível verificar que realmente ocorreu uma coisa
estranha. Durante um tempo, o objeto ficava parado no espaço, depois,
desenvolvia velocidades acima de Mach 3. As variações eram algumas vezes
instantâneas, outras gradativas.
Os alvos circundavam as aeronaves e mudavam de direção em relação a
elas. Estes movimentos não permitiram maior aproximação. Tudo o que foi
avistado eram luzes com variações intensas. Eu poderia até dizer, que,
de alguma forma, eles queriam, sim, ser vistos. Então, ainda fica a
incógnita. Que existiu, existiu. O quê? Eu não posso afirmar. Mas
são acontecimentos que marcam a mente das pessoas, porque são fatos
muito incomuns. Eu, com certeza, não vou me esquecer nunca daquele 19 de
maio."
As Principais Notícias de Jornal e as Reportagens que Foram Exibidas por Diversas Emissoras de TV Sobre o Caso na Época
Acho interessante destacar algumas notícias que foram publicadas nos
mais diversos jornais na época em que esse incidente ocorreu, assim como
as reportagens exibidas em emissoras de TV. Confira primeiro algumas
noticíais de jornais:
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Notícia do jornal "O Estado de São Paulo" de 22 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la) |
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Notícia do jornal "O Globo" de 22 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la) |
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Notícia do jornal "Correio Braziliense" de 22 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la) |
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Notícias dos jornais "O Estado de São Paulo" e "Correio Braziliense" de 24 de maio de 1986
(clique aqui e aqui para ampliá-las) |
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Notícia publicada em um jornal não identificado, que relata algumas situações que ocorreram
na noite do dia 19 de maio de 1986 (clique aqui para ampliá-la) |
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Notícia publicada no jornal "Folha de São de Paulo" do dia 24 de maio de 1986 |
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Notícia do jornal "O Globo" do dia 24 de maio de 1986 |
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Notícia do jornal "Folha da Tarde" do dia 22 de maio de 1986 |
Confira agora alguns reportagens que foram exibidas na TV, que ainda podem ser assistidas em canais de terceiros no Youtube:
Jornal
Informação da RTC (Rádio e Televisão Cultura, atualmente TV Cultura) e o
Jornal da Bandeirantes em 1986 (e sim, aparece o William Bonner ainda
apresentando o Jornal da Bandeirantes, uma relíquia):
Jornal da Manchete - Noite Oficial dos OVNIs em 1986:
Programa Fantástico da Rede Globo exibido no dia 25 de maio de 1986 - "Ovnis sobre o Brasil":
Como dissemos anteriormente, o então Ministro da Aeronáutica,
Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, disse em entrevista
coletiva com os pilotos, que o fato seria apurado pelo órgão. Porém o
resultado, mesmo que inconclusivo das investigações, se manteve em
sigilo, sendo considerado classificado (confidencial) até 25 de setembro
de 2009, encontrando-se atualmente disponibilizada fisicamente no
Arquivo Nacional (AN), e também em digitalizado e disponível pelo
Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN).
De qualquer forma em 1986, esse incidente forçou o Tenente-Brigadeiro
Octávio Júlio Moreira Lima a vir a público e reconhecer oficialmente o
fenômeno, pois tal ocorrência fugiu ao controle, saturando as telas de
radar que cobriam o tráfego aéreo dos principais aeroportos e aerovias
do nosso país. Veja algumas declarações dele durante a coletiva de
imprensa realizada no dia 21 de maio de 1986 (uma quarta-feira):
"
Os radares detectaram vários objetos não identificados na área de São Paulo, São José dos Campos e Rio de Janeiro."
"
Não se trata de acreditar ou não. Só podemos dar informações
técnicas, as suposições são várias, tecnicamente eu diria aos senhores
que não temos explicações."
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O Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima faleceu no dia 23 de maio de 2011, aos 84 anos |
"
O radar realmente detecta objetos metálicos, ou
superfícies sólidas, ou massas como nuvens pesadas. Ele reflete. São as
três hipóteses. Na circunstância que ocorreu o fenômeno não havia, o
céu estava totalmente limpo." (considerada a principal declaração do (Tenente-Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima).
Entretanto, uma situação pouco comentada e mencionada seriam as supostas
fotos de "OVNIs" que supostamente foram feitas na noite do incidente, e
que teriam sido tiradas por Adenir Britto, fotojornalista do jornal
ValeParaibano, da cidade São José dos Campos. Ele disse que tirou um
total de 36 fotos, porém o material, assim como os negativos "teriam
sido confiscados pela NASA", isso mesmo que você leu, e nunca mais foi
recuperado. Calma que já vamos explicar essa história.
Vale ressaltar apenas para fins de informação, que em 2010 a publicação
do ValeParaibano no formato jornal foi descontinuada, passando a ser uma
revista mensal, porém continuou usando a marca "ValeParaibano", e um
novo jornal foi fundado com o nome de "O Vale".
As Fotos Tiradas pelo Fotojornalista Adenir Britto dos Supostos "OVNIs" em São José dos Campos
Enquanto os grandes jornais publicavam praticamente o mesmo assunto,
acrescentando apenas algumas poucas informações novas, um jornal do
interior do Estado de São Paulo chamado "ValeParaibano" entraria para
essa história por um motivo muito inusitado. Nesse jornal trabalhavam o
fotojornalista Adenir Britto e a jornalista Iara de Carvalho, que teriam
testemunhado esses pontos luminosos sobre a cidade de São José dos
Campos, sendo que Adenir os fotografou!
