UA-74912227-1 Livros de Romance: comentários sobre filmes
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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Filme um dia perfeito



Se tivesse um reino, os personagens de Um dia perfeito (a perfect day, Espanha, 2015) o trocariam inteiro por um pedaço de corda – mas eles não tem nada além de problemas. 

A começar, justamente, pela corda que arrebentou quando tentavam içar, de dentro de um poço, o cadáver de um sujeito obeso. Quem é o morto, e quem o jogou ali? Não há como descobrir: nos balcãs de 1995, na etapa final da guerra da Bósnia, cada cidadão é uma facção inimiga em potencial. Só a intenção é clara: envenenar o já parco suprimento de água do vilarejo. Mambrú (Benicio Del Toro), B (Tim Robbins) e a novata Sophie (Mélanie Thierry), que compõem o grupo de voluntários encarregados de pescar o defunto, sabem que a tarefa é urgente, mas não fazem ideia de onde encontrar a corda indispensável a sua realização. E os caminhos tortuosos que eles percorrem nas 24 horas seguintes, em busca desse item tão banal, compõem o trajeto emocional do filme extraordinário dirigido pelo espanhol Fernando Léon de Aranoa.

Em várias praças do país, portanto, é boa notícia que Um dia perfeito protagonize uma experiência inédita aqui, embora já corriqueira nos Estados Unidos e na Europa: o filme de Aranoa entrou simultaneamente nos cinemas e na NOV, plataforma de vídeo on demand (VOD). 

Produções independentes poucas vezes conseguem distribuição fora das maiores capitais, o que obriga os expectadores de cidades sem circuito alternativo a esperar crônicas pelo lançamento em VOD, DVD, cabo e, lá no fim do percurso, com sorte, na TV aberta. Os autores da iniciativa, entre os quais a empresa americana Móvil, se dedicam agora a selecionar outros títulos que possam se mostrar atraentes em ambas as formas de exibição.

 Um dia perfeito é uma excelente escolha inaugural. 

Ora cômico, ora trágico e muitas vezes surreal- embora perfeitamente realista- o filme consegue, em seus 105 minutos enxutos e fluidos, desenvolver com riqueza cada um de seus personagens (aos quais se juntam a burocracia impaciente de Olga Kurylenko, o interprete exausto de Fedja Stukan e o menino Nikola, que quer reaver sua bola de futebol), até decantar o que pessoas tão diferentes tem afinal em comum: a certeza de que são sim impotentes mas ainda assim indispensáveis.


FONTE: revista Veja, julho de 2016.


Limpeza étnica e a lenda de Tarzan




Nos primeiros anos do século XX, o tratamento dispensado pelo rei Leopoldo II da Bélgica ao Congo nas quase três décadas que duravam já seu domínio na região eclodiu na forma de escândalo: de despachos de diplomatas ingleses a relatos em livro como o crime do congo, de Arthur Conan Doyle, vinham de todo tipo de fonte as noticias das atrocidades cometidas por Leopoldo no estado privado de 2,6 milhões de quilômetros quadrados que lhe fora concedida em 1885. Leopoldo reivindicara a área como base numa longa lista de ações benemerentes, cujo intuito final seria “elevar” as populações locais. Em vez disso, o rei belga quase as varreu do mapa.

Extraindo marfim, borracha, minérios e diamantes em quantidades gigantescas para vendê-los ao mercado europeu, Leopoldo escravizou os nativos e perpetuou um genocídio. 

Estima-se que entre um quinto e metade da população tenha perecido sob a violência de sua ocupação. O inglês Joseph Conrad fez dessa brutalidade a matéria de uma obra prima da literatura, o coração das trevas. E agora, o diretor David Yates e seus roteiristas se inspiraram nesses mesmos fatos para atualizar um dos personagens mais populares do século XX. 

Em A lenda de Tarzan (The legend of Tarzan, estados unidos, 2016), já em cartaz no país, o homem da selva criado pelo americano Edgar Rice Burroughs em 1912 não mais simboliza a superioridade branca na África. Pelo contrario: o Tarzan vivido por Alexander Skarsgard é agora testemunha consternada da crueldade colonial.

Nas centenas de versões que Tarzan já ganhou, é comum incluir-se alguma passagem que narre seu ajuste à civilização: deixado sozinho na floresta tropical, ainda bebê, com a morte de seus pais após um naufrágio, John Clayton, herdeiro do título de visconde de Greystoke, sobreviveu graças ao amor materno dedicado a ele por uma fêmea de macaco mangani (espécie inventada por Burroughs). 

Criado dentro do bando, crendo-se ele macaco, Tarzan só na juventude travou os primeiros contatos com seres humanos- e o ultimo filme bom de Tarzan, o Graystoke de 1984, com Christopher Lambert, tirava ótimo partido cômico do seu nem sempre suave ingresso a sociedade britânica.
Não é comedia, porém, que o inglês David Yates, diretor de quatro episódios de Harry Potter, tem em mente. É aventura à antiga- romântica e heroica. Aqui, lorde Graystoke já está aclimatado e aristocratizado, beberica chá com o mindinho em riste e, nos salões da sua propriedade, faz bela figura com Jane (a australiana Margot Robbie, aquele espetáculo de loira de O lobo de Wall Street, que logo será vista também como a Arlequina de esquadrão suicida). Mas restam, no visconde, o banzo pela África deixada para trás e uma inquietação de animal enjaulado- e o sueco Skarsgard, além de ser estatuesco e lindo de nocautear, é um ator perito em uma certa melancolia que só se dissipa com a ação (como na série Generation Kill) e nos instintos ferais que se agitam sob a superfície (presentes no seu vampiro nórdico de True Blood, e aqui exemplificados na cena quentíssima em que, vendo Jane pela primeira vez, ele a cheira dos pés à cabeça). Quando os emissários de Leopoldo II o convidam para observar os supostos benefícios do rei ao Congo, ele portanto recusa a viagem, porque sabe que não é o lorde que interessa a eles, mas sim Tarzan que ele tão cuidadosamente reprime.

Um desconhecido, porém o faz mudar de ideia: o americano George Washington Williams, interpretado com graça e prazer por Samuel L. Jackson, precisa de uma fachada para ir ao Congo verificar em pessoa os relatos de escravidão- e proporcionar-lhe essa fachada é o pretexto para que o visconde retorne a África, arranque a gravata e todo o resto da roupa, acaricie leões amigos na savana e pendure em cipós na selva, em resantes que combinam o trabalho de atores num estúdio com imagens captadas no Gabão. A nostalgia acaba rápido: o caviloso Leon Rom (Christoph Waltz, de Batardos Inglórios, em outra variação saborosa dos seus vilões de sotaque teutônico), capataz das atividades de Leopoldo na Bélgica, tem planos nefastos não só para Tarzan como também para Jane.- que na nova personificação, está longe de ser indefesa.
O verdadeiro par de Tarzan aqui, contudo é George Washington Williams, que, aliás, representa um personagem real: negro que lutou pela União na guerra civil, pastor, advogado e jornalista, ele foi um dos primeiros a denunciar a barbaridade de Leopoldo II no Congo, onde esteve em 1890. Como ex-soldado, não é impossível que tivesse a resistência física e a ótima pontaria que Jackson demostra no enredo. Mas é para legitimar o filme que ele está lá: em um Tarzan assim zeloso em corrigir o registro histórico, seria imperdoável que fosse o filho branco da África a lançar luz sobre a infâmia que um negro primeiro se preocupou em averiguar e então alardear.
FONTE: revista Veja, julho de 2016.


trailer




quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Cidade dos amaldiçoados- um dos filmes mais assutadores de John Carpenter


John Carpenter conseguiu produzir uma série de filmes que passaram a se tornar clássicos cult. Alguns deles (Halloween e O Coisa) estão entre os melhores filmes de terror de todos os tempos. Embora seja difícil argumentar que sua produção dos anos 90 não era tão impressionante, ele conseguiu a produzir À Beira da Loucura (In the Mouth of Madness).

O único filme de John Carpenter que é mais esquecido é a cidade dos Amaldiçoados de 1995 que é a reformulação do filme 1960 de mesmo nome baseado no romance de John Wyndham.


O filme de Carpenter gira em torno de uma pequena cidade americana isolada de Midwich, Califórnia. É uma pequena aldeia idílica, curiosamente escondida em algum lugar perto da costa e longe das preocupações da vida na cidade grande.

Um dia, uma força misteriosa permeia através da cidade, deixando todos inconscientes por horas em um momento (levando a algumas mortes acidentais, incluindo um acidente desagradável durante um churrasco). Todo mundo acorda ao mesmo tempo, tonto e confuso, e não é que dez mulheres tornaram-se grávidas ao mesmo tempo.