Adenir Britto é repórter fotográfico profissional desde 1985, com grande
experiência em fotojornalismo. Trabalhou em jornais, como o
"ValeParaibano" e "Folha de S. Paulo", e na revista Ato. Também foi
editor de fotografia durante 12 anos no ValeParaibano (1997 a 2009) e
chefe de Divisão de Fotografia e Vídeo da Prefeitura de São José dos
Campos (2009 a 2012). Ao longo dos anos, teve fotos publicadas em
grandes jornais, revistas e sites de notícias do país. Atualmente é
proprietário da empresa PhotoUP Brasil.
Enfim, teriam sido publicadas ao menos duas noticias sobre o caso, no
jornal "ValeParaibano", no mês de maio daquele ano, nos dias 20 e 22,
porém encontrei apenas a notícia do dia 22 de maio, e que não mostra as
tais fotos. Só consegui encontrar as fotos publicadas no jornal
"ValeParaibano" em notícias do mês seguinte. Porém, antes de mostrá-las a
vocês, vamos comentar sobre uma matéria publicada em um antigo jornal
da região do Vale do Paraíba, chamado "Vale a Pena", de julho de 2004,
que retrata um pouco como foi aquela noite de Adenir Britto e Iara de
Carvalho. Confira a matéria:
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Matéria do jornal "Vale a Pena", de julho de 2004 |
Ao ler a matéria você repara que Basílio Baranoff cita como se as
imagens tivessem sido tiradas no dia 29 de maio de 1986, ou seja, 10
dias após o incidente envolvendo a perseguição de caças da Força Aérea
Brasileira a "OVNIs" no espaço aéreo brasileiro. Porém, em diversas
notícias e até mesmo em declarações do próprio Adenir Britto para outros
jornais e revistas,
ele afirma que tudo teria acontecido no dia 19 de maio. Portanto, passei a acreditar, que tenha havia uma mera "troca de números" nessa matéria.
Ao entrar em contato com Wagner Ribeiro, proprietário da
página "São José dos Campos Antigamente" no Facebook,
que foi justamente de onde eu retirei essa matéria, ele me informou que
foi meramente um erro de digitação, e que tudo teria ocorrido mesmo no
dia 19 de maio. Portanto,
irei transcrevê-la parcialmente abaixo, adaptando-a para o dia 19, combinado? Fica apenas essa ressalva caso posteriormente seja dito o contrário em algum momento no futuro. Confira:
"
Há 12 anos no ValeParaibano, hoje editor de fotografia, o mineiro de
Conceição do Rio Verde, Adenir Britto, 41, descreveu, em 23 de abril
último, os acontecimentos que envolveram as fotos espaciais que fez: "Em
primeiro lugar, sinto uma grande satisfação em trabalhar e vestir a
camisa do jornal. Me considero da casa, foi meu primeiro emprego, em
1985, contratado pelo editor João Albano para trabalhar no laboratório e
fotografar. Me lembro como se fosse hoje, desde o início do mês de maio
de 1986 foram muitas as notícias sobre aparecimentos de OVNIs em São
José dos Campos. No dia 19 a surpresa foi enorme: dentre as
muitas ligações recebidas, uma, no começo da noite, fez a jornalista
Iara de Carvalho, hoje diretora do Diário de Taubaté, levantar da
redação, se dirigir à varanda e enxergar algumas luzes. Imediatamente
acionou o fotógrafo, eu por sorte. Peguei a máquina e comecei a
fotografar um objeto que se movimentava mudando as cores, jamais havia
visto algo parecido, fiz umas 10 fotos do OVNI que foram publicadas.
Alguns dias depois, na parte da manhã, apareceu no jornal, um americano
chamado JJ Hurtak, que se identificou como cientista da NASA, segundo me
informaram acompanhado de alguém do CTA, queriam dar uma olhada no
material produzido. Quando cheguei na parte da tarde verifiquei que
haviam levado os negativos. Até hoje não recebi nenhuma explicação a
respeito do assunto. Sinceramente, gostaria de conhecer o destino do
material.
O Depoimento da Jornalista Iara de Carvalho:
"Aconteceu no dia 19
de maio de 1986, mais ou menos 21 horas. O telefone da redação do
Jornal ValeParaibano, onde trabalhava, tocou e atendi na minha mesa. Uma
voz masculina afirmou: "tem um disco voador pairando sobre o jornal e
vocês não estão vendo." Sai correndo para o pátio do jornal, olhei pro
céu e vi uma luz branca, forte, parada, sobre o hoje Center Vale
Shopping, um pouco mais à esquerda. Gritei para o fotógrafo Adenir
Britto vir depressa com medo de que não desse mais tempo. Ele veio
rápido, focou a luz e bateu a foto. Não houve tempo para me emocionar ou
ficar deslumbrada.
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"Sai corrento para o pátio do jornal, olhei pro céu e vi uma luz
branca, forte, parada, sobre o hoje Center Vale Shopping, um pouco mais à
esquerda. Gritei para o fotógrafo Adenir Britto vir depressa com medo
de que não desse mais tempo", disse Iara de Carvalho
|
Na verdade, não tive a certeza de que se tratava de um OVNI. Mandei
fazer a foto, se fosse, a chance não seria perdida. Alguns poucos dias
depois, quando cheguei na redação, mais ou menos às 10 horas, soube que
uma pessoa da NASA, acompanhada de alguém do CTA, havia chegado mais
cedo, solicitado as fotos e os negativos, e até comentado que, se não
fosse uma montagem certamente teríamos avistado e fotografado um OVNI.
Ora, a foto era autêntica. O negativo foi levado, segundo soube,
emprestado e não voltou, pelo menos durante o tempo que continuei
trabalhando lá..."
Na matéria ainda foi citado que
a câmera utilizada era uma Nikon com lente teleobjetiva de 500 mm e filme de 6.400 asas, tempo de exposição de 5 segundos. Confira as imagens:
Agora confira trechos de matérias contendo declarações de Adenir Britto que foram publicadas posteriormente:
Trecho da matéria publicada na Revista "ValeParaibano" de 1 de maio de 2011 (Páginas 36 e 37):
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Páginas 36 e 37 da Revista ValeParaibano de 1 de maio de 2011 |
Trecho da notícia publicada no site do jornal "O Vale" em 19 de maio de 2016:
"
Britto trabalhava no jornal ValeParaibano naquela noite, em 19 de
maio de 1986, quando o veículo recebeu mais de 60 telefonemas de pessoas
relatando ter visto luzes estranhas no céu da cidade.
Ele foi o
único fotógrafo a documentar as luzes coloridas, que sumiram tão
repentinamente como haviam aparecido depois de oito horas de manobras
inexplicáveis."
Trecho da notícia publicada no site do jornal "Estado de São Paulo" em 19 de maio de 2016:
"
O repórter-fotográfico Adenir Britto, 51, que trabalhava para o hoje
extinto jornal 'ValeParaibano', testemunhou o fato e foi o único
profissional a registrá-lo. 'Estávamos no fechamento de edição, quando
repórteres atendiam ligações de pessoas que diziam estar avistando
'discos-voadores' nos céus de São José dos Campos. De início, não demos
muita importância, pensando se tratar de trotes. Mas o número de
ligações na redação aumentavam , vindo de diferentes regiões da cidade',
disse
'Incrédulos, eu e a jornalista Iara de Carvalho decidimos
ir até o pátio do jornal para conferir. Começamos a olhar para o céu,
quando avistamos luzes multicoloridas que se movimentavam rapidamente em
todas as direções, onde as cores vermelha, amarela e alaranjada
predominavam. O que mais impressionava eram as retomadas de velocidade,
seguidas de uma desaceleração brusca. Vimos que não se tratava de
objetos com interferência humana como balões, aviões e outros. Era
impossível existir invenções humanas capaz de impor tamanha velocidade e
de repente ficar imóvel', relembra Britto.
Segundo ele,
representantes da Nasa, acompanhados por militares do Centro Tecnológico
Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos, levaram os negativos
fotográficos para 'estudos'. O material nunca foi devolvido. O que
restaram foram recortes de jornais da época, com as fotos publicadas."
Trecho da reportagem publicada no "Portal G1" em 19 de maio de 2016:
"
O único registro fotográfico do evento, de um fotojornalista de São
José dos Campos, foi confiscado pela NASA - esse material nunca foi
recuperado. 'À época um cientista que se dizia da NASA foi ao jornal
recolher o negativo desse material para análise. Era o único registro
que tínhamos do que aconteceu naquela noite. Eles nunca devolveram esse
material ou apresentaram um parecer sobre o que a análise das imagens',
contou o fotógrafo Adenir Britto.
Apesar de não ter os filmes
originais das fotos, ele guarda o registro do que foi publicado em preto
e branco na edição do jornal do dia 20 de maio de 1986."
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Enfim, superando essa questão da data em que as fotos foram tiradas,
ainda temos a situação de alguém se dizendo pertencer a NASA, a agência
aeroespacial norte-americana, que foi até a cidade de São José dos
Campos para recolher os negativos de fotos supostamente tiradas no dia
do incidente, e disse que seriam analisadas nos Estados Unidos, porém
esse material nunca mais foi recuperado. Veja as notícias publicadas
pelo ValeParaibano naquela época:
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Notícias publicadas pelo jornal "ValeParaibano" nos dia 22 de maio e 20 de agosto de 1986 |
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Notícia publicada pelo jornal "ValeParaibano" em agosto de 1986 |
O destaque fica por conta da notícia publicada no dia 20 de agosto de
1986 (cerca de 3 meses após o incidente), que tinha o seguinte texto: "
Os
negativos das fotografias feitas pelo jornal Vale Paraibano, de discos
voadores que teriam sido avistados sob os céus de São José dos Campos
nas últimas semanas de maio, vão ser analisados pela NASA. Para pedir
uma cópia delas, o diretor da Technology Marketing Analysis Corporation,
de São Francisco, Califórnia, J.J. Hurtak, passou ontem por São José
dos Campos, rumo aos Estados Unidos. Ele fez revelações à reportagem e
associou a presença de OVNIs à existência de vidas em fases mais
adiantadas, em outros pontos do universo."
A resposta para saber quem era J.J. Hurtak que foi mencionado naquela época, está em
uma postagem do site DefesaNet de 17 de agosto de 2014, onde conta que o norte americano
J.J. Hurtak
(James Joachim Hurtak), é um "cientista social", "especialista em
sensoriamento remoto" e "futurista". O Dr. Hurtak teria sido o primeiro a
"prever os acidentes geográficos piramidais em Marte e liberar os
documentos de filmes reais das pirâmides na região de Elysium de Marte,
em 1973" Ele é mais conhecido por este livro intitulado "O Livro do
Conhecimento: As Chaves de Enoch", no qual no início de 1970, ele
publicou a "relação incomum dos eixos de estrelas na Grande Pirâmide com
o Cinturão de Órion".