Nove meses depois, todas as mulheres dão à luz na mesma noite, com a exceção de uma, que gera um natimorto. Os outros bebês são perfeitamente saudáveis. Eles crescem a um ritmo acelerado e rapidamente avançam em inteligência antes de se tornar hostis em relação à cidade.


Eu me considero uma grande fã de Carpenter. Ainda é bastante claro que este não é um dos melhores da Carpenter; no entanto, não é um filme completamente pobre, e é realmente muito eficaz e assustador às vezes.


Como um remake (ou, na verdade, uma re-adaptação), é sólida porque permanece fiel ao enredo do original, mas acrescenta suas próprias torções e idéias. Há uma cena no início, onde o governo desce sobre a cidade de uma maneira quase militante, e vemos a personagem de Alley falar com alguns funcionários do governo misteriosos em um quarto escuro. É assustador, e não estamos temos sequer a certeza se podemos confiar Alley.

Este filme também se diferencia do original com seu retrato austero de violência gráfica. Não é um filme com gore, mas a violência é bastante brutal às vezes e raramente é estilizada. As crianças forçam os adultos da cidade a fazer coisas dementes - eles saltam de penhascos, atirar-se, empalar-se, e alguns até mesmo se transformar em corpos carbonizados. As crianças em si são assustadoras em sua aparência - o uniforme, cabelos descoloridos, olhar combinado com os olhos brilhantes.

O elenco é uma reunião eclética, e não há muitos rostos familiares. Christopher Reeve (em seu último papel antes de seu trágico acidente) é uma liderança sólida. A sub-trama envolvendo ele e uma das crianças (Thomas Dekker) é bem feita por causa da vulnerabilidade de Reeve lá. O resto das personagens parece que está lá para amplificar a contagem de corpos. É divertido ver Mark Hamill como o padre da cidade, embora seja um pouco assustador quando ele empunha uma arma e tem como alvo uma das crianças.


Ainda assim, há algo um pouco errado com o filme, e na maior parte começa com o roteiro, que é um pouco apressado demais, apesar do fato de que três escritores trabalharam nele. A personagem de Alley é especialmente um pouco de misteriosa, já que nunca descobrimos exatamente por que ela está a par de tanta informação do governo. A relação entre Reeve e o caráter de Dekker não são explorados com muita profundidade.

Se tivesse havido um script mais polido e mais convicção para explorar os temas do filme, a trama poderia ser melhor. Os efeitos especiais são um pouco limitados, mas Carpenter consegue criar alguns recursos visuais grotescas utilizando simples câmera O DVD que a Universal lançou ainda é decente. É ótimo ver Reeve em ação, e as crianças pequenas demoníacas muitas vezes fornecem um pontapé de entretenimento, mas há uma valiosa peça do quebra-cabeça faltando a partir deste projeto.




Super herói o filme






A melhor piada no filme paródia Super-herói o filme (Superhero Movie) está no trailer, que deve ser um sinal de que a comédia não é a desconstrução hilariante de adaptações de quadrinhos.
Drake Bell interpreta Rick Riker, um adolescente desajeitado que foi criado por sua tia Lucille (Marion Ross) e tio Albert (Leslie Nielsen) e secretamente apaixonado por sua vizinha Jill Johnson (Sara Paxton).
Depois de ser picado por uma libélula radioativa, Rick ganha os poderes da criatura - exceto por ser capaz de voar. Independentemente disso, ele logo se torna um herói famoso, combatendo os criminosos em todos os lugares e ganhando o amor do público. Ele se torna conhecido como libélula.
Mas quando um vilão chamado ampulheta (Christopher McDonald) descobre a identidade secreta de Rick e tem como alvo a família e amigos de libélula, o herói é forçado a descobrir sua força interior para salvar as pessoas que ama.

Caso você não tenha notado, este ponto do filme soa muito com o filme Homem-Aranha e suas duas sequências - e isso é porque a história de “Super-herói o filme” é praticamente uma cópia idêntica.

Há um momento engraçado do filme, onde Wolverine raspa as pernas com suas garras, Barry Bonds é uma mutante super-humana, e Professor Xavier é negro.

Em última análise, a pior ofensa que “Super-herói o filme” comete é ser sem graça. No filme, há uma facilidade com que algumas pessoas são entretidas por uma piada peido ou piada óbvia. Do início ao fim, o filme é uma imitação do Homem-Aranha que é realmente menos engraçado.

Missão babilônia






Em Missão babilônia (Babylon AD), Toorop (Vin Diesel) viaja de algum lugar da antiga União Soviética para Nova York, na companhia de uma freira (Michelle Yeoh) e uma jovem chamada Aurora (Mélanie Thierry). Aurora é ou algum tipo de arma biológica ou figura messiânica.