J.J Hurtak escreveu e traduziu diversos livros, incluindo comentários
sobre textos místicos e gnósticos antigos. Alguns dos trabalhos de
Hurtak podem ser compreendidos como "metafísica, particularmente com
enfoque a mística na natureza". Ele também desenvolve pesquisas
comparativas sobre o tema da vida extraterrestre. Confira um vídeo que
ele comenta sobre a noite do dia 19 de maio e mostra uma reportagem do
ValeParaibano (em inglês):
Além disso, J.J. Hurtak é fundador da
Academy for Future Science (AFFS). Uma entidade norte americana e ramificada em diversos países, que não diz quem são seus financiadores. Porém, destaca que "
trabalha
para ajudar a melhorar a criatividade futura da humanidade por meio de
explorar as muitas técnicas de manifestações educativas e filosóficas em
um contexto de aprendizagem de programas educacionais para os jovens
nos países em desenvolvimento. Usando ferramentas de multimídia para a
transposição rápida de novas ideias da ciência em várias línguas, o
objetivo da Academia é para fazer melhorias que irão beneficiar a
comunidade mundial através da partilha de conhecimento superior".
No Brasil, a "Academy for Future Science" trabalharia supostamente para "
proporcionar
educação em ciência da computação, engenharia de laser para produtos
médicos e industriais, estudo de sensoriamento remoto ambiental na
Amazônia, e auxiliando na proteção das tribos indígenas, como no Estado
do Acre e do Mato Grosso". De qualquer forma, isso é muito estranho.
A Noite Oficial dos OVNIs Foi Um Evento Isolado?
Há quem diga ainda que a "Noite Oficial dos OVNIs", não foi um evento
isolado. O caso teria feito parte de uma grande "onda ufológica", de
"curta duração", iniciada na segunda metade de maio e que teria se
estendido até meados de junho daquele ano. Os primeiros avistamentos
daquela onda teriam ocorrerido dois dias antes, na noite de 17 de maio
na cidade do Rio de Janeiro. Naquela ocasião, uma testemunha presente na
região do bairro de Jacarepaguá, teria avistado um grande objeto
luminoso, de cor alaranjada, que evoluiu entre 15 e 20 minutos sobre a
região. No dia seguinte, 18 de maio, ocorreu um novo avistamento, também
no Rio de Janeiro. A testemunha, Dra. Ângela Strohscneider, teria
observado, por volta das 3h30 da madrugada, objetos esféricos, de cor
amarela ou dourada, evoluindo em formação, sobre a região do Jardim
Botânico. Algumas horas mais tarde, as 9h12, outra testemunha, Marcelo
Viana, teria observado dois objetos voadores, um em forma de pião,
deslocando-se da região da Tijuca para o Sumaré.
No dia seguinte, 19 de maio, seria a fatídica noite em questão,
testemunhada por militares da Força Aérea Brasileira, pilotos civis e
por diversas testemunhas em terra. No dia seguinte, 20 de maio, diversos
moradores do bairro de Santa Luzia, na cidade de Riberão Pires (ABC
Paulista), observaram objetos desconhecidos no céu. Entre as testemunhas
destas aparições está Carlos Airton da Silva, na ocasião morando na rua
Colorado, que observou, por volta das 20h, uma grande bola luminosa que
mudava de cor, do vermelho para o amarelo, e que se movimentava
continuamente, para a esquerda e para a direita.
Outros inúmeros eventos também teriam sido registrados até meados de junho em diversas cidades do país.
Tivemos também outros avistamentos de OVNIs cujas ocorrências também
foram registradas pela Força Aérea Brasileira naquele mesmo ano, para
acessá-las, basta qualquer pessoa procurar, por exemplo, pela sigla
"ovni" (sem as aspas) no
SIAN.
Uma vez que são inúmeros casos, não publicaremos o conteúdo deles nessa
postagem, porém fica o convite para quem estiver interessado em tais
casos, para que acessem os links mencionados acima.
A
Reportagem da TV Vanguarda, do Programa Fantástico e a Polêmica História
Sobre as Fitas Contendo o Áudio da Noite de 19 de maio de 1986
Finalmente chegamos na parte que a maioria de vocês teve acesso pela
televisão, que basicamente girou em torno de um eventual festival dos
discos voadores ou então de que ao menos um caça da Força Aérea
Brasileira estava preparado para disparar um missel contra um alvo em
seu radar. Aprecio muito fornecer a vocês uma espécie de "mapa da
notícia", e mostrar o caminho trilhado até culminar em um determinado
ponto, que nesse caso foi essa reportagem exibida no Fantástico, em 22
de maio desse ano.
Antes
dela foi publicada uma notícia no Portal G1 no dia 19 de maio desse
ano, uma quinta-feira, e assinada pela jornalista Poliana Casemiro, que
pertence a TV Vanguarda. A Vanguarda é uma rede de televisão
regional sediada em São José dos Campos, fundada em 2003 por José
Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o "Boni", sendo que é afiliada da Rede
Globo. Ela transmite sua programação para todo o Vale do Paraíba e
Litoral Norte do Estado de São Paulo, possuindo duas geradoras, uma em
São José dos Campos, onde fica a sua sede, e outra em Taubaté, além de
mais de 50 retransmissoras.
A matéria citava o consultor da revista UFO, Renato Mota, dizendo que o
aparecimento foi o maior contato de vida inteligente fora da Terra com
humanos. "
São 130 bilhões de estrelas. Achar que só a Terra é
habitada é egoísmo. Hoje a questão não é mais se existe vida fora da
Terra, já sabemos. A questão agora é quando eles vão se apresentar", disse Renato.
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Oli Luiz Dors Júnior, astrofísico da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) |
Já para o astrofísico da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), Oli
Luiz Dors Júnior, não há comprovação científica, que afirme que há vida
fora da Terra,
e que a explicação para a noite de 19 de maio foi a passagem de um cometa (ainda vamos chegar nessa parte sobre a passagem do Cometa Halley).
"
Quando entra na atmosfera, o cometa esquenta e emite luz. Isso
explica os pontos brilhantes e a detecção pelo radar, já que tem massa. O
número pode ser explicado pelos meteoros que acabam acompanhando o
cometa", explicou.