O filme é baseado no romance de Maurice G. Dantec.                         

A única coisa explicável sobre "Missão Babilônia" é que ele não foi exibido previamente para os críticos. Nosso julgamento pode ser supérfluo, uma vez que o diretor, Mathieu Kassovitz, já o descreveu publicamente como "pura violência e estupidez."


Sr. Kassovitz culpa 20th Century Fox por comprometer a sua visão política e metafísica - um filme puramente violento e estúpido poderia ter sido uma espécie de Diversão. Este, embora tenha alguns toques de design futurista agradáveis, combina sequências de ação mal executadas.


Mr. Kassovitz pode ganhar o benefício da dúvida para alguns de seus trabalhos anteriores como diretor, ou pelo menos para "La Haine", seu melodrama urbana desconexo de 1995. Por outro lado, ele também é o diretor de "Gothika", um filme que me lembra o filme Missão babilônia.


Pelo menos, tem um elenco interessante: não só Yeoh, uma das grandes estrelas de cinema do mundo, mas também Charlotte Rampling como uma alta sacerdotisa e Gérard Depardieu como um mafioso russo.

A personagem de Diesel é um mercenário tatuado.

O filme tem violência e palavrões.

Capitão América o primeiro vingador - crítica




A nova versão do filme do capitão américa ( estrelado por Chris Evans) foi lançada em 2011 e se chama Capitão América: o primeiro vingador. O filme habilmente gira em torno da "origem" de Capitão América: explicando que ele era de fato um super-herói de quadrinhos propagandista antes de se tornar um herói de verdade. A cena final do filme é bastante brilhante.


Em sua vida de pré-heroi, o Capitão América é Steve Rogers que era um valente, magro, tinha um corpo igual a de uma galinha depenada e desnutrida. Em 1941, Steve está desesperado para alistar-se e lutar contra Adolf. O problema é que ele tem uma série de doenças e seu físico deixa de impressionar.

Em seguida, o Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci), um cientista alemão do posto de recrutamento militar e um refugiado, vê potencial em Steve e o escolhe para usar o soro de super-crescimento experimental que o cientista desenvolveu. E assim as condições estão no lugar para trazer o Capitão América para o mundo.


Steve se torna um herói dinâmico. Espectáculo envolvendo o capitão américa são promovidos por seu comandante, coronel Chester Phillips (Tommy Lee Jones). Steve se apaixona por uma bela mulher de uniforme, Peggy Carter (Hayley Atwell).

Um escudo? Capitão América usa um acessório um tanto ridículo. O escudo equivalia a uma deficiência, como a cegueira do Demolidor.


Steve recebe um traje de super-herói e pressionado a fazer turnê com um grupo de show para arrecadar fundos e até mesmo estrelando uma série filme piegas. Inevitavelmente, o capitão acha isso cansativo e até mesmo humilhante, e precisa de uma maneira mostrar ao mundo que ele pode servir o seu país e lutar contra os nazistas de verdade. O primeiro ato do filme é uma fase inteligente e inventiva - talvez inspirado pelo filme “a conquista da honra”, filme de 2006 de Clint Eastwood, sobre os militares de Iwo Jima que foram forçados a fazer turnê nos Estados Unidos, recriando o momento do hasteamento da bandeira em Iwo Jima para vender bônus de guerra.


Depois, quando o Capitão América se torna um super-herói de verdade, alguns dos tônus ​​musculares do filme se transformam em gordura. Ele tem que lutar contra um vilão nazista chamado Caveira Vermelha, interpretado por Hugo Weaving, que faz parte de um culto SS chamado de Hydra. Esta personagem experimentou o próprio soro que dava força muscular, e isso o transforma em um demônio vermelho com uma ausência nasal igual à de Voldemort. Sotaque alemão de tecelagem parece ser uma homenagem vocal para Christoph Waltz do filme de Tarantino, Bastardos Inglórios. O choque entre o Caveira Vermelha e Capitão América com sua força voluntária internacional está competentemente dramatizada, mas nada mais.


Mas depois vem a parte estranha, em que o Capitão América percebe que seu destino como um super-herói e um funcionário do Estado é mais estranho do que ele poderia ter imaginado. Aqui é onde o filme se torna refrescante, menos saudável do que tudo o que tinha visto antes. O capitão não é perfeito, mas ele é igual a Thor e o Lanterna Verde: ele é super-herói.