Além disso, foi exibida
uma reportagem durante um jornal da própria emissora. Confira o que foi exibido e divulgado em um canal de terceiros no Youtube:
Logo em seguida, no dia 22 de maio, foi ao ar a reportagem realizada
pelo Fantástico, mesclando reportagens e entrevistas da época, com
animações produzidas recentemente. A matéria deu grande ênfase ao então
Segundo-Sargento Sérgio Mota da Silva, controlador da torre do Aeroporto
de São José dos Campos, e o primeiro a informar a respeito dos supostos
OVNIs que estariam sobrevoando a cidade. No entanto, ele preferiu não
mostrar o seu rosto.
Foi justamente de Mota a mais surpreendente revelação da matéria, a de
que tentou fazer contato com os objetos, aumentando e diminuindo a
intensidade das luzes de balizamento da pista de pouso do Aeroporto de
São José dos Campos. O controlador disse que aumentando as luzes, o OVNI
se afastava, e quando as diminuía, o objeto tornava a se aproximar. "
Parecia responder de modo inteligente aos sinais que eu fazia com as luzes da pista",
disse Sérgio Mota. Outro destaque entre os trechos de gravações
exibidas foi a orientação de Brasília a Sergio Mota, dizendo: "
Se alguém perguntar se viu, você não informada nada, viu? Você não viu nada e não sabe de nada".
Outro trecho mostra o diálogo entre o piloto do primeiro caça Mirage
F-103, que decolou da Base Aérea de Anápolis, em Goiás e o controle
aéreo, confirmando o contato visual com um dos OVNIs.
Os diálogos em código deixam claro que o caça chegou a se aproximar do
intruso a ponto de tê-lo dentro do alcance de seus mísseis, porém o OVNI
se afastou em alta velocidade. Ele usa dois termos técnicos para isso: o
primeiro é "caçador passando a rojão" e o segundo é "eu tenho judite
agora".
O termo "
caçador passando a rojão" significa tão somente o
procedimento de armar o missel. Depois, eventualmente você deve
"travar" o alvo, seria como o "led verde" quando você tenta focar com a
lente da câmera, que neste caso seria o "
eu tenho judite agora".
A grande pergunta que fica nesse trecho é se o avião aceitaria travar o
alvo apenas sendo luz, ou seja, em condições normais ele travaria se o
"objeto" tivesse massa.
Confira a reportagem do Fantástico de 22 de maio desse ano, em um canal de terceiros no Youtube:
No dia seguinte, 23 de maio, segunda-feira passada, o assunto ganhou uma
repercussão muito grande, no qual recebemos centenas de pedidos para
que fizessemos essa postagem. É claro que o assunto também iria
repercutir na comunidade ufológica, sendo que não foi bem recebida por
Ademar José Gevaerd, ufólogo e editor da Revista UFO.
Ele fez duras críticas, e inclusive uma espécie de denúncia contra os ufólogos Josef David S. Prado,
presidente da BURN
(sigla para "Brazilian UFO Research Network" ou Rede Brasileira de
Pesquisas Ufológicas, em português) e Edison Boaventura Júnior,
presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) e Diretor de Pesquisa de
Campo da BURN, que participaram ativamente para a liberação gratuita dos
áudios gravados entre pilotos, controladores de voo e operadores de
rádio naquela noite.
Veja o que Ademar Gevaerd postou em sua conta no Facebook, no 23 de maio:
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Postagens de Ademar José Gevaerd, ufólogo e editor da Revista UFO, em sua conta no Facebook |
Evidentemente não entraremos no mérito dessa questão, cada um tem seus
motivos para realizar seus desabafos, e consequentemente arcar com as
reações mais ou menos inflamadas das demais pessoas nos comentários. De
qualquer forma, é importante ressaltar um detalhe. O áudio de 8 fitas
cassetes, de um total de 16 foram disponibilizados em arquivo digital,
pelo próprio SIAN, ou seja, pela internet para que qualquer pessoa
pudesse acessar, em outubro de 2015.
Como Fazer Para Escutar os Áudios Dessas Fitas Cassetes?
Se você quiser conferir nesse momento, basta seguir esse procedimento:
1. Acesse o site:
http://www.an.gov.br/sian/inicial.asp
2. Clique em Multinível - Fundos e coleções do Arquivo Nacional;
3. No item "Nível de Descrição" selecione "Todos os Níveis";
4. No item
"Termos", no campo abaixo da caixa de seleção "contém" escreva "Fita
cassete" (sem as aspas);
5. No item "Período" coloque de 1986 até 1986 (desse jeito mesmo);
6. Clique no botão "Pesquisar".
A pesquisa traz o registro de 8 fitas cassetes de um total de 16. Para
acessar o arquivo desejado, clique no ícone do CD (no canto direito).
Uma nova janela será aberta. Em seguida clique no ícone da "Lupa".
Será aberta a janela com o áudio da gravação escolhida. Simples assim.
Pelo que se sabe essas 8 fitas tratam exclusivamente do caso de 19 de
maio de 1986. As demais apresentam diálogos em outras ocasiões, além de
pesquisas e entrevistas com testemunhas feitas diretamente pela Força
Aérea Brasileira em diferentes episódios.
Segundo o site da Revista Vigília,
a "Lei de Acesso à Informação", editada em 2011, já estabelecia que o
material fosse disponibilizado ao público. Porém, se tratando de
conteúdo multimídia, o acesso estaria longe de ser fácil. Seria preciso
saber o que procurar, especificamente, ir até Brasília para fazer a
busca pessoalmente, e pagar caro para conseguir as cópias. O custo?
Cerca de R$ 30,00 por minuto. Com pouco menos de 13 horas de gravação no total, incluindo as conversas entre controladores e pilotos em diversas ocasiões,
os documentos custariam cerca de 23 mil reais para cada pessoa interessada.
Ao acessar a "
Tabela de Prazos e Valores dos Serviços de Reprodução Realizados Pelo Arquivo Nacional" verifiquei que cópia de um documento sonoro em disco ótico (CD ou DVD) tem um valor de
R$ 10,00
por minuto se o material for utilizado de forma acadêmica ou de
natureza não comercial. O valor de R$ 30,00 é referente ao valor da
cópia para a utilização comercial. Mesmo o valor caindo R$ 10,00 ainda
seria inviável para qualquer pessoa,
pois custaria por volta de 8 mil reais.
|
Os ufólogos ufólogos Josef David S. Prado (à direita), presidente da BURN
(sigla para "Brazilian UFO Research Network" ou Rede Brasileira de
Pesquisas Ufológicas, em português) e Edison Boaventura Júnior (à esquerda),
presidente do Grupo Ufológico do Guarujá (GUG) e Diretor de Pesquisa de
Campo da BURN |
Edison Boaventura Júnior estava negociando a liberação do material com a
Ouvidoria do Arquivo Nacional no Rio de Janeiro, desde abril de 2015.
Ainda segundo esse site, antes mesmo da revisão da "Lei de Acesso à
Informação", ele tinha em seu poder milhares de páginas de documentos
secretos originais vazados da Força Aérea Brasileira ao longo dos anos a
respeito de OVNIs, e já tinha barganhado esses documentos com a
Ouvidoria do Arquivo Nacional.
"
Em 2009 o Edison fez um acordo com a Arquivo Nacional: ele dava
todos os documentos originais pra eles, em troca eles mandariam ao
pesquisador tudo que receberam e viessem a receber sobre OVNIs", disse Josef Prado, que estava cuidando do processo de conversão das gravações para disponibilizar integralmente no
canal do Portal BURN no Youtube.
|
Trecho do ofício que atesta a permuta entre o Arquivo Nacional e o pesquisador Edison Boaventura Jr. |
Sabendo da existência de muitos registros audiovisuais em poder da FAB,
Edison Boaventura Júnior resolveu acionar o acordo pela liberação
pública e gratuita. O comunicado oficial da Coordenação-Regional do
Arquivo Nacional do Distrito Federal (COREG) chegou por e-mail, no dia
22 de outubro de 2015.
"
Informamos que todos os arquivos digitais dos documentos sonoros do
fundo OVNIS estão disponíveis ao público para consulta no Sistema de
Informações do Arquivo Nacional – SIAN. Assim sendo, o compromisso
assumido pelo Arquivo Nacional com o senhor e demais interessados no
tema está concluído. No que tange aos documentos audiovisuais, daremos
uma nova analisada e voltaremos a entrar em contato", informou uma ouvidora chamada Wanda Ribeiro no documento.
|
Email enviado pela ouvidoria do COREG para o pesquisador Edison Boaventura Jr. |
De qualquer forma é difícil dizer quem tem razão, quem tirou vantagem de
quem nessa história ou quem quis criar fama em cima de quem.
Sinceramente, sem desmerecer ninguém, o mais importante que esses áudios
vieram a público, estão disponíveis para qualquer um escutá-los a
qualquer hora do dia, sem precisar se deslocar a Brasília para ouví-los,
e pagar o preço de um carro popular por isso. Penso que no âmbito da
Ufologia o mais importante é realmente a colaboração e a união de
esforços. Não estou na pele de ninguém, e sequer tenho propriedade para
falar sobre, porém vamos pensar apenas no interesse público, e
comemorarmos esse avanço em prol de um interesse comum, que muitos de
nós compartilhamos ainda que não façamos nada por ele.
Enfim, o conteúdo de ao menos 3 fitas, que "aparentemente" seriam as
mais revelantes para o caso, você pode escutar no Youtube, através dos
vídeos postados pelo próprio Canal BURN. Confira!
Parte 1/3 - Código de Referência BR DFANBSB ARX.0.0.691
Parte 2/3 - Código de Referência BR DFANBSB ARX.0.0.692
Parte 3/3 - Código de Referência BR DFANBSB ARX.0.0.693
Enfim, AssombradOs, após tanto conteúdo estamos nos praticamente nos
encaminhando para a parte final dessa postagem. Afinal de contas, após
tanta euforia e alarde por parte da Força Aérea Brasileira, quais
seriam as possíveis explicações para o aconteceu na noite de 19 de maio
de 1986? É justamente isso que vocês vão descobrir a partir de agora!
As
Possíveis Explicações que Surgiram Para os "Fenômenos Luminosos" ou
"OVNIs" que Apareceram nos Radares da Força Aérea Brasileira na Noite de
19 de Maio de 1986
Sem dúvida alguma, o episódio de "Noite Oficial dos OVNIs no Brasil",
teve grande repercussão e ampla cobertura da midia. Graças à isso, o
caso ganhou espaço em jornais do mundo inteiro. Naturalmente, diante de
fatos "assombrosos" e de natureza "desconhecida", especialistas de
diversas áreas foram consultados pelos órgãos de imprensa. Com isso,
surgiu uma verdadeira polêmica para tentar explicar o que havia
acontecido no céu do Brasil naquela noite. Vamos a algumas delas:
Eventos Astronômicos e Anomalias Magnéticas
Entre as explicações mais comuns, oriundas do meio científico, estão as
que envolvem eventos astronômicos, notadamente meteoros, e erros de
interpretação de corpos celestes no céu noturno.
"
São chuvas de meteoros. A Terra passou pela órbita do Halley, onde deixou partículas que agora estão caindo no nosso planeta", disse na época o astrônomo Jacques Danon, então diretor do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
"
O caso de São Paulo é nitidamente uma estrela, provavelmente a
Arcturus, da Constelação do Boeiro; o do Rio de Janeiro seria o planeta
Vênus, ambos revelados nos próprios filmes exibidos na televisão. Podem
estar associados a meteoroides oriundos da passagem do Halley", disse na época o astrônomo José Manoel Luis da Silva.
De fato, em 1986, a população esperava ansiosa pela passagem do cometa
Halley. De acordo com a mídia, fenômeno seria um espetáculo singular.
Nem toda a informação existente sobre cometas já naquela época foi
suficiente: as especulações sobre o perigo que o planeta corria estava
presente no imaginário das pessoas. Dizia-se, por exemplo, que os gases
que compunham a cauda do cometa seriam venenosos e poderiam intoxicar a
população.
Apesar do alarde, aquela passagem do Halley frustrou a população. No
lugar de um astro brilhante com uma grande cauda, o que se viu foi uma
pequena mancha no céu quase imperceptível. Na aparição anterior, em
1910, havia um misto de curiosidade e medo.
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De fato, em 1986, a população esperava ansiosa pela passagem do cometa
Halley. O fenômeno seria um espetáculo singular, de acordo com a mídia.
Apesar do alarde, o Halley frustrou a população. No lugar de um astro
brilhante com uma grande cauda, o que se viu foi uma pequena mancha no céu quase
imperceptível |
Como dissemos, o resultado da exposição na imprensa do Halley gerou uma
grande expectativa na população. O Planetário do Rio de Janeiro ficou
aberto para a observação e recebeu cerca de 10 mil visitantes na semana
da passagem do cometa (entre o final de março e início de abril daquele
ano). Porém, como dissemos, ficou abaixo da expectativa visual para
muitas pessoas.
O grande problema do dia 19 de maio é que os tais "OVNIs" ora
permaneciam estáticos, ora em deslocamento irregular ou em velocidades
que variavam de poucos quilômetros por hora até "15 vezes a velocidade
do som" (Mach 15). Algumas vezes, a variação de velocidade era
instantânea. Também havia alteração abrupta da trajetória, e sem perda
de velocidade. Um dos pilotos declarou ter avistado e captado por radar,
OVNIs que deslocavam-se em movimentos de zig-zag, em alta velocidade.
Uma outra interessante tentativa de explicar o caso foi uma matéria
publicada no jornal "O Estado de São Paulo" de 19 de junho de 1986, que
apontou a responsabilidade para "massas ionizadas". Confira a notícia:
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Matéria publicada pelo jornal "O Estado de São Paulo" em 19 de junho de 1986 |
Confira alguns trechos dessa notícia:
"
Com a repercussão dos objetos voadores não identificados que
apareceram nos céus paulistas na noite de 19 de maio, surgiu a
necesssidade óbvia de esclarecimentos(...)
(...)Na ausência de pronunciamento da Goddard Space Flight Center, os
radioamadores avançados em São Paulo, agregados na BRAMSAT, seção
brasileira da The Radio Amateur Satellite Corporation AM-SAT, compilaram
os fatos que podiam resultar em uma explicação plausível não
relacionada com artefatos espaciais lançados pelo homem(...)
Durante o mês de maio de 1986 a média de fluxo solar em 2,8
Gigahertz, medido diariamente às 17 horas em Ottawa-Canadá, era apenas
de 72,4, corrrespondente a um número Zurich (conhecido também como
número de Wolf em homenagem ao suíço que o originou) de manchas solares
de 12.
Embora este número seja baixo, devido ao fato de nos
encontrarmos atualmente entre o Ciclo 21 e Ciclo 22 de manchas solares
(com periodicidade entre 9 e 13 anos, com média de 11), o que importa,
não é aparentemente o valor médio, mas a sua variação a curto prazo que
provoca pertubações magnéticas, da mesma forma que a variação do fluxo
de elétrons em seu redor, e induz tensões elétricas em outros
condutores.
Já aconteceu no auge do Ciclo solar 21, em novembro de 1979, que a
contagem de manchas solares caiu num período de 18 dias de 383 para 154.
As pertubações magnéticas e ionizações resultaram, também daquela
vez, em boatos sobre discos voadores e outros objetos não identificados.
Neste ano de 1986, o primeiro sinal de irregularidades de fluxo solar
foi observado no dia 8 de fevereiro, quando pertubações na camada
ionosférica 'E' causaram efeitos aurora em quase todos os Estados
Unidos, dando, simultaneamente, condições anormais de propagação em
frequências de VHF e UHF aos radioamadores experimentadores.
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As diversas camadas da Ionosfera
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As pertubações continuaram ao menos até o dia 12 de fevereiro quando
chegaram a interromper a recepção, pela NASA, dos sinais da sonda
interplanetária Voyager-2 e, pela Amsat, do satélite amador OSCAR-10.
Agora, em maio, a pertubação foi mais intensa, com consequências mais
visíveis e até danos físicos em ao menos um satélite. O que houve foi
um aumento de três vezes no número de manchas solares num período de
cinco dias... O número Zurich de manchas solares aumentou entre os dias
15 e 20 de maio proporcionalmente de 7 para 21 (este número não é
contagem direta, mas é proporcional à soma do número de manchas com dez
vezes o número de grupos de manchas)...
(...)Na segunda-feira 19/05, rompeu-se a camada ionizada, que encontre a Terra em forma de esfera(...)
(...)O que é ionização? Por definição, a ionização é o
desdobramento de moléculas em dois ou mais átomos eletricamente
carregados, por exemplo, na ionosfera, pela colisão provocada por
bombardeamento por altas energias. Quando os elétrons estão misturados
com os íons positivos em números aproximadamente iguais entre si, eles
formam um plasma altamente condutivo capaz de refletir até ondas
decimétricas como se fosse objetos metálicos. Estes volumes de plasma
podem ser detectados nas telas dos radares(...)
(...)Simultaneamente com a reflexão de ondas
radioeléticas, as massas ionizadas podem emitir luz pelo efeito
conhecido como efeito autora, podendo ter dado aos pilotos, na noite
clara de segunda-feira, 19/05, a impressão de objetos verdadeiros(...)"
Interessante, não é mesmo? Não sei atestar se realmente essa explicação
condiz com o nível de conhecimento científico que temos hoje em dia ou
até mesmo daquela época. Entretanto, o texto foi publicado por um
radioamador chamado Iwan Thomas Halasz, conhecido por escrever um livro
chamado "
Handbook do Radioamador", único editado em Português, merecedor do prêmio Jabuti em 1994.
Aliás houve uma explicação "parecida" por parte da FAB, quando pressionada pelo ufólogo Rafael Cury em setembro de 1991:
|
Carta do Centro de Comunicação Social do Ministério da Aeronáutica de 11 de setembro de 1991 |
A FAB alegou na época que anomalias magnéticas tinham gerados "plots" nos radares. Porém, chegaram a mencionar que "
todo
o aparato militar de defesa do espaço aéreo foi mobilizado sem que,
efetivamente, fosse feito qualquer contato visual que justificasse a
presença daquele(s) "plot(s)". Algo que aparentemente não condiz com os áudios divulgados desde o ano passado.
Espionagem ou Guerra Eletrônica
Entre as explicações para os eventos da noite de 19 de maio está a de
uma possível espionagem ou guerra eletrônica, levada a cabo pelos
Estados Unidos ou União Soviética.
"
Um país superdesenvolvido resolveu fazer um teste com os radares
brasileiros. Uma manobra onde se coloca diante das telas dos radares
muitos pontos não importantes de chamarizes, ofuscando o sistema de
radares, que deixam os instrumentos militares, a aeronave e o foguete
encobertos. Um conjunto de pequenas aeronaves teleguiadas, as quais usam
pequenos foguetes com uma geometria mais bidimensional, mas plana,
alguma coisa mais fina e leve, com uma propulsão própria e telecomandada", disse Luis Carlos Menezes, então físico da Universidade de São Paulo (USP).
Já Roberto Godoy, especialista em armamento, foi mais além:
"
O Brasil foi espionado por algum país, alguma potência interessada
em fotografar, especialmente o Vale do Paraíba, litoral sul do Rio de
Janeiro e litoral norte de São Paulo. É a região estratégica mais
importante do país: indústria bélica brasileira (primeira em armas do
terceiro mundo), indústria aerospacial, Centro Tecnico Aerospacial,
usina atômica de Angra dos Reis, principal terminal de recebimento de
petróleo (terminal Almirante Barroso em São Sebastião), que faz ligação
direta com a Refinaria da Petrobrás, no Planalto Paulista", disse Roberto Godoy.
"
Uma da aeronaves, repletas de computadores e sensores, soltam cargas
externas para criar confusão eletrônica, saturação e ilusão de ótica no
radar. As cargas são esféricas, cilíndricas e metálicas, que emitem luz
colorida, calor e tem propulsão própria por alguns minutos. Tecnologia
muito avançada, dominada pela União Soviética e pelos Estados Unidos, e
com uma geração de atraso pela Inglaterra e pela França", completou.
"
Não tenho dúvida de que se trata de algo compreensível a luz da
ciência. Não tem nada a ver com objetos extraterrestres. Aviões não
identificados produzem os efeitos semelhantes àqueles que foram
observados. Objetos balísticos atravessaram o céu brasileiro a uma
altitude baixa", disse o então físico da UFRJ, Luis Pinguelli Rosa.
Muitos consideram que os Estados Unidos e a União Soviética tinham
tecnologia, já naquela época, suficiente para fotografar qualquer objeto
de interesse em solo brasileiro, sem correr quaisquer riscos. De
qualquer forma expor desnecessariamente aeronaves de alta tecnologia, em
território desconhecido, geraria custo e em caso de abate de alguma
aeronave, pode resultar sério incidente diplomático. Será que valeria a
pena correr mesmo esse risco?
Outras Sugestões Feitas Naquela Época
Outros cientistas, assim como o físico José Zats, atribuíram o fenômeno a meros reflexos. "
Pelas informações divulgadas, não se pode afirmar que era OVNI. Poderia ser um reflexo", disse José Zats.
Alguns cientistas, mais ponderados, embora não admitissem a existência
dos OVNIs, não os negaram precipitadamente. É o caso dos físicos Mario
Schemberg e Aydano Barreto Carleial, que prestaram declarações neutras a
respeito dos casos.
"
Já ouvi muitos relatos de pessoas que tiveram experiências com
OVNIs. O fato de a Aeronáutica admitir oficialmente OVNIs no céu
brasileiro vai fazer com que se aceite cada vez mais a hipótese dessa
existência", disse Mário Schemberg.
"
Pode ser um OVNI. Como refletiu nas telas do radar deve ser material, mas não sei de que tipo.",
disse Aydano Barreto Carleial, então diretor de programas do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entretanto, havia um consenso
maior por parte das pessoas de que o fenômeno havia sido causado por um
evento atmosférico ou simplesmente falha nos instrumentos.
